sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sobre Covers&Originais: Johnny Cash Series: Hurt (NIN, 1994 / Johnny Cash, 2002) e Personal Jesus (Depeche Mode, 1990) / Johnny Cash, 2002) por Zeca Dom

Johnny Cash é o cara. Ele teve (falecido em 2003) uma carreira extensa e criativa de quase 50 anos e literalmente, centenas de álbuns. A biografia do sujeito é digna de uma estrela pop de grande magnitude, com altos e baixos.


A despeito do fato de ele ser um grande nome (pelo menos no Brasil) associado a Country music (Thessaurus) suas músicas não se restringiram àquele estilo e influenciaram muito das bandas de rock que nós ouvimos – dos mais variados estilos aliás - tais como U2, Nine Inch Nails, Depeche Mode, Reverend Horton Heat, Everlast, Social Distortion e mesmo o nosso Matanza.

Por outro lado, em seu álbum de 2002, American IV: The Man Comes Around, o grande astro vira a mesa, apresentando versões de artistas que ele influenciou. E nestas horas fica claro como muita gente ouvia Cash, e nem todo mundo tinha notado.

Algumas  bandas  parecem pouco prováveis de serem influenciadas por Cash. Digo isto pois, se fosse fazer um texto só sobre as versões de músicas daquele grande artista daria – sem exagero – um pequeno livro. Neste artigo vou me dedicar as que são, para mim, destas não tão óbvias de terem influencias do Cash: NIN e o Depeche Mode. Vamos começar pelos ingleses.


Este grupo de rock, que inicialmente consistia em 3 tecladistas e um vocal, tem diversos elementos de alta tecnologia, tais como por óbvio, o uso de sintetizadores; emplacou diversos sucessos nos anos 80, mas alcançou o grande momento de suas carreiras – que já era notável – na década de 90. Naquele mesmo ano eles lançaram a obra prima 'Personal Jesus':


O que nem todo mundo percebe é que, uma música cheia de sintetizadores pode ser facilmente transposta para uma estrutura simples de violão e voz. Quando isto ocorre ficam óbvias as influências.

A despeito do fato do próprio DM ter feito um outake com a sua versão acústica, ainda em 89, Cash fez a dele e simplesmente tornou-se o outro grande interprete desta composição. O óbvio desta letra: Cash tinha uma relação turbulenta com a cristandade, de idas e vindas a Deus e as anfetaminas e barbitúricos. E, de certo modo, é isto que a 'Personal Jesus' versa:

 You own / 
personal Jesus /
someone to hear your prayers / 
someone who cares…


Já o Nine Inch Nails – NIN tem sua trajetória única.


Pra entender o que o NIN faz é interessante ver e ouvir ao vivo e ter em mente que TODO o som que você ouve é produzido, composto, gravado por um cara só, Trent Reznor. O Nine Inch Nails é rotulada com uma grupo de rock industrial (ver Thessaurus). Apesar do óbvio peso e agressividade, alguns artistas de industrial possuem canções extremamente inspiradas de grande sensibilidade. Que é o caso de 'Hurt' (do disco Downward Spiral de 1994):


Ocorre o seguinte: diz a lenda que, quando Reznor soube que Cash iria gravar 'Hurt', o primeiro ficou meio bolado: não sabia o que esperar da versão do rei do Country. Mas a versão ficou matadora a ponto de muitos acreditarem piamente que 'Hurt' era de autoria do Men in Black (uma das alcunhas de JC). E Trent Reznor descreveu a sensação de ‘perder a namorada’; ou seja, uma vez que ouviu a versão de sua própria composição entendeu que 'Hurt' NÃO MAIS LHE PERTENCIA.

Pra piorar as coisas: a companheira de mais de 35 anos de Cash,  June, que participa do clipe promocional, veio a falecer 3 meses depois da gravação. E o ídolo Cash, falece sete meses depois. (Brrrrrrrrr....!!!!!!!!!!! SINISTRO!)

Por este motivo, não é a toa que muitos dizem que este clipe e esta música foram o epitáfio de Johnny Cash: as imagens linkam o começo e o fim da carreira do grande compositor e cantor. O resultado? Bem dá uma olhada no clipe aí e segure as lágrimas.


Thesaurus

Country Music

Neste artigo, quando falamos de Country, estamos nos referindo a um gênero de musica popular Norte-Americana - especialmente sulista - com elementos de Blues. Para o leigo, associa-se o Country a ‘música de cowboy’ norte americano. Muitos pensam que a música sertaneja brasileira é country cantado em português, mas isto é um ledo engano: o Sertanejo brasileiro tem origens distintas e melodias distintas – apesar de ter alguns elementos em comum tais como duelos de violas e vozes.

Eu gosto muito de pensar o Country como uma música que, ritmicamente parece que você está andando  à cavalo. Sério. Ouça por exemplo este clássico do Cash, 'Folson Prision Blues' e observe o ritmo que a viola imprime:


Industrial

O Industrial enquanto gênero musical pode ser entendido, a grosso modo, como um tipo de som pesado com uma seção de instrumentos de rock (baixo, guitarras) e uma pesada base de equipamentos eletrônicos, produzindo assim, sonoridades super processadas eletronicamente. Ao vivo, bandas de rock industrial podem, eventualmente usar baterias "de verdade", mas elas ainda assim podem ser procesadas com o uso de triggers (ahá! Este estava em outro thesaurus! Dá uma olhada lá!).

Diversos grupos são considerados Industriais (é o caso do próprio NIN, Marylin Mason ou do Filter) ou simplesmente tem fases em suas carreiras como Industrial. Este é o caso por exemplo do Killing Joke em seu álbum Pandemonium (1994). O exemplo de hoje é de um som que eu gosto muito: um projeto paralelo do guitarrista do Limp Bizkit, Wes Borland, chamado Black Light Burns:


Em breve tem mais galera!

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sobre Covers&Originais: Stars (Dubstar, 1995 / Lacuna Coil, 2000)


'Stars' é um single de 1995 de do grupo pop Britânico Dubstar. Este grupo não nos é bastante conhecido no Brasil; mas o que não isenta de dar uma ouvida na beleza melódica dos vocais de Sarah Blackwood e destacar como os limites a música pop podem ser muito tênues. Esta música colocou o Dubstar no mercado americano, laçando aquele grupo para um rápido estrelato.

Além disto, chama a atenção é a inusitada homenagem prestada àquela música por outro grupo, aparentemente beeem distante do pop/alternativo inglês.


O Lacuna Coil é uma banda de Heavy Metal Melódico de Milão/Itália, dos anos 90. O estilão deles aproxima-se de grupos como Evanescence e outros mais pesados, góticos e sombrios grupos europeus. Uma das grandes características do LC reside no poderoso vocal feminino de Cristina Scabbia contrastando com os graves de Andrea Ferro.

Ocorre que Cristina teve uma breve experiência com dance music antes de entrar para o LC e, de lambuja, é uma fã declarada de música dos anos 80 e de discotecas (cá entre nós, o que faz dela uma figuraça...). Isto dá todo sentido ao fato dela ter ouvido o original inglês e ter se apaixonado perdidamente pela composição.


Eles nunca tocaram esta música ao vivo, segundo algumas fontes. Mas eu me pergunto qual seria a melhor versão... Ambas têm belas melodias!

