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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sobre Covers&Originais: Johnny Cash Series: Hurt (NIN, 1994 / Johnny Cash, 2002) e Personal Jesus (Depeche Mode, 1990) / Johnny Cash, 2002) por Zeca Dom

Johnny Cash é o cara. Ele teve (falecido em 2003) uma carreira extensa e criativa de quase 50 anos e literalmente, centenas de álbuns. A biografia do sujeito é digna de uma estrela pop de grande magnitude, com altos e baixos.


A despeito do fato de ele ser um grande nome (pelo menos no Brasil) associado a Country music (Thessaurus) suas músicas não se restringiram àquele estilo e influenciaram muito das bandas de rock que nós ouvimos – dos mais variados estilos aliás - tais como U2, Nine Inch Nails, Depeche Mode, Reverend Horton Heat, Everlast, Social Distortion e mesmo o nosso Matanza.

Por outro lado, em seu álbum de 2002, American IV: The Man Comes Around, o grande astro vira a mesa, apresentando versões de artistas que ele influenciou. E nestas horas fica claro como muita gente ouvia Cash, e nem todo mundo tinha notado.

Algumas  bandas  parecem pouco prováveis de serem influenciadas por Cash. Digo isto pois, se fosse fazer um texto só sobre as versões de músicas daquele grande artista daria – sem exagero – um pequeno livro. Neste artigo vou me dedicar as que são, para mim, destas não tão óbvias de terem influencias do Cash: NIN e o Depeche Mode. Vamos começar pelos ingleses.


Este grupo de rock, que inicialmente consistia em 3 tecladistas e um vocal, tem diversos elementos de alta tecnologia, tais como por óbvio, o uso de sintetizadores; emplacou diversos sucessos nos anos 80, mas alcançou o grande momento de suas carreiras – que já era notável – na década de 90. Naquele mesmo ano eles lançaram a obra prima 'Personal Jesus':


O que nem todo mundo percebe é que, uma música cheia de sintetizadores pode ser facilmente transposta para uma estrutura simples de violão e voz. Quando isto ocorre ficam óbvias as influências.

A despeito do fato do próprio DM ter feito um outake com a sua versão acústica, ainda em 89, Cash fez a dele e simplesmente tornou-se o outro grande interprete desta composição. O óbvio desta letra: Cash tinha uma relação turbulenta com a cristandade, de idas e vindas a Deus e as anfetaminas e barbitúricos. E, de certo modo, é isto que a 'Personal Jesus' versa:

 You own / 
personal Jesus /
someone to hear your prayers / 
someone who cares…


Já o Nine Inch Nails – NIN tem sua trajetória única.


Pra entender o que o NIN faz é interessante ver e ouvir ao vivo e ter em mente que TODO o som que você ouve é produzido, composto, gravado por um cara só, Trent Reznor. O Nine Inch Nails é rotulada com uma grupo de rock industrial (ver Thessaurus). Apesar do óbvio peso e agressividade, alguns artistas de industrial possuem canções extremamente inspiradas de grande sensibilidade. Que é o caso de 'Hurt' (do disco Downward Spiral de 1994):


Ocorre o seguinte: diz a lenda que, quando Reznor soube que Cash iria gravar 'Hurt', o primeiro ficou meio bolado: não sabia o que esperar da versão do rei do Country. Mas a versão ficou matadora a ponto de muitos acreditarem piamente que 'Hurt' era de autoria do Men in Black (uma das alcunhas de JC). E Trent Reznor descreveu a sensação de ‘perder a namorada’; ou seja, uma vez que ouviu a versão de sua própria composição entendeu que 'Hurt' NÃO MAIS LHE PERTENCIA.

Pra piorar as coisas: a companheira de mais de 35 anos de Cash,  June, que participa do clipe promocional, veio a falecer 3 meses depois da gravação. E o ídolo Cash, falece sete meses depois. (Brrrrrrrrr....!!!!!!!!!!! SINISTRO!)

Por este motivo, não é a toa que muitos dizem que este clipe e esta música foram o epitáfio de Johnny Cash: as imagens linkam o começo e o fim da carreira do grande compositor e cantor. O resultado? Bem dá uma olhada no clipe aí e segure as lágrimas.


