O Planeta Terra é há algum tempo o festival mais confortável do Brasil e com as atrações que vem trazendo, passou a ser um dos principais eventos musicais do ano. Em 2013, em novo local (Campo de Marte, em SP), nova produtora (T4F) e um lineup muito bom (atrações estreando e outras voltando ao Brasil depois de muito tempo), o conforto para ver os shows não mudou na última edição.
Palco Terra |
O Campo de Marte, ao lado do Anhembi (que já recebeu e continua recebendo muitos shows) tem fácil acesso (durante o final de semana, pois o trânsito durante a semana faz tudo ficar mais difícil). Por mais um ano, o festival não ofereceu estacionamento. Por um lado ótimo, incentivando as pessoas a usarem transporte público. Por outro lado, deixando os donos de estacionamento e flanelinhas cobrarem até R$ 50,00 por vaga (até mesmo no meio da rua).
Na entrada, apenas uma fila para aqueles que compraram o MASTERCARD SHOWPASS (modo de ingresso, onde a entrada é o próprio cartão de crédito) e uma pequena demora para aqueles que optaram por facilidade (o contrário do que era visto para os outros meios de entrada).
Uma estrutura de bar muito aquém da necessidade do evento. Filas grandes desde o início do evento para comprar fichas, cardápio só na lateral do caixa e na hora que você chegava para pagar, não sabia exatamente o valor que queria comprar de ficha. Sistema de cartão de crédito fora do ar e muita gente foi pega de calça curta. Filas enormes para pegar cervejas e em algumas barracas de comida.
O som, principalmente no palco Terra, poderia estar melhor. Principalmente no fato de que o som rebatia no camarote VIP (que era lateral ao palco em outras edições e este ano estava de frente).
Ok, parece que foi horrível, né? Mas não! Os shows foram muito bons, o espaço era ótimo, os banheiros muito confortáveis e limpos e a circulação ótima. A entrada e a saída foram muito tranquilas. Existem pontos para melhorar, mas ainda continua sendo, na minha opinião o melhor festival do país (pau a pau com o Lollapalooza), mas que ganha de longe em conforto para ver as atrações.
Travis
Travis no Palco Terra |
Falando dos shows, ao chegar quem estava tocando era o Travis, primeiro show que eu queria ver e que tinha acabado de começar. Vi um pouco e pelo pouco que conhecia, achei que fosse gostar mais. O som dos caras é muito lento, sonolento pra mim, mas bem melódico. Dia lindo, calor de bode, estava com o espírito para algo mais animado e não tão devagar. O setlist foi:
1. Mother
2. Selfish Jean
3. Pipe Dreams
4. Moving
5. Love Will Come Through
6. Driftwood
7. Re-Offender (com vídeo)
8. Where You Stand
9. My Eyes
10. Reminder
11. Writing to Reach You
12. Side
13. Closer
14. Sing
15. Slide Show
16. Blue Flashing Light
17. Turn
18. Flowers in the Window
19. Why Does It Always Rain On Me?
20. Happy
The Roots
The Roots no palco Smirnoff |
Tinha visto os caras em 2005 em Portugal. Depois disso, vi o baterista aparecer em alguns vídeos de uma dupla americana chamada Karmin e mais recentemente a banda toda em vídeos do programa do Jimmy Fallon, onde são residentes. Os caras fizeram um baita show no Planeta Terra.
Os músicos são muito bons e isso permite com que eles façam praticamente tudo que queiram no palco. Tocam suas músicas, fazem versões de outros artistas ('Sweet Child of Mine' do Gund N' Roses, 'Immigrant Song' do Led Zeppelin, 'Welcome to Jamrock' do Damian Marley, entre outras), tocam blues, jazz, hip hop, funk, rock, misturam tudo, improvisam e se divertem.
Solos de teclado (são 2), tuba, percussão e tudo sem parar. Não existe acabar uma música e dar um tempo. Existe acabar uma música e algum músico já estar tocando a base da próxima. Estilo, animação e uma aula de boa música. Parte do setlist foi (faltam as várias pequenas versões que eles tocaram):
"Tuba Gooding Jr" |
1. Table of Contents
2. The Next Movement
3. Proceed
4. What They Do
5. Get Busy / Jungle Boogie
6. Mellow My Man / Break You Off
7. You Got Me
8. Thought at Work
9. How I Got Over
10. Here I Come
11. The Seed / Men at Work
Questlove e Black Thought |
Seguramente o show que eu mais dancei da noite. Mas difícil dizer que foi o melhor, pois o que estava por vir foi de fato surpreendente. E fechar o 'The Seed' foi demais!