Thesaurus:

Gótico: Rock e Metal.

Uma abordagem sobre este tema para neófitos é retirada da Wiki em português: o Gótico (Rock) seria um subgênero do Post Punk e do Rock alternativo nos anos 80. Tem diversos representantes de peso: Bauhaus, Siuxie and the Banshees, Cure e a minha idolatrada The Sisters of Mercy:


As suas temáticas e climas sombrios, todavia, facilitaram bastante a aproximação daquele som de grupos de heavy metal –  especialmente que também idolatram as trevas. Seria este o caso do Type O Negative:


Outros, como no caso do Evanescence e Lacuna Coil, acrescentam os vocais femininos com acento lírico: produzindo assim uma atmosfera pesada associada a elementos oníricos (em outras palavras, sonhos!). E aí que alguns grupos citados no artigo desta semana têm a sua associação ao Gótico.


Ainda esta semana, mais Covers!!!!!!! Vamo tirá o atraso! Abração!

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Los Hermanos - 24/10/2015

Segundo show dos Los Hermanos que eu vi, primeiro apenas deles, já que o primeiro tinha sido em um festival. É importante deixar claro uma coisa: eu não faço parte da seita dos Los Hermanos. Não piro em cada música e nem canto com olhinho fechado olhando pro céu. Não me emociono com a profundidade das letras e nem sou fã do Marcelo Camelo.

Los Hermanos (fonte: http://www.anhembi.com.br/
show-da-banda-los-hermanos/)
Da banda, prefiro o trabalho mais rock and roll do Amarante. Gosto apenas do primeiro disco, que tem músicas num ritmo mais acelerado, trazendo o ska e o punk rock. Coisas mais adolescentes, coisa que meu espírito ainda deve ser.

Mas como a mulher ama, achei legal dar o ingresso de presente. A cunhada acompanhou e elas, junto com outros amigos, com certeza amaram o show. Eu aproveitei, mas nem tanto. E não só pela banda. Mas pelo fato de que qualquer show no Anhembi, em São Paulo, me tira do sério.

Como sempre, trânsito caótico. Sim, mais uma vez optei por ir de carro, pois o perrengue para chegar quando você está com a energia em alta existe, mas para sair, quando você já está cansado é menor. A fila do estacionamento era gigante e mais uma vez mal organizada. Consegui chegar na entrada rapidamente e depois fiquei na fila do SEM PARAR, pois esqueci a grana para pagar os módicos R$ 40,00 para parar. Ainda bem que agora tem SEM PARAR... Mas olha que coisa boa. Como haveria uma feira de carros antigos no dia seguinte, o estacionamento era dentro do pavilhão do Anhembi. Isso significa que a organização deixou um carro entrando de cada vez e um carro saindo. Apesar de ter me virado bem para entrar, sabia que a saída seria horrível...

A fila para entrada mais uma vez caótica. Eu, que não sou fã, perdi duas músicas. Muitos fãs perderam mais. Só um portão de entrada, mal organizado, seguranças desesperados com a confusão que se armava após o show ter começado, recolha de alimentos mal feita, máquinas de leitura dos ingressos sem funcionar. Enfim, uma beleza.

Lá dentro tudo tranquilo e divertido. Espaço de sobra. E um ponto super positivo. Qualidade do som MUITO boa. Sim, MUITO boa. O palco era bem menor do que normalmente é para as grandes atrações internacionais. A parte ruim disso eram os telões também pequenos. Mas deu para ver o show com conforto, tranquilidade, fácil acesso a bar e banheiro. Neste ponto, parabéns para a organização, pois aguentou bem o melhor público da história da banda, 30 mil pessoas.

O setlist foi:

1. O vencedor
2. Retrato pra Iaiá
3. Além do que se vê
4. Todo carnaval tem seu fim
5. O vento
6. cadê teu suín-?
7. Do sétimo andar
8. Samba a Dois
Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante
(fonte: http://guia.uol.com.br/sao-paulo/
shows/noticias/2015/03/11/los-hermanos-fara-show
-em-sp-em-outubro-ingressos-a-venda.htm
9. Condicional
10. Azedume
11. Pois é
12. Morena
13. Um par
14. O velho e o moço
15. A outra
16. Paquetá
17. Sentimental
18. Primeiro andar
19. Tenha dó
20. Descoberta
21. Deixa o verão - tem vídeo
22. De onde vem a calma
23. Conversa de botas batidas
24. Último romance
25. A flor
26. Adeus você (bis)
27. Anna Júlia (bis)
28. Quem sabe (bis)
29. Pierrot (bis)

Eu com certeza achei melhor do que o primeiro que tinha visto, pois justamente eles tocaram muita coisa do primeiro álbum. Até Anna Júlia rolou! Mas ainda sim, é um show com momentos muito calmos, bailinho. E talvez isso seja melhor para um espaço fechado ou até um show sentado, na minha humilde opinião. E acho que os fãs concordariam. De qualquer forma é sempre bom ver um show bem tocado, bom boa banda e bom som.

Fica aquele vídeo para terminar o post. E desculpa não ter coisa melhor para falar da banda. Não é por não gostar. É por pura falta de conhecimento mesmo. :)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sobre Covers e Originais: 99 Problems (Ice T - 1993 / Jay Z – 2004 / Body Count /2014)


YO!!!!!!!!!

Esta semana vamos falar grosso: sobre três – sim três – músicas barra-pesadíssimas, de dois negões de responsa: Ice T (Mr. Tracy Marrow) e Jay Z ( Shawn Corey Carter).

O primeiro nesta estória, Ice T, é conhecido no Rap como um dos grandes nomes do gangsta rap – uma linha de som bem característica nos anos 90, que tinha uma clara ligação com o submundo do crime. Um dos grandes grupos desta época e que lançou grandes talentos nesta linha de som foi o NWA – abreviação de Niggaz With Attitude – de Los Angeles. Este grupo (que teve caras do naipe de Dr. Dre e Ice Cube, grandes artistas e produtores de Rap da atualidade), por exemplo, diz a lenda, teve um de seus  álbuns bancado por traficantes, lançando um grande sucesso, 'Fuck tha Police': 


Ice T, segundo alguns, vem a encontrar de fato, sua vocação para rapper na cadeia, nos anos 80. O grande álbum – em minha opinião – de gangsta rap de Ice T é, sem dúvida o OG – Original Gangster de 1991. O álbum todo, de cabo a rabo – coloca no chinelo todos os 50 Cents da vida: batidas sinistras, temáticas do submundo tais como uma de minhas preferidas, Bitches 2:


Neste mesmo disco, Ice T apresenta seu outro projeto, de rock pesado, chamado Body Count. De boa, se você nunca ouviu 'BC in tha House', você nunca viu mesmo uma pista de rock vir abaixo. Nesta hora você vê o perigo que é colocar negros tocando rock: é nitroglicerina pura! Living Colour, Killwitch Engage, Jimi Hendrix Experience, e tantos outros estão aí pra formar uma belíssima lista, orgulhosamente, negra, de roqueiros. Mas ouve aí Body Count:


Em um álbum posterior, Home Invasion de 1993, vem outra grande bomba: '99 Problems'. Numa composição que mostra bastante o que é Rap e o que é o gangsta – ou seja, uma letra cantada e falada com um ritmo especifico e falando de mulheres – Ice T responde uma pergunta de seus brothas: por que ele não fala muito de sexo. Aí ele responde, que tem uma amante em cada canto e o que cada uma delas faz de melhor. Aí conclui: So if you are having girl problems, i feel bad for you son / I got 99 problmes and a bitch ain’t one.!