Thesaurus

Country Music

Neste artigo, quando falamos de Country, estamos nos referindo a um gênero de musica popular Norte-Americana - especialmente sulista - com elementos de Blues. Para o leigo, associa-se o Country a ‘música de cowboy’ norte americano. Muitos pensam que a música sertaneja brasileira é country cantado em português, mas isto é um ledo engano: o Sertanejo brasileiro tem origens distintas e melodias distintas – apesar de ter alguns elementos em comum tais como duelos de violas e vozes.

Eu gosto muito de pensar o Country como uma música que, ritmicamente parece que você está andando  à cavalo. Sério. Ouça por exemplo este clássico do Cash, 'Folson Prision Blues' e observe o ritmo que a viola imprime:


Industrial

O Industrial enquanto gênero musical pode ser entendido, a grosso modo, como um tipo de som pesado com uma seção de instrumentos de rock (baixo, guitarras) e uma pesada base de equipamentos eletrônicos, produzindo assim, sonoridades super processadas eletronicamente. Ao vivo, bandas de rock industrial podem, eventualmente usar baterias "de verdade", mas elas ainda assim podem ser procesadas com o uso de triggers (ahá! Este estava em outro thesaurus! Dá uma olhada lá!).

Diversos grupos são considerados Industriais (é o caso do próprio NIN, Marylin Mason ou do Filter) ou simplesmente tem fases em suas carreiras como Industrial. Este é o caso por exemplo do Killing Joke em seu álbum Pandemonium (1994). O exemplo de hoje é de um som que eu gosto muito: um projeto paralelo do guitarrista do Limp Bizkit, Wes Borland, chamado Black Light Burns:


Em breve tem mais galera!

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sobre Covers&Originais: Stars (Dubstar, 1995 / Lacuna Coil, 2000)


'Stars' é um single de 1995 de do grupo pop Britânico Dubstar. Este grupo não nos é bastante conhecido no Brasil; mas o que não isenta de dar uma ouvida na beleza melódica dos vocais de Sarah Blackwood e destacar como os limites a música pop podem ser muito tênues. Esta música colocou o Dubstar no mercado americano, laçando aquele grupo para um rápido estrelato.

Além disto, chama a atenção é a inusitada homenagem prestada àquela música por outro grupo, aparentemente beeem distante do pop/alternativo inglês.


O Lacuna Coil é uma banda de Heavy Metal Melódico de Milão/Itália, dos anos 90. O estilão deles aproxima-se de grupos como Evanescence e outros mais pesados, góticos e sombrios grupos europeus. Uma das grandes características do LC reside no poderoso vocal feminino de Cristina Scabbia contrastando com os graves de Andrea Ferro.

Ocorre que Cristina teve uma breve experiência com dance music antes de entrar para o LC e, de lambuja, é uma fã declarada de música dos anos 80 e de discotecas (cá entre nós, o que faz dela uma figuraça...). Isto dá todo sentido ao fato dela ter ouvido o original inglês e ter se apaixonado perdidamente pela composição.


Eles nunca tocaram esta música ao vivo, segundo algumas fontes. Mas eu me pergunto qual seria a melhor versão... Ambas têm belas melodias!

Thesaurus:

Gótico: Rock e Metal.

Uma abordagem sobre este tema para neófitos é retirada da Wiki em português: o Gótico (Rock) seria um subgênero do Post Punk e do Rock alternativo nos anos 80. Tem diversos representantes de peso: Bauhaus, Siuxie and the Banshees, Cure e a minha idolatrada The Sisters of Mercy:


As suas temáticas e climas sombrios, todavia, facilitaram bastante a aproximação daquele som de grupos de heavy metal –  especialmente que também idolatram as trevas. Seria este o caso do Type O Negative:


Outros, como no caso do Evanescence e Lacuna Coil, acrescentam os vocais femininos com acento lírico: produzindo assim uma atmosfera pesada associada a elementos oníricos (em outras palavras, sonhos!). E aí que alguns grupos citados no artigo desta semana têm a sua associação ao Gótico.