E confesso, ver o Questlove, baterista da banda, ao vivo é um espetáculo a parte. Ele é um dos "donos" da banda, um baita músico, jornalista e produtor (só produziu nomes como Elvis Costello, D'Angelo, Erykah Badu, Jay-Z, Nikka Costa, Al Green, Amy Winehouse e John Legend. Tipo, pouca coisa...). Foi uma pena que o seu famoso e tradicional black power com o pente no meio do cabelo estivesse em formato dread, mas foi como ver uma lenda viva tocando.
Lana Del Rey
Lana Del Rey |
Ouço falar dela há tempos, mas confesso que nunca tinha ouvido nada até então. Várias menininhas com flores na cabeça no meio do público demonstravam que existia uma certa adoração de muita gente ali pela cantora.
O show começou e eu consegui reparar nas plantas no palco, nas flores na cabeça dela (ah tá!) e no mini vestido que deixava muita perna de fora (o que me fez chamá-la de Lana Cassoooorra Del Rey). De resto a única coisa que eu tive vontade foi de cortar meus pulsos.
Gosto cada um tem o seu, né? Mas achei o som chaaaaaaaato! Muita performance e pouca música boa pro meu gosto.
A saber, o setlist foi:
1. Cola
2. Body Electric
3. Blue Jeans
4. Born to Die
5. Dark Paradise
6. Young and Beautiful
7. American
8. Without You
9. Knockin' on Heaven's Door (cover do Bob Dylan)
10. Ride
11. Summertime Sadness
12. Video Games
13. National Anthem
Para a minha sorte o próximo show começou 30 minutos após o início do dela e foram apenas estes 30 minutos que vi.
Beck
Beck tocando gaita no palco Smirnoff |
Grande erro! Foi um baita show! As coisas velhas, as coisas novas com muita mistura de eletrônico e alguma influência country. Interagindo mais com a platéia, com aquela dança estranha dele, tocando guitarra e gaita, me pareceu um músico mais completo. O setlist foi:
1. Devil's Haircut
2. Novacane
3. One Foot in the Grave
4. Loser
5. Black Tambourine
Beck |
6. Soul of a Man
7. Tainted Love (cover da Gloria Jones)
8. Modern Guilt
9. Get Real Paid
10. Hotwax (com vídeo)
11. Tropicalia
12. Qué Onda Güero
13. Debra
14. Gamma Ray
15. Girl
16. Soldier Jane
17. The Golden Age
18. Lost Cause
19. Sissyneck / Billie Jean (cover do Michael Jackson)
20. E-Pro
21. Where It's At
Mesmo conhecendo somente os grandes e antigos hits, foi show para dançar e pular muito, mostrando que mesmo depois de anos, o cara não perdeu a mão. As versões de 'Tainted Love' e 'Billy Jean' foram espetaculares, sendo que a da primeira ficou de fato muito, muito, muito, muito, muito boa!
Cara de nerd, geniozinho, criativo e com músicas muito boas. Uma combinação estranha, para um show estranho, mas bem divertido.
Blur
Blur |
O último show da noite e com certeza o mais esperado mostrou porque o Planeta Terra é o melhor festival para se ver um show. Quase na frente do palco, com espaço de sobra para dançar e pular. Normalmente, em nenhum show você tem este tipo de conforto. E pelo que lembro em todas as edições (que eu fui) foi assim.
Deu pra pular do início ao fim, afinal, primeiro show dos caras no Brasil e muita música pra cantar junto.
Os caras abriram com duas pedradas, 'Girls & Boys' e 'There's No Other Way' e depois foi destilar clássicos. O setlist foi:
1. Girls & Boys
2. There's No Other Way
3. Beetlebum
4. Out of Time (com vídeo)
5. Trimm Trabb
6. Caramel
7. Coffee & TV
8. Tender
9. To the End
10. Country House
11. Parklife (com Phil Daniels) (com vídeo)
12. End of a Century
13. This Is a Low
14. Under the Westway (bis)
15. For Tomorrow (bis)
16. The Universal (bis)
17. Song 2 (com Phil Daniels) (bis)
A sequência 'Coffee & TV' e 'Tender' virou uma celebração. Com todo mundo dançando lentinho na primeira música e com uma um coro enorme na segunda. Emocionou!
Damon Albarn na galera |
Em 'Parklife', com participação especial de Phil Daniels (que voltou para cantar 'Song 2' também), o cara que tem uma grande parceria com a banda e gravou a versão original dessa música, um clima meio punk rock com todo mundo pulando. Baita energia! Damon Albarn cantou na grade com a galera e deixou uma multidão enlouquecida.
Veio o bis, mostrando que inclusive o show de encerramento teria no máximo uma hora e meia. E aí foi curtir, mas esperando por 'Song 2', que rapidinha, encerrou o festival com a energia lá em cima. Show muito bom, para encerrar um festival com shows bem divertidos mesmo.
Que venha 2014...
- Out of Time
- Parklife