Jay Z, desenvolve outra letra, igualmente genial nos termos do Rap. Uma coisa que o público leigo não sabe, mas já deve ter percebido, é que o Rap tem muito de ‘cópias’ de outros artistas. Uso as aspas porque não são exatamente cópias: são referências de outros artistas e o próprio esquema de composição das músicas são feitas a base de colagens de outros sons. Deste modo você ouve '99 Problems' do Jay Z e é definitivamente outra música, com uma óbvia referência ao Ice T. E se você não gosta, o nêgo manda o recado: If you don’t like my lyrics, you can press fast foward...


Eis que, em 2014, o Body Count – que sempre faz alguma regravação de clássicos do rock, que aliás daria um post só de seus covers – recria esta composição com o peso do Heavy Metal:


Semana que vem tem  mais! Mas antes, uma consideração necessária: não é, obviamente, o objetivo desta coluna discutir questões de gênero associado ao Rap. Mas sim, esta letra é extremamente sexista. O que não significa que concordemos com esta postura, ok?

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sobre Covers&Originais: Head On (Jesus and the Mary Chain – 1989 / Pixies - 1991)

Mudando um pouco o foco de sons pesados, mas mantendo a agressividade, esta semana iremos falar de duas bandas/referência na virada dos 80 para os 90 e o seu inusitado encontro.

A primeira, Jesus and the Mary Chain (JAMC). Particularmente esta é uma das minhas preferidas, de longe. Eles chegam aqui no Brasil lá por 86, mas esta banda escocesa data de 1981. As referências deles eram bastante interesantes: Velvet Underground, Beach Boys e o pop dos anos 60 de Phil Spector (este produtor merece um Thesaurus... dá uma olhada lá no final!). E combinação ficou bombástica: melodias extremamente simples, bonitas... e ladeadas com MUITO, mas MUITO barulho.


E a performance deles não ficava por menos: eles tocavam pouco mais de 20 minutos, parte dele de costas para a plateia. Sem dúvida, eram estilosos. E curiosamente os seus shows eram tido como violentos, a ponto de serem comparados pela imprensa britânca aos Sex Pistols.

O primeiro álbum deles - Psychocandy (1985) era bastante barulhento; o segundo, Darklands – 1987 manteve-se as melodias, limpou-se o barulho e as batidas tribais (ver thesaurus), inserindo-se drumachines (olha lá embaixo!). Já no terceiro, tomaram a forma que muitos vieram a conhecer a banda: Automatic, 1989.


Neste disco, eles pegam a mão de compor e produzir, deixando evidente a paixão deles por belas melodias de voz do pop e blues (como pode se perceber em 'Blues from a Gun'). A mesma obra possui um tesouro escondido no lado B, 'Head On'.


A música tem um andamento acelerado – aliás meio que uma cara de todo o Automatic – e um pré refrão pegajoso:

Makes you want to feel makes you want to try
Makes you want to blow the stars from the Sky

Estes detalhes fazem uma música bombar. Mas as vezes as pessoas não percebem, e então a música não pega; e aí que entram os Pixies.

Os Pixies são uma banda de Boston, Massachussetts de 1986. Enquanto o Reino Unido nos brindava com a sua profícua safra pós–punk e todos os seus subgêneros – com bandas do naipe de Sisters of Mercy, The Cult, The Smiths, Echo and the Bunnymen, dentre  dezenas de clássicos – os Estados Unidos possui um circuito de rock alternativo baseado nas rádios de universidades – as college radios – que ajudavam a cena a se manter e lançar petardos do naipe do REM e Sonic Youth, por exemplo. Existiam muitas outras bandas que muita gente no Brasil só iria escutar lá por 95, graças ao boom de Seattle: Nirvana, Alice in Chains e aquela turma iria chamar a atenção daquele momento extremamente criativo do som alternativo estadunidense. Este cenário propiciou a existência de uma banda do naipe do Pixies: eles tinham umas composições estranhas, com um andamento estranho, misturando espanhol, inglês e um humor ácido das letras do Black Francis.


Depois de dois álbuns absolutamente obrigatórios para qualquer ser humano que se diz apreciador de rock alternativo – Surfer Rosa, 1988 e Doo Little, 1989 - sua consagração como grande banda no Bossanova em 1990, eles lançam um disco mais ‘regular’, o Trompe Le Monde. Regular MUITO entre aspas. Basta você ouvir 'U-mass' pra sacar que os caras estavam longe de serem domados...

Existe uma situação irônica acerca da versão dos Pixies: eles simplesmente não queriam, de jeito nenhum, gravar videoclipes. Só foram convencidos com duas condições: que fosse a música do JAMC e que o clipe todo – áudio, takes etc – fosse gravado ao vivo. Tanto é que o clipe é feito em um take só, sem overdubs (já sabe onde você vai tirar esta dúvida, né?). Um clássico instantâneo, revivendo uma música que já era legal.


Me recordo, a época do lançamento desta versão dos Pixies, a galera da nossa rádio alternativa de Brasília – a Cultura FM - informando que o pessoal do Jesus teria afirmado que a versão dos Pixies ‘era exatamente como a música deveria ter sido feita’. Verdade? Mentira? Ouve aí, ó!

Semana que vem TAMO JUNTO!

Thesaurus:

Batidas Tribais: refere-se a linhas de baterias com predominância de tons graves, associados a ritmos africanos ou indígenas. Entendeu? Não? Pensa então numa linha de bateria tipo do Oludum (sério) ou mais adequado a esta coluna, ouça a linha de tambores de maracatu do Nação Zumbi. Tipo isso. Ocorre que muitas bandas do Pós Punk inglês tinham baterias neste padrão, tais como Comsat Angels ou mesmo o U2.

Drummachines: Baterias eletrônicas. A grande diferença é que você não tem um cara tocando a bateria, mas sim uma programação que faz os sons de baterias. Elas podem parecer com bateria ‘de verdade’ ou serem realmente artificiais. Muitas bandas usam drumachines em suas composições. Aliás merecia um post só sobre elas, pois a lista é grande. O link abaixo é sobre o Le Tigre, onde Johana Fateman mostra como a música 'Deceptacon' é feita com uma Alesis HR18 de 1987.


Overdubs: é uma gravação feita ‘por cima' de outra gravação. No clipe do Pixies todos os sons na gravação ficaram e não foram adicionados mais overdubs, ou seja, gravações posteriores.