Ainda esta semana, mais Covers!!!!!!! Vamo tirá o atraso! Abração!

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sobre Covers&Originais: Head On (Jesus and the Mary Chain – 1989 / Pixies - 1991)

Mudando um pouco o foco de sons pesados, mas mantendo a agressividade, esta semana iremos falar de duas bandas/referência na virada dos 80 para os 90 e o seu inusitado encontro.

A primeira, Jesus and the Mary Chain (JAMC). Particularmente esta é uma das minhas preferidas, de longe. Eles chegam aqui no Brasil lá por 86, mas esta banda escocesa data de 1981. As referências deles eram bastante interesantes: Velvet Underground, Beach Boys e o pop dos anos 60 de Phil Spector (este produtor merece um Thesaurus... dá uma olhada lá no final!). E combinação ficou bombástica: melodias extremamente simples, bonitas... e ladeadas com MUITO, mas MUITO barulho.


E a performance deles não ficava por menos: eles tocavam pouco mais de 20 minutos, parte dele de costas para a plateia. Sem dúvida, eram estilosos. E curiosamente os seus shows eram tido como violentos, a ponto de serem comparados pela imprensa britânca aos Sex Pistols.

O primeiro álbum deles - Psychocandy (1985) era bastante barulhento; o segundo, Darklands – 1987 manteve-se as melodias, limpou-se o barulho e as batidas tribais (ver thesaurus), inserindo-se drumachines (olha lá embaixo!). Já no terceiro, tomaram a forma que muitos vieram a conhecer a banda: Automatic, 1989.


Neste disco, eles pegam a mão de compor e produzir, deixando evidente a paixão deles por belas melodias de voz do pop e blues (como pode se perceber em 'Blues from a Gun'). A mesma obra possui um tesouro escondido no lado B, 'Head On'.


A música tem um andamento acelerado – aliás meio que uma cara de todo o Automatic – e um pré refrão pegajoso:

Makes you want to feel makes you want to try
Makes you want to blow the stars from the Sky

Estes detalhes fazem uma música bombar. Mas as vezes as pessoas não percebem, e então a música não pega; e aí que entram os Pixies.

Os Pixies são uma banda de Boston, Massachussetts de 1986. Enquanto o Reino Unido nos brindava com a sua profícua safra pós–punk e todos os seus subgêneros – com bandas do naipe de Sisters of Mercy, The Cult, The Smiths, Echo and the Bunnymen, dentre  dezenas de clássicos – os Estados Unidos possui um circuito de rock alternativo baseado nas rádios de universidades – as college radios – que ajudavam a cena a se manter e lançar petardos do naipe do REM e Sonic Youth, por exemplo. Existiam muitas outras bandas que muita gente no Brasil só iria escutar lá por 95, graças ao boom de Seattle: Nirvana, Alice in Chains e aquela turma iria chamar a atenção daquele momento extremamente criativo do som alternativo estadunidense. Este cenário propiciou a existência de uma banda do naipe do Pixies: eles tinham umas composições estranhas, com um andamento estranho, misturando espanhol, inglês e um humor ácido das letras do Black Francis.


Depois de dois álbuns absolutamente obrigatórios para qualquer ser humano que se diz apreciador de rock alternativo – Surfer Rosa, 1988 e Doo Little, 1989 - sua consagração como grande banda no Bossanova em 1990, eles lançam um disco mais ‘regular’, o Trompe Le Monde. Regular MUITO entre aspas. Basta você ouvir 'U-mass' pra sacar que os caras estavam longe de serem domados...

Existe uma situação irônica acerca da versão dos Pixies: eles simplesmente não queriam, de jeito nenhum, gravar videoclipes. Só foram convencidos com duas condições: que fosse a música do JAMC e que o clipe todo – áudio, takes etc – fosse gravado ao vivo. Tanto é que o clipe é feito em um take só, sem overdubs (já sabe onde você vai tirar esta dúvida, né?). Um clássico instantâneo, revivendo uma música que já era legal.


Me recordo, a época do lançamento desta versão dos Pixies, a galera da nossa rádio alternativa de Brasília – a Cultura FM - informando que o pessoal do Jesus teria afirmado que a versão dos Pixies ‘era exatamente como a música deveria ter sido feita’. Verdade? Mentira? Ouve aí, ó!

Semana que vem TAMO JUNTO!

Thesaurus:

Batidas Tribais: refere-se a linhas de baterias com predominância de tons graves, associados a ritmos africanos ou indígenas. Entendeu? Não? Pensa então numa linha de bateria tipo do Oludum (sério) ou mais adequado a esta coluna, ouça a linha de tambores de maracatu do Nação Zumbi. Tipo isso. Ocorre que muitas bandas do Pós Punk inglês tinham baterias neste padrão, tais como Comsat Angels ou mesmo o U2.

Drummachines: Baterias eletrônicas. A grande diferença é que você não tem um cara tocando a bateria, mas sim uma programação que faz os sons de baterias. Elas podem parecer com bateria ‘de verdade’ ou serem realmente artificiais. Muitas bandas usam drumachines em suas composições. Aliás merecia um post só sobre elas, pois a lista é grande. O link abaixo é sobre o Le Tigre, onde Johana Fateman mostra como a música 'Deceptacon' é feita com uma Alesis HR18 de 1987.


Overdubs: é uma gravação feita ‘por cima' de outra gravação. No clipe do Pixies todos os sons na gravação ficaram e não foram adicionados mais overdubs, ou seja, gravações posteriores.

Phil Spector: Este aí tem que ter biografia. Nascido em 1939, Phil Spector é conhecido como um grande produtor. Este tipo de sujeito é o cara que ‘lapida’ o som de um grupo ou artista tornando o som dele mais acessível ou vendável. Muita gente acha que somente o talento faz uma banda bombar: é um equívoco. O som de um artista, por si, precisa ter alguns elementos para conectá-lo ao público. Por exemplo: por que as músicas não tem 10 minutos de duração? Isto ocorre por que existe um padrão de tempo para a música ser consumida. E este padrão é estabelecido pelo público e recebe uma mãozinha do produtor. Phil Spector tinha a manha: ele produziu entre 1960 a 65, vinte e cinco hits no top 40 americano. Só que ele não tinha nem 25 anos na época! Criou uma sonoridade. É o caso de 'Be my Baby' das Ronettes. Este padrão o JAMC tentava desesperadamente se inspirar.


Agora este link aqui embaixo possuir TODAS as 75 composições de sucesso do Phil Spector:


Este é o link da semana. Vamo ouvir ae!!!!!!!!!!!!! Abração!

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sobre Covers&Originais: Crash Course in Brain Surgery: Budgie (1974) e Metallica (1987) por Zeca Dom



Eeeee!

Hoje vamos fazer um pequeno especial sobre um álbum de covers do Metallica, lançado em 1987, o Garage Days Re-revisted – não confundir com o Garage INC. de lançado anos depois...

O álbum chegou no Brasil ainda na ressaca do falecimento do grande baixista Cliff Burton, e tinha um playlist meio estranho. Explico: algumas bandas não eram tão conhecidas do público brasileiro – no caso de Diamond Head ('Helpless') e Budgie ('Crash Course in Brain Surgery'); outras não eram exatamente bandas de metal como a 'GreenHell' do Mistfits ou 'The Wait' do post punk inglês do Killing Joke.

Para mim, a grande colaboração deste álbum foi abrir a cabeça de alguns headbangers que insistiam em um tipo ‘puro’ de heavy metal, sem misturas ou referências antigas. Basta você observar que esta mistureba (Crossover para alguns críticos: vide thesaurus no fim do post) já estava acontecendo no punk rock e suas variações mais rápidas e agressivas. Vide, por exemplo, English Dogs, que em 1982 lança um compacto que eu juro, mas juro mesmo, ter lido que o Metallica ouviu: 'To the Ends of the Earth', que é bem parecido – respeitada as óbvias limitações técnicas dos ingleses – com o andamento de 'Kill’em All' do grupo californiano.


Como se vê, só falar deste álbum de 87 daria seguramente o espaço de um mês. Eu decidi me concentrar em dois momentos: 'Crash...' e 'The Wait' (esta última na semana que vem!).