Phil Spector: Este aí tem que ter biografia. Nascido em 1939, Phil Spector é conhecido como um grande produtor. Este tipo de sujeito é o cara que ‘lapida’ o som de um grupo ou artista tornando o som dele mais acessível ou vendável. Muita gente acha que somente o talento faz uma banda bombar: é um equívoco. O som de um artista, por si, precisa ter alguns elementos para conectá-lo ao público. Por exemplo: por que as músicas não tem 10 minutos de duração? Isto ocorre por que existe um padrão de tempo para a música ser consumida. E este padrão é estabelecido pelo público e recebe uma mãozinha do produtor. Phil Spector tinha a manha: ele produziu entre 1960 a 65, vinte e cinco hits no top 40 americano. Só que ele não tinha nem 25 anos na época! Criou uma sonoridade. É o caso de 'Be my Baby' das Ronettes. Este padrão o JAMC tentava desesperadamente se inspirar.


Agora este link aqui embaixo possuir TODAS as 75 composições de sucesso do Phil Spector:


Este é o link da semana. Vamo ouvir ae!!!!!!!!!!!!! Abração!

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Sobre Covers&Originais: Helpless: Diamond Head (1979) e Metallica (1987)

Dando continuidade, estávamos falando do Garage Days, álbum de versões gravado pelo Metallica em 1987. Nesta semana, falaremos de outra faixa daquele disco. Esta, por sinal, abre a coletânea, mandando ripa – 'Helpless', orginalmente gravada pelo grupo britânico Diamond Head em 1979.


Acredito ter falado no Thesaurus da semana passada sobre a New Wave Of British Heavy Metal - NWOBHM; mas talvez eu não tenha destacado adequadamente a importância daquela tendência para as variações de sons pesados que viriam nos anos 80 e 90, e especial para grupos que revolucionariam o estilo entre 80 e 85.


A NWOBHM é para os adolescentes de hoje, tida como o Heavy Metal clássico: temas épicos e machões, calças apertadas, couro, guitarras pesadas e solos melódicos. Entretanto o som inglês tem sua importância atestada por manter o metal nas paradas de sucesso na época do aparecimento de seu maior ‘rival’ até então, em matéria de agressividade e barulho. Sim, estou me referindo ao Punk Rock.


Não cabe aqui neste artigo defender onde o movimento Punk se apresenta pela primeira vez; no caso é interessante ver o impacto deste movimento na Inglaterra na música pop e mesmo no Heavy Metal norte americano.

O Metal inglês (British Steel como diria o Judas Priest) vai ser ouvido bastante nos Estados Unidos e vai influenciar muitas bandas! Mas em alguns casos, esta audição incluía também as novidades trazidas pelo Punk britânico. Então, as bandas americanas desenvolvem algumas variações interessantes de metal: vão adicionar a velocidade do Motörhead, as temáticas satânicas do Black Sabbath, a sujeira do Punk Rock e as melodias de guitarras do Iron Maiden e do Judas Priest. No que deu?

Tipo: Exodus - banda que lança o guitarrista Kirk Hammet do Metallica:


- e Slayer em sua primeira fase, altamente satanista e rápida, conhecida por alguns como Black Metal:


- Anthrax com seus riffs pesadíssimos e andamento acelerado:


Ou o Metallica que iria trazer à voga um dos grupos menos conhecidos da NWOBHM, o Diamond Head em 'Helpless'!


O Metallica nunca escondeu suas preferências. Sabemos por esta mesma coluna que eles ouviram, MUITO, Motörhead. E eles gostavam de DH a tal ponto que, já haviam gravado outra daquela mesma banda, muito conhecida pelos fãs de primeira hora da banda do Lars Ülrich: 'Am I Evil'.


Ainda esta semana volto com mais uma matéria galera!

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Caetano e Gil - 22/08/2015

Caetano Veloso e Gilberto Gil nunca foram dos meus artistas prediletos. Pela educação musical familiar que eu tive, este nunca foi um tipo de som que era tocado em casa. Com o tempo, Gilberto Gil, com sua aproximação maior do pop, passou a chamar minha atenção em determinados momentos da vida, mas nada que fizesse ele tocar no meu rádio. Até tenho o disco acústico dele no meu computador, mas a verdade é que ele nunca esteve entre os mais tocados por aqui.

Mas a vida passa. Alguns preconceitos vão caindo. Suas prioridades vão mudando. Você se casa e fica sabendo de um show deles e imagina que sua mulher gostaria ir, pois ela sim gosta muito de ambos os artistas. Tentei comprar ingresso sem sucesso para vários dias deste show, mas por sorte, uma amiga com ingressos a mais nos vendeu um par que nos permitiu ver a apresentação no Citibank Hall, em São Paulo.

Eu, sentado, vendo um show de Caetano e Gil. E enquanto via prestava atenção e tudo e me via ali, pensei sobre uma vida toda onde diversos preconceitos musicais meus foram caindo e descobertas foram acontecendo.

Minha formação musical é toda baseada no rock and roll ouvido pelos meus irmãos mais velhos e consequentemente trasladado a mim. Por conta disso era o cara estranho no colégio e na faculdade, apesar de que quanto mais velho eu ia ficando, mais o rock and roll ia ficando mais próximo dos meus amigos também. Na pré-escola fui levado para a diretoria, pois pedi para tocar uma música no pátio da escola que 'Sexo' do Ultraje a Rigor. Tomei um baita esporro e nem sabia o porquê. Mas adorava aquela música... Fui cabeludo, andei só de preto por pouco tempo, andei só de calça outro tempo (rs), usei anéis de caveira pegos "emprestados" da minha irmã, pintei o cabelo. Enfim, toda aquela cena do jovem que quer aparecer.

O tempo foi passando e veio o primeiro ponto fora da curva. Meu pai me levou ao Teatro Nacional de Brasília para ver a Orquestra Filarmônica de Brasília tocar. O primeiro impacto foi forte, mas meus pré-conceitos fincaram pé e eu disse que odiei. No dia seguinte, tendo absorvido aquilo, falei para minha mãe que "pensando melhor", eu tinha gostado do concerto sim.

Anos depois, já na faculdade, amigos me convenceram a ir ao carnaval de Salvador. Depois de muito bater o pé e ser o único que não queria ir, cheguei com uma cara de ** na Bahia, mas saí entendendo que aquela música tinha um propósito (tanto que voltei uma segunda vez). Já morando em São Paulo e a trabalho, vi dois dias seguidos de shows do Chitãozinho e Xororó. Fui trabalhar de cara amarrada, porque sertanejo é algo que até hoje não ouço, mas pude ver no backstage a dedicação e o profissionalismo de um pessoal que está ali fazendo música e passei a ter respeito por qualquer gênero, por mais que eu não aprecie.

Com os anos passei a gostar de música eletrônica, indie rock, a ouvir jazz, blues e assim a vida foi indo... O tempo foi passando, a intolerância foi dando lugar a curiosidade e ao respeito e fui começando a gostar de outras coisas e a respeitar e tolerar e até mesmo, porque não, me divertir com outras. Graças a Deus!