O som do Budgie, possivelmente nem seria conhecido do grande público: foi uma boa banda Galesa da década de 70 que sobreviveu a NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal: Thesaurus!!!!) e veio a ser conhecida por seu riff matador de 'Crash Course Brain in Brain Surgery', que abre esta matéria.

É possível perceber como a música é setentista: observe os agudos (‘gritinhos’, para leigos) do vocalista; os timbres, em especial do baixo.

O Metallica é uma banda dos anos 80 e por consequência, seus integrantes foram influenciados pela década anterior. O blend de influencias deste grupo não se restringiu aos grupos de metal, mas também no punk rock europeu e no hardcore californiano. Isto explica, em parte, como aquela música de anos 70 tornou-se muito mais pesada, mas com acentos mais ‘sujos’ de hardcore na linha do English Dogs:


Semana que vem tem mais, como já prometido!

Thesaurus:

Crossover: cruzamento de estilos: um grande exemplo, pode ser observado na composição 'Walk This Way', originalmente do grupo de Hard Rock setentista Aerosmith. A música fez um enorme sucesso em uma versão crossover de hard rock & rap, com o grupo RUN-DMC (Friedlander de 2002), na metade da década de 80. Considero esta composição um marco para o advento de novas tendências do rock, em especial nas variantes mais pesadas, na retomada das influências negras, que possibilitou a renovação de vários estilos na música pop nos últimos quinze anos. Para os adeptos do Heavy Metal, crossover correspondia na década de oitenta, especialmente o cruzamento de sons do heavy rock com o punk rock ou hardcore. Um bom exemplo seria o grupo californiano DRI que cruza elementos do Heavy Metal e do Hardcore


NWOBHM - New Wave of British Heavy Metal: termo da imprensa inglesa que referia-se a leva de grupos de heavy metal inglês que iriam redimensionar o estilo nos fins dos anos 70 e início dos 80. Dentre as bandas conhecidas no Brasil, destacam-se Iron Maiden, Def Leppard, Saxon e Samson. Esta última foi a banda que revelou o vocalista Bruce Dickson que integraria posteriormente o Iron Maiden.

Vale a pena ouvir. Muito cabeludo que se diz fã do Iron Maiden NUNCA ouviu falar de Samson...

terça-feira, 30 de junho de 2015

Sobre Covers&Originais: Symptom of Universe - Black Sabbath (1975) e Sepultura (1996) por Zeca Dom


Voltando à carga já metendo o pé na porta: 'Symptom of Universe' do Black Sabbath e sua versão da banda brazuca Sepultura!

Black Sabbath, é uma banda muito conhecida por fãs de Rock e, especialmente, pelos fãs de Heavy Metal. Aliás, aquele grupo da cidade inglesa de Birmigham em 1968, tido como um dos "pais" deste estilo de música pesada, juntamente com os megadinossauros do Rock, Deep Purple e Led Zeppelin. Esta versão não é hegemônica, todavia, mas isto já é um outro artigo... o fato é que para muitos conhecedores, estas bandas vão apresentar os elementos característicos do Metal Pesado.

No caso específico do Sabbath, TUDO é referência para o Heavy Metal: as guitarras distorcidas e mais graves – "pesadas" – uma linha de baixo e bateria na mesma linha e andamento lento e, claro, o Ozzy Osbourne como vocalista, ou seja, uma das personificações do rock pesado.


                                 

Depois de alguns albúns realmente clássicos – Black Sabbath, Paranoid, Masters of Reality e o Black Sabbath vol. IV – e com o baixista Geezer Butler e Ozzy tomando LSD por dois anos seguidos, todos os dias, vem ao mundo o quinto álbum Sabotage (1975) com um de seus singles, 'Symptom of Universe'. Uma das grandes características deste álbum, e notável nesta composição foi a tendência ao experimentalismo de riffs e abordagens tendendo ao Rock Progressivo – então em alta. O que não significa que o som daquele álbum fosse leve: é possível observar diversas influências nas diversas variações futuras do Rock Pesado, fosse no apelo épico de 'Supertzar', ou melódico de 'Megalomania' ou mesmo elementos viriam a compor o Thrash Metal e Blues pesado na composição 'Symptom of Universe'.

Esta composição esta mergulhada no ácido lisérgico, como o título indica... mas os elementos de Thrash Metal são uma das grandes colaborações para o futuro do metal e particularmente para o grupo de Minas mais famoso do mundo, alguns anos depois: Sepultura.

Esta bem conhecida banda brasileira, com mais de 20 milhões de discos vendidos no mundo, tem um som característico e com grandes sacadas de originalidade dentro do Heavy Metal, especialmente nas suas variações mais brutais – Thrash Metal. Alcança, em minha opinião seu grande ponto de inflexão em Roots (1996) apresentando novas possibilidades no Metal associado ao peso dos sons indígenas brasileiros. À semelhança do Sabbath em 1975, Roots é igualmente experimental, sendo sem dúvida, um dos mais ousados álbuns de Metal de seu tempo.


A sua versão de 'Symptom of Universe' apresentada na versão brasileira daquele mesmo álbum, pode parecer num primeiro momento óbvia – pois TODAS  as bandas de Metal ouvem e tocam pelo menos uma vez na vida músicas do Sabbath – mas sua abordagem é tão original quanto o Roots: mais primal, com sons, tons e vocais mais agressivos, especificamente com o uso de triggers na bateria e afinações diferenciadas nas guitarras. E por último o Blues no final abrasileirado sem o vocal do Max Cavalera. Uma beleza!

Confere aí, ó:


Thesaurus:

Heavy metal: Grande termo agregador do chamado ‘rock pesado’, que na verdade passou a conter um grande número de variantes como o speed metal, o thrash metal, o black metal e outros: todos são metal.

Trigger: Recurso digital utilizado para modular sons de baterias, modificando assim sua sonoridade original. Dá uma conferida neste vídeo:

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Sobre Covers&Originais por Zeca Dom


Boa volta a todos!!!!!!!! Estamos aí depois de algum tempo. Neste segundo semestre estaremos com algumas novidades para a nossa coluna. A primeira, diz respeito ao Thesaurus: ela virá em anexo a Covers&Originais, de acordo com os termos eventualmente utilizados na mesma matéria. Compreendo que será mais prático ir resolvendo as dúvidas na medida em que elas se apresentarem!

A segunda novidade é mais para organizar meu trabalho. Listei os próximos seis meses de trampo! O que não significa que não possamos aceitar sugestões de nossos leitores. Esta é a nossa terceira novidade: se você gosta de alguma versão e queira saber mais sobre ela, manda um mail pra gente (no caso, pra mim)! kaleeyooga@gmail.com

Voltamos semana que vem. Segue a lista. Vocês verão que temos muita coisa não tão óbvia, outros estilos musicais como EBM (Eletronic Body Music), Future Pop e mais música pesada como Sepultura e Metallica. E olha só que já temos:

1 - Symptom of universe: Black Sabbath / Sepultura
2 – Bullet in the blue sky: U2 / Sepultura
3 – Eye of Beholder: Metallica / Live after Death
Garage days series:
4 – Crash Course in Brain Surgery: Budgie / Metallica
5 – Helpless: Diamond Head / Metallica
6 – Head On: JAMC / Pixies
7 – 99 Problems: Eazy E / Body Count
8 – Stars – Dubstar / Lacuna Coil
Johnny Cash Series:
9 – Hurt: NIN / Johnny Cash
10 – Personal Jesus: Depêche Mode/  Johnny Cash
11 – Sabbath Bloody Sabbath: Black Sabbath / Cardigans
12 – Fame: David Bowie / Duran Duran
13 – Hall of Mirrors: Kraftwerk / Siuxie and the Banshees
14 – Word Up: Camel / Gun / Korn
15 – Money / Twist and shout: Beatles / Backbeat
16 – All tomorrow parties: Velvet Underground / Apoptygma Berzek
17 – Cars – Gary Numam / Fear Factory
18 – In a gadda da vida: Iron Butterfly / Slayer
19 – Come on Eileen: Dexys Midnight Runner / Save Ferris
20 – Born to be Wild: Stepenwolf / The Cult
21 – Ballroom Blitz: Sweet / Krokus
22 – Orgasmatron: Motorhead / Sepultura
23 – Tomorrow Never Kwnows: Beatles / Violeta de Outono
24- Down in the Streets: Stooges / RATM