Não posso dizer que saí do show do Caetano e do Gil amando ambos, mas seguramente saí com um respeito muito maior pelos artistas. Ambos são lendas vivas da música e poder estar ali e vê-los apenas na voz e no violão foi de fato um privilégio. O setlist foi:

1. Back in Bahia 
2. Coração vagabundo 
3. Tropicália 
4. Marginália II 
5. É luxo só (música de João Gilberto)
6. É de manha 
7. As camélias do quilombo do Leblon 
8. Sampa 
9. Terra 
10. Nine Out of Ten 
11. Odeio Você 
12. Tonada de Luna Llena (música de Simón Díaz)
13. Eu vim da Bahia 
14. Super Homem (A Canção) 
15. Come prima (música de Tony Dallara)
16. Esotérico - tem vídeo
17. Tres Palavras 
18. Drão 
19. Não Tenho Medo da Morte 
20. Expresso 2222 
21. Toda menina baiana 
22. São João xangô menino 
23. Nossa gente 
24. Andar com fé 
25. Filhos de Gandhi 
26. Desde que o samba é samba 
27. Domingo no parque 
28. A luz de Tieta - tem vídeo
29 .Leãozinho 
30. Three Little Birds (música de Bob Marley)

O show conta com ambos cantando suas músicas e juntos, cantando músicas de um e de outro e claro, composições em que criaram juntos. Confesso que curti mais a parte em que o Gilberto Gil comanda, pois acho suas composições, seu clima, mais pra cima, animado. Mas o Caetano Veloso tem uma profundidade muito forte em suas composições. E como violonistas, ambos dispensam comentários, pois são ótimos.

A platéia formada quase que 100% com fãs da dupla, deu o clima da noite cantando tudo e mais um pouco, batendo palma e gritando em alguns momentos (o que é totalmente desnecessário e deselegante, por mais que a intenção seja fazer um elogio). De qualquer maneira achei uma baita experiência participar deste show. Me abriu mais a cabeça, me fez pensar sobre como a gente evolui nos nossos gostos e claro, curti um belo espetáculo de música. E seguramente ainda tenho um bom caminho pela frente...

Longa vida à MPB brasileira. E parabéns aqueles todos que suportaram e suportam este gênero musical, para que ainda hoje estas duas lendas vivas sigam fazendo um show desta qualidade. Eu só não gostaria de estar na pele deles na hora de escolher o repertório, pois deve ser muito complicado...

Deixo um gostinho do que foi esta noite nos vídeos (já tradicionais!).

- Esotérico


- A Luz de Tieta


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Incognito - 20/08/2015

Incognito no Bourbon Street
Segundo show do Incognito, apresentação número 321 no total. Sem receio de ser repetitivo, mas show bom, som gostoso de ouvir e em um lugar que nunca pouparei elogios, que é o Bourbon Street. Ontem, infelizmente, o esquema de disposição de mesas deixou o público um pouco amontoado e algumas pequenas "confusões" aconteceram, mas nada que atrapalhasse a alegria da noite.

Show com amigos e a mulher é sempre divertido. Mas para ouvir uma boa música e ver uma ótima banda, é ainda melhor. Não vou e nem posso ficar aqui escrevendo muito sobre a banda, o setlist, etc., pois apesar de gostar do trabalho deles, não sou um dos maiores conhecedores como os amigos que me acompanhavam. Mas posso falar de alguns detalhes...

O Bluey (dono da banda!) é a única peça da banda que não muda. Desta vez, em comparação a primeira vez que vi a banda, a formação não mudou muito (teclado, metais e parte dos vocais eram os mesmos), mas a qualidade musical não cai nunca. Impressionante a qualidade dos músicos. Atenção especial para o baixista, Francis Hylton que toca muito, fez um solo maneiríssimo e tira um som rasgado do baixo. Além desse, menção honrosa para o João Caetano, um chinês de Macau, com pais portugueses, que toca como se tivesse crescido na Bahia ou no Caribe. Impressionante!

Junta essa galera toda, como se estivesse fazendo uma jam, com três vocalistas (2 femininos e 1 masculino), é sucesso. A toda a apresentação soma-se o Bluey contando suas histórias de tantos anos dedicados à música, fazendo sempre a plateia rir.

Não só música. Entretenimento. Diversão. Uma ótima noite regada a um som maravilhoso, executada com perfeição por músicos sensacionais. E a conclusão eu deixo para quem lê no vídeo abaixo da música 'I See the Sun', do último disco da banda de 2014, Amplified Soul. Enjoy!

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sobre Covers&Originais: Crash Course in Brain Surgery: Budgie (1974) e Metallica (1987) por Zeca Dom



Eeeee!

Hoje vamos fazer um pequeno especial sobre um álbum de covers do Metallica, lançado em 1987, o Garage Days Re-revisted – não confundir com o Garage INC. de lançado anos depois...

O álbum chegou no Brasil ainda na ressaca do falecimento do grande baixista Cliff Burton, e tinha um playlist meio estranho. Explico: algumas bandas não eram tão conhecidas do público brasileiro – no caso de Diamond Head ('Helpless') e Budgie ('Crash Course in Brain Surgery'); outras não eram exatamente bandas de metal como a 'GreenHell' do Mistfits ou 'The Wait' do post punk inglês do Killing Joke.

Para mim, a grande colaboração deste álbum foi abrir a cabeça de alguns headbangers que insistiam em um tipo ‘puro’ de heavy metal, sem misturas ou referências antigas. Basta você observar que esta mistureba (Crossover para alguns críticos: vide thesaurus no fim do post) já estava acontecendo no punk rock e suas variações mais rápidas e agressivas. Vide, por exemplo, English Dogs, que em 1982 lança um compacto que eu juro, mas juro mesmo, ter lido que o Metallica ouviu: 'To the Ends of the Earth', que é bem parecido – respeitada as óbvias limitações técnicas dos ingleses – com o andamento de 'Kill’em All' do grupo californiano.


Como se vê, só falar deste álbum de 87 daria seguramente o espaço de um mês. Eu decidi me concentrar em dois momentos: 'Crash...' e 'The Wait' (esta última na semana que vem!).

O som do Budgie, possivelmente nem seria conhecido do grande público: foi uma boa banda Galesa da década de 70 que sobreviveu a NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal: Thesaurus!!!!) e veio a ser conhecida por seu riff matador de 'Crash Course Brain in Brain Surgery', que abre esta matéria.

É possível perceber como a música é setentista: observe os agudos (‘gritinhos’, para leigos) do vocalista; os timbres, em especial do baixo.

O Metallica é uma banda dos anos 80 e por consequência, seus integrantes foram influenciados pela década anterior. O blend de influencias deste grupo não se restringiu aos grupos de metal, mas também no punk rock europeu e no hardcore californiano. Isto explica, em parte, como aquela música de anos 70 tornou-se muito mais pesada, mas com acentos mais ‘sujos’ de hardcore na linha do English Dogs:


Semana que vem tem mais, como já prometido!

Thesaurus:

Crossover: cruzamento de estilos: um grande exemplo, pode ser observado na composição 'Walk This Way', originalmente do grupo de Hard Rock setentista Aerosmith. A música fez um enorme sucesso em uma versão crossover de hard rock & rap, com o grupo RUN-DMC (Friedlander de 2002), na metade da década de 80. Considero esta composição um marco para o advento de novas tendências do rock, em especial nas variantes mais pesadas, na retomada das influências negras, que possibilitou a renovação de vários estilos na música pop nos últimos quinze anos. Para os adeptos do Heavy Metal, crossover correspondia na década de oitenta, especialmente o cruzamento de sons do heavy rock com o punk rock ou hardcore. Um bom exemplo seria o grupo californiano DRI que cruza elementos do Heavy Metal e do Hardcore


NWOBHM - New Wave of British Heavy Metal: termo da imprensa inglesa que referia-se a leva de grupos de heavy metal inglês que iriam redimensionar o estilo nos fins dos anos 70 e início dos 80. Dentre as bandas conhecidas no Brasil, destacam-se Iron Maiden, Def Leppard, Saxon e Samson. Esta última foi a banda que revelou o vocalista Bruce Dickson que integraria posteriormente o Iron Maiden.

Vale a pena ouvir. Muito cabeludo que se diz fã do Iron Maiden NUNCA ouviu falar de Samson...

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A Minha Primeira Vez no Teatro Municipal de São Paulo

Porque nem só de rock e pop vive o homem! Porque eu nunca tinha ido ao Teatro Municipal de São Paulo! Porque eu tenho uma mulher que adora me proporcionar novas experiências! Por isso tudo, ganhei de presente de dia dos namorados (dia 12 de junho) um presente que só pude aproveitar no último dia 06 de agosto, quinta-feira: ver um concerto da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo no Teatro Municipal de São Paulo.

O programa do dia era:
Orquesta Sinfônica Municipal de São Paulo
Regente: Christian Arming, austríaco
Solista: Tatjana Vassiljeva, russa - Violoncelo
Obras:
- GUILLAUME LEKEU: Adágio para Orquestra de Cordas (11 minutos)
- EDWARD ELGAR: Concerto para Violoncelo e Orquestra, Op. 85 (30 minutos)
- CÉSAR FRANCK: Sinfonia em Ré Menor  (37 minutos)

A experiência toda começa por ir ao centro de São Paulo, no meio da semana, o que só é comum para quem trabalha por lá. Alguns dos prédios, bem conservados, ficam ainda mais lindos com sua iluminação. Outros, se destacam por estarem abandonados, sujos, pichados, o que é uma pena.

Teatro Municipal de São Paulo
O Teatro Municipal que é lindo por fora, é ainda mais memorável por dentro. Das janelas, portas, lustres, aos detalhes de cada canto do prédio, bem conservado e lindo. Ao entrar os olhos ficam meio chocados e não conseguem parar de olhar para tudo. Infelizmente não houve muito tempo para admiração, pois o concerto já ia começar.

Ao entrar na sala, confesso que esperava que fosse maior, mas é linda. Os balcões são impressionantes! Assentos na 3a fileira. Prontos para ver toda a ação bem de perto.

A primeira parte do concerto, só de cordas foi uma das coisas mais lindas de se ouvir (e ver). Eu costumo ver muito pouco orquestras de música clássica, mas confesso que toda vez que vejo acho lindo o som, pois sempre me parece o som mais límpido e puro que se pode fazer com instrumentos. Os seus ouvidos agradecem, diante da loucura de ruídos do dia a dia, poder ouvir aquilo. O violoncelo nesta obra tinha um tom sombrio, uma coisa linda de ouvir.

Na segunda obra, a solista russa Tatjana Vassiljeva, estava bem na nossa frente. E ver alguém, tocar naquela intensidade, uma peça de 30 minutos, sem partituras, é impressionante. E estar tão perto, poder ver cada movimento, a hora de atacar o instrumento, a hora de acariciá-lo. Ver tudo com tantos detalhes foi brilhante.

Depois do intervalo a terceira obra. 37 minutos. E a chance de ver o regente e reparar nos seus movimentos. Observar cada instrumento. Ver músicos mais novos tocando cada nota com o corpo. Ver músicos mais experientes que mal se movem e só olham a partitura de longe. Ver perfis de pessoas que no dia a dia, você jamais diria que são músicos clássicos, fazendo música.

Não foi apenas uma experiência musical. Foi uma experiência histórica. De sentidos: visão e audição. Mas mais que tudo, foi uma experiência emocional. A música clássica que tem tão pouca presença na minha vida me traz isso. E o Teatro Municipal de São Paulo foi um cenário e tanto para o momento. Para muitos que perguntaram: eu super recomendo! Obrigado pelo presente Marina! :)

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Sobre Covers&Originais: Eye of the Beholder Metallica (1988); Live after Death (2004) por Zeca Dom


O fato é que, definitivamente, este semestre está mais pesado...

Nas duas semanas que se seguem vamos falar um pouco do Metallica, e convenhamos, será um prazer!

Todo mundo conhece o Metallica, né? Aquela banda com álbuns realmente de vulto – como Load (1996) e o Metallica (‘Black Album’ 1991) com megassucessos do naipe de 'Enter the Sandman'.

Todo mundo conhece Metallica? Mais menos. Aquela banda californiana, formada em 1981 que revolucionou o heavy metal, de fato, quando seus integrantes ainda não tinham completado 25 anos, e gravaram o primeiro álbum ainda com espinhas nas caras, entre 1983 e 1986; não, nem todo mundo conhece. Ouve aí embaixo:

Uma música do álbum Kill ‘em All (1983):


e uma do álbum Master of Puppets (1986):


(nem parece aquelas brincadeiras do Load - 1996 e Reload - 1997…).

Isto, senhoras e senhores na década em que o sucesso no mercado norte-americano estava totalmente ligado a divulgação na MTV. Pois bem, o Metallica simplesmente alcançou o sucesso da crítica e de público sem NENHUM videoclipe! Um feito simplesmente assustador.

A estréia em clipe viria em somente 1988, e ainda assim, metendo  o pé na porta em 'One', com imagens assustadoras do filme Johnny Vai a Guerra (Johnny Got His Gun - 1971), no álbum ...And Justice For All do mesmo ano. Podemos falar deste clássico em outra oportunidade. 

Aquele álbum fora muito aguardado pelos fãs e esta expectativa tinha um motivo muito sério: boa parte das composições do Metallica tinham forte influência do baixista Cliff Burton. Este sujeito era uma grande eminência parda da banda, fazendo-se notar em composições que são a cara do Metallica como por exemplo, 'For Whom the Bell Tolls' (1984). Além disso, Mr. Burton tinha um estilo bastante peculiar de tocar, usando distorções e efeitos – um escândalo para alguns guitarristas... - que ajudou a tornar aquela banda californiana realmente grande. Dê uma olhada no link abaixo do 'Ride the Lightning' e aí você repara as espinhas do James Hetfield e o baixo e a presença de Burton!


Só que Cliff Burton morre durante a turnê do Masters of Puppets em 1986, puxando o freio de mão de uma banda em forte ascenção.

Depois do baque, entra no lugar de Burton, Jason Newsted - da banda Flootsam and Jetsam - e eis que chega o álbum de 1988. Lindo. Maravilhoso. As guitarras ousadíssimas! Um timbre único de bateria!

Mas simplesmente, NÃO TEM BAIXO. Simples assim.

Muitas pessoas podem dizer que isto é recalque de baixistas. Mas não. Simplesmente o baixo de Newsted não está audível. Encontrei um link que informava que as linhas acompanhavam a guitarra tornando-a indistinguível. Mas como baixista, eu digo: mesmo assim daria para ouvir. Por este motivo eu apresento a versão do Live After Death, retirada do álbum Metallic Attack: The Ultimate Tribute de 2005. Ouça com calma e ouça depois a do Metallica e vocês vão entender o que digo: A versão do LAD é como a música deveria ter sido gravada. 


Thesaurus:

Distorções e efeitos: muitos leigos não entendem, mas instrumentos musicais de cordas – guitarras e baixos elétricos – podem ter seus sons originais modificados através do uso de Distorções ou Efeitos. Normalmente isto é feito através de pedais – equipamentos que são ativados, dããã... - através dos pés! Segue um link abaixo sobre uso de distorção em baixos elétricos.


Existem grupos que trabalham distorção em baixos, mas usualmente, os baixos são tocados limpos. No Heavy Metal e outros estilos mais experimentais e/ou alternativos, o uso de efeitos e distorções em baixos é mais comum.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Sobre Covers&Originais: Bullet in the Blue Sky - U2 (1987) e Sepultura (2003) por Zeca Dom


Bate e assopra: o nêgo manda ripa na semana anterior e alivia - meio que alivia na verdade - nesta semana. 

A boa de hoje é um som do U2, hoje conhecida como uma megabanda de rock, uma referência aliás, no que no que se refere a este termo: U2 é A grande banda dos grandes espetáculos, megapalcos e o escambau.

                    
Óbvio, nem sempre foi assim. Como eu já tinha dito em nossa matéria sobre Pós-punk, o U2 era uma banda - promissora sem dúvida - dentro de um cenário bem específico. Tem um show deles que eu acho bastante significativo que é o Live at Red Rocks: Under Blood Red Skies de 1983, nos Estados Unidos e eles não eram tão conhecidos, e no fim do show o Bono chama a galera no grito, sem microfone pra continuarem a cantar o o refrão de 40: ‘how long, to sing this song?’ lindo. O Bono é um puta frontman Pós-Punk. ou pelo menos já foi. Não precisava de todo o aparato que o U2 tem para tocar hoje em dia...

 Em 4:29, Olha só:


A música tema desta matéria de hoje é do emblemático Joshua Tree no ano de 1987. Este álbum abre de vez o mercado americano para o grupo irlandês. Sem intenções puristas, o U2 adequa seu estilo de composição extrapolando o Pós-Punk católico de protesto e mantendo ao mesmo tempo suas características. 

Algumas composições do disco tornaram-se grandes clássicos contemporâneos, talvez graças a ousada investida posterior do grupo o filme/álbum Rattle and Hum de 1988. Onde a perfomance arrasadora do grupo, aliada a perfeita edição de imagens coloca o U2  no rol das grandes bandas de nossa época.


A composição é muito boa mesmo. Mas eu não conseguia saber exatamente por que...

Continuando, nós falamos um pouco sobre o Sepultura na semana passada, mas podemos acrescentar mais algumas coisas. Uma delas, é que o ponto alto da criatividade daquela banda em Roots (1996) tomou um baque com a saída de um  de seus dínamos, Max Cavalera ainda naquele ano.

Aqui não é uma coluna de fofocas: o motivo foram desavenças internas envolvendo a esposa do Max - ou pelo menos é o que dizem. O fato é que muitos se perguntaram o que seria do grupo brasileiro mais bem sucedido da história sem seu vocalista, que continuou seu serviço com o pesadíssimo Soufly.


Uma grande surpresa foi a escolha de Derrick Green - um grande negão, fã de Bad Brains (isto sim é curriculo!!!!!!! Ouve aí quando der: hardcore de DC com negros adoradores de Jah! Imagina!) com uma belíssima voz de metal, para substituir o Max Cavalera. Não ficou nada devendo em simpatia e atitude. Depois de alguns álbuns lançados, ainda no susto da saída de Max, o grande grupo brasileiro gravou um EP só de versões chamado Revolusongs em 2003.


O legal deste EP é que tem muitas versões não muito usuais: tipo esta aí de cima do Massive Attack e mesmo Public Enemy!
Mas a bola da vez e o clipe ficaram ao cargo de 'Bullet in a Blue Sky'. E aí o Sepultura matou a charada de por que a música ser tão boa: ela é uma música de Heavy Metal.


Tamo Junto! Té semana!!!!!!

Thesaurus: 

EP - Abreviação de Extended Play de maneira simplificada é um álbum com duração menor e de rotação maior 45 rpm. Não era muito comum no Brasil nos últimos 30 anos, mas utilizado em alguns países como forma de divulgação anterior ao álbum maior - o Long Play ou LP.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Sobre Covers&Originais: Symptom of Universe - Black Sabbath (1975) e Sepultura (1996) por Zeca Dom


Voltando à carga já metendo o pé na porta: 'Symptom of Universe' do Black Sabbath e sua versão da banda brazuca Sepultura!

Black Sabbath, é uma banda muito conhecida por fãs de Rock e, especialmente, pelos fãs de Heavy Metal. Aliás, aquele grupo da cidade inglesa de Birmigham em 1968, tido como um dos "pais" deste estilo de música pesada, juntamente com os megadinossauros do Rock, Deep Purple e Led Zeppelin. Esta versão não é hegemônica, todavia, mas isto já é um outro artigo... o fato é que para muitos conhecedores, estas bandas vão apresentar os elementos característicos do Metal Pesado.

No caso específico do Sabbath, TUDO é referência para o Heavy Metal: as guitarras distorcidas e mais graves – "pesadas" – uma linha de baixo e bateria na mesma linha e andamento lento e, claro, o Ozzy Osbourne como vocalista, ou seja, uma das personificações do rock pesado.


                                 

Depois de alguns albúns realmente clássicos – Black Sabbath, Paranoid, Masters of Reality e o Black Sabbath vol. IV – e com o baixista Geezer Butler e Ozzy tomando LSD por dois anos seguidos, todos os dias, vem ao mundo o quinto álbum Sabotage (1975) com um de seus singles, 'Symptom of Universe'. Uma das grandes características deste álbum, e notável nesta composição foi a tendência ao experimentalismo de riffs e abordagens tendendo ao Rock Progressivo – então em alta. O que não significa que o som daquele álbum fosse leve: é possível observar diversas influências nas diversas variações futuras do Rock Pesado, fosse no apelo épico de 'Supertzar', ou melódico de 'Megalomania' ou mesmo elementos viriam a compor o Thrash Metal e Blues pesado na composição 'Symptom of Universe'.

Esta composição esta mergulhada no ácido lisérgico, como o título indica... mas os elementos de Thrash Metal são uma das grandes colaborações para o futuro do metal e particularmente para o grupo de Minas mais famoso do mundo, alguns anos depois: Sepultura.

Esta bem conhecida banda brasileira, com mais de 20 milhões de discos vendidos no mundo, tem um som característico e com grandes sacadas de originalidade dentro do Heavy Metal, especialmente nas suas variações mais brutais – Thrash Metal. Alcança, em minha opinião seu grande ponto de inflexão em Roots (1996) apresentando novas possibilidades no Metal associado ao peso dos sons indígenas brasileiros. À semelhança do Sabbath em 1975, Roots é igualmente experimental, sendo sem dúvida, um dos mais ousados álbuns de Metal de seu tempo.


A sua versão de 'Symptom of Universe' apresentada na versão brasileira daquele mesmo álbum, pode parecer num primeiro momento óbvia – pois TODAS  as bandas de Metal ouvem e tocam pelo menos uma vez na vida músicas do Sabbath – mas sua abordagem é tão original quanto o Roots: mais primal, com sons, tons e vocais mais agressivos, especificamente com o uso de triggers na bateria e afinações diferenciadas nas guitarras. E por último o Blues no final abrasileirado sem o vocal do Max Cavalera. Uma beleza!

Confere aí, ó:


Thesaurus:

Heavy metal: Grande termo agregador do chamado ‘rock pesado’, que na verdade passou a conter um grande número de variantes como o speed metal, o thrash metal, o black metal e outros: todos são metal.

Trigger: Recurso digital utilizado para modular sons de baterias, modificando assim sua sonoridade original. Dá uma conferida neste vídeo:

sexta-feira, 26 de junho de 2015

19o Cultura Inglesa Festival - 21/06/2015

Depois de alguns anos tentando ir ao Cultura Inglesa Festival, finalmente consegui. Nos anos anteriores foram viagens ou o fato dos ingressos terem esgotado rapidamente que me impediram. Este ano o festival trouxe o The Strypes, que ninguém deve ter visto antes, pois afinal de contas a banda tem integrantes muito novos; Gaby Amarantos, em uma aposta arriscada; e Johnny Marr, que já havia visto no Lollapalooza, mas vale a pena ver de novo, pois é um dos Smiths e porque o festival é grátis.

19o Cultura Inglesa Festival

O Cultura Inglesa Festival vai em 19a edição, este ano realizado no Memorial da América Latina. Não sei se sempre foi assim, mas atualmente é um festival de 30 dias sobre a cultura, adivinhem? Sim, inglesa. E o festival termina com um show ou alguns shows, em um festival de música gratuito, onde ingressos são distribuidos primeiramente a alunos e funcionários da escola e depois ao público em geral, com limite de um ingresso por pessoa. Não tenho filhos, mas já deu vontade de colocar meu filho estudando lá.

Desta vez o hambúrguer foi antes e não depois do festival. Passamos para almoçar no Z Deli, na Rua Francisco Leitão, em Pinheiros, São Paulo, e comi um Black Burger (hambúrguer, molho rôti e tutano). Recomendo super! Como a casa é pequena e fica um pouco cheia, nos atrasamos para comer e consequentemente para chegar no show.

Chegamos com o The Strypes já no palco. Um som simples, bem britânico (eles são irlandeses), mas divertido. A banda formada em 2011, tem integrantes entre 17 e 19 anos, que me diz que a banda deve ter sido montada quando eles tinham 13 anos. Logo, tudo que ouvi da banda me pareceu bastante maduro para a idade dos caras, mas ainda assim você percebe que falta algo.

O setlist foi:

The Strypes
1. Now She's Gone 
2. What A Shame 
3. Best Man 
4. '84 
5. What The People Don't See 
6. Cruel Brunette 
7. I Don't Want to Know 
8. Three Streets 
9. Queen Of The Half Crown 
10. Get Into It 
11. Scumbag City - tem vídeo
12. Mystery Man 
13. Hometown Girls 
14. Blue Collar Jane 
15. Still Gonna Drive You Home 
16. I Need To Be Your Only

Uma banda já produzida na música e no visual. Claramente o líder da banda é o guitarrista Josh McClorey, pois enquanto toda banda está de preto ou cores escuras, o cara está de cores bem vivas, se destacando. Além disso, o vocalista mal fala, sendo que todos os anúncios são feitos pelo guitarrista. Uma dinâmica diferente, estranha, mas é assim que funciona.

Musicalmente o quarteto é bom! Tem uma pegada ainda muito jovem, mas se os caras conseguirem se manter, no futuro podemos ter uma banda bastante interessante, uma vez que o tempo de estrada deve deixar a banda mais madura (só pensei na trajetória do Arctic Monkeys).


Depois de curtir a pegada blues e rock da banda e um pequeno intervalo sem álcool, já que o festival era aberto a todas as idades, chegou a vez de Gaby Amarantos entrar no palco e mostrar seu show dedicado as divas do rock britânico.

O show começou com duas músicas do Queen, categorizando Freddie Mercury como uma diva. Depois foi um misto de músicas britânicas de artistas/bandas como Amy Winehouse, The Smiths, Culture Club e New Order e músicas próprias e de alguns outros estilos, como o funk carioca.

Gaby Amarantos
No que se refere às músicas britânicas, eles foram apresentadas em versões mais rock and roll e algumas outras com a harmonia de guitarrada do Pará, o que não posso negar que criou uma mistura interessante.

O que pegou no show foi a questão da "fularagem", como dito pela própria Gaby Amarantos, criando versões de músicas clássicas com letras bem superficiais e também a apresentando vários funks cariocas. As músicas próprias eram de se esperar e o estilo techno brega já define a artista que ela é, com este estilo reforçado inclusive com convidados como a cantoria Lia Sophia e o guitarrista Manoel Cordeiro, reforçando a importância da cultura paraense na sua apresentação. Mas as versões bobas dos clássicos de fato assassinaram as músicas e criaram alguns momentos desconfortáveis para o público que estava ali e era fã do trabalho original dos artistas britânicos.

De verdade, não foi um show terrível e é preciso tirar o chapéu para o curador que teve coragem de colocá-la no line up do festival, mas acho que um pouco menos de "fuleragem" poderia ter trazido mais respeito daquele público pelo trabalho original dela. No final, sinal de que estamos melhorando, pois nenhuma vaia foi ouvida e muito pelo contrário: muitas palmas foram batidas. Talvez só eu tenho achado "fuleragem" demais!


E depois de mais um intervalo sem álcool, chega ao palco Johnny Marr apresentando seu trabalho solo e do The Smiths, este sim, aguardado pelo público. O setlist foi:

1. Playland 
2. Panic (The Smiths)
Johnny Marr
3. The Right Thing Right 
4. Easy Money - tem vídeo
5. 25 Hours 
6. New Town Velocity 
7. The Headmaster Ritual (The Smiths)
8. Back in the Box 
9. The Messenger 
10. Generate! Generate! 
11. Bigmouth Strikes Again (The Smiths)
12. Candidate 
13. Getting Away with It (cover do Electronic)
14. There Is a Light That Never Goes Out (The Smiths)
15. Stop Me If You Think You've Heard This One Before (The Smiths) (bis)
16. Upstarts (bis)
17. I Feel You (cover do Depeche Mode) (bis)
18. How Soon Is Now? (The Smiths) (bis)

A verdade afinal é que o trabalho solo do Johnny Marr é bom e teve seus momentos fortes, como a música 'Money Money', impulsionada pela 89 FM, a rádio rock de São Paulo. Mas todo mundo quer ouvir The Smiths. É uma energia com um trabalho e êxtase com outro. Uma energia louca. A parte chata de ver um segundo show dele é que algumas surpresas como o cover do Electronic e a introdução de 'There Is a Light That Never Goes Out', deixaram de ser surpresa e tira um pouco daquela perplexidade que te faz arrepiar.

Desta vez além de todas as músicas do The Smiths, o auge ficou pelo encerramento do show no bis com 'How Soon is Now?'. Catarse total.


No final, muitas palmas para o festival por toda a cultura que leva de maneira gratuita, pelo show de encerramento não muito grande, confortável, com boas atrações e ainda por cima, gratuito (vale reforçar!). Nem importou que não houvesse cerveja...