Tamo Junto!!!!!!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Thesaurus: Punk Rock por Zeca Dom

Achei muito interessante a abordagem que eu dei ao termo Pop, me desenrolando em algumas partes. Torna possível aprofundar minimamente sem cair num simplismo bobo. A sacada desta coluna é falar de música para neófitos, gosto sempre de lembrar. Então, não cabem aprofundamentos acadêmicos ou de fãs. Mas cá entre nós, alguns termos merecem mais dedicação do que outros.

E o termo de hoje é um destes impossíveis de serem abordados em um único post. Então lá vai:

Punk Rock - Silvio Essinger: ‘Um dos fenômenos pop de mais difícil caracterização, o punk carrega em si uma série de contradições. Tido mais de uma vez como o salvador do rock (nas vezes em que este se entregou a à acomodação e ao jogo da indústria fonográfica), ele traz consigo uma carga de negatividade e de contestação do status quo que inviabiliza sua própria sobrevivência – uma vez que se estabelece com fenômeno de massa, já não é mais punk, acabou. Desde o princípio atrelado a mídia (as histórias de violência e ultraje sempre foram um prato cheio, como podemos ver em para tablóides e programas de TV sensacionalistas), o punk no entanto luta para destroçá-la em sua base, em prol de uma cultura pop alternativa, que só passou a existir depois que ele cavou os seus meios ideais de expressão – fanzines, selos fonográficos próprios, redes paralelas de informação e um circuito próprio de shows. Ele é o anti–mainstream.’ (ESSINGER: 1999, p. 20) No plano musical, o punk prima por sua aparente simplicidade, mas de certo modo enganosa. Dizia- se isso por conta de que a maior parte dos músicos punks não serem versados em teoria musical. Já Paul Fridelander (op.cit.) aponta uma certa complexidade nas composições de um dos maiores expoentes do Punk, o grupo Sex Pistols. Esta complexidade também é observável em outros grupos como The Clash, por exemplo. A influência do Punk Rock, particularmente em meu estudo, é considerável, em especial na prática do do it yourself e a influência deste ideário no Rock em Brasília nos anos 80.

Como vocês viram, já temos assunto até o ano que vem. Vamo pro pau!!!!!!! 1, 2, 3, 4!!!!!!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Thesaurus : Pop parte 1 - por Zeca Dom


Simon Frith nos apresenta um franco entendimento da música Pop e indústria do Entretenimento: “O Pop é um processo de constante roubo e imitação. Os músicos, compositores e produtores roubam suas idéias e frases misturando convenções e correndo para utilizar o último brinquedo de tecnologia. O Pop desenvolve-se não só pela criação de expressões, mas também por mantê-las no mesmo universo” (FRITH apud MARTIN: 2002, 05). Caracterizar o Pop tão somente como produção de músicas ‘comerciais’ é muito inocente. Existem vários exemplos de músicas e artistas tidos como comercialmente inviáveis, que por truque do destino, caem nas graças do grande público tornando-se Pop no Mainstream. 

Esta é a definição técnica da coisa.

Mas como ela funciona na prática? O Pop tem um apelo óbvio de popular. Mas qual é a ligação entre Elvis, Iron Maiden e Madonna? É o que vou tentar explicar para vocês em uma pequena sequência de artigos.

Hoje, vou falar brevemente do caso do Rock Clássico e de Elvis. Mas durante as próximas semanas, vou detalhar frase a frase desta definição acima. 


A distância de tempo e no espaço deixa mais ou menos um período razoável para entender o fenômeno pop de Elvis na década de 50, já equacionada por muitos autores. Tem uma coisa que muita gente não se pergunta, mas é meio óbvio: como Elvis se destaca no meio destes caras como Jerry Lee Lewis:


Ou outro pianista, Little Richards:


Ou mesmo Bill Halley:


Um outro autor, Paul Friedlander 'mata' a charada e nos dá uma dica de entender o que é música pop: Bill Halley era muito velho; Little Richards era 'negro demais, louco demais' e gay - em uma época na qual discos de negros eram vendidos com capas com pessoas brancas. Ah sim, e Jerry Lee me fez o favor de casar com a prima de 14 anos, no auge do sucesso.

O Elvis? Bem, a cara dele já diz tudo - além de seu imenso talento, sem dúvida: ele é um grande pacote pronto para ser vendido: bonito, branco, talentoso e claro, cantava e rebolava como um negro. Tanto era, que só podia ser filmado da cintura pra cima, em determinada época de sua carreira.


Agora, primeira grande sacada da música Pop: ela é antes de tudo, um produto a ser vendido. E como todo produto, o pacote deve ser bonito, agradável e dentro dos padrões vigentes. 

Falar de música Pop vai tomar algumas semanas. Até lá!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Thesaurus: Psychoabilly e Rockabilly - por Zeca Dom

Psychoabilly: Literalmente, ‘rockabilly psicótico’, seria uma leitura punk do som clássico dos anos 50. Tem como seu grande expoente, o grupo The Cramps


Rockabilly: chamado também de ‘Rock básico’ ou mesmo de Rock Clássico’, refere-se particularmente aos primeiros grandes sucessos do rock norte americano dos anos 50.


O mesmo termo também foi utilizado para referir-se ao grande revival desta sonoridade no início dos anos 80, como foi o caso dos Stray Cats:

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Thesaurus: Blues - Por Zeca Dom

Hoje, eu Zeca Dom, começo mais uma coluna no Shows, Música e Afins. No Thesaurus, por Zeca Dom, vamos explorar os conceitos e jargões da música, tendo como base alguns trabalhos acadêmicos e literaturas da música. Sejam bem-vindos!

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Vamos dar uma lida neste trecho de crítica musical de autoria de Hermano Viana: 

‘O pop negro contemporâneo, em raros e intensos momentos, cometeu o pecado mais temido por qualquer religião: destruir a fronteira existente entre o sagrado e o profano. Durante toda a primeira metade do século XX, as culturas afro-americanas pareciam distinguir claramente a música divina da música demoníaca. Tanto que vários cantores de blues, no final de suas vidas, se transformaram em reverendos protestantes e passaram a cantar spirituals. Nunca vice-versa.

O soul modifica esta situação. Ray Charles, Sam Cooke e James Brown uniram o gospel ao rhythm and blues, sem cerimônias. Na Jamaica, final dos anos 60, aparece outra combinação explosiva: os cânticos da religião rastafari se unem aos ritmos sedutores do ska e do rock-steady produzindo o reggae. Bob Marley foi o principal artífice e divulgador desta nova música. Devoção ou sacrilégio?' Fonte aqui!

Entendeu? Não? Normal...

A música pop possui o jargão próprio que, as vezes, deixa a gente meio tonto. Conhecer este vocabulário, não é uma condição essencial para se apreciar boa música. Pelo contrário, em música ou a gente gosta da composição ou não. E este é o melhor critério!

Mas os conceitos/rótulos podem tornar nossa apreciação mais divertida nas intermináveis discussões sobre música…

Neste sentido, temos que saber que rótulos em música tem limites muito tênues; é o caso de pop e rock, por exemplo. Agora, quão mais antigo é o rótulo, mais definidos tendem a ser seus limites e artistas. Vamos começar com um rótulo  beeemmm básico. A importância  deste termo  para a música pop hoje é tão vasta, e muita gente não percebe. Quando você pega qualquer composição os traços de Blues estão lá,  e durante nossos textos vou destacá-los para os interessados. Olha aí uma definição:

Blues: A variante rural norte-americana do termo consistia basicamente em composições em sua maioria, de 12 compassos e três acordes, com a repetição do primeiro verso da estrofe duas vezes antes de passar ao terceiro (estrutura A – A – B). A variante urbana iria manter a carga emotiva rural, mas com uma diversificação dos temas, mais urbanos.  

Em outras palavras: a música toda se repete a cada 12 vezes! Sempre!

Ótimo exemplo para começar a semana: