segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Atrasei...

Posts dos shows do Tony Hall no Bourbon Street Fest e Keane e Maroon 5 no Live Music Rocks atrasados devido a problemas de upload no Youtube, mas saem essa semana ainda sem falta. E se tudo der certo, sai também um post especial do Bangalafumenga!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Eu, Minha Consciência Moral e a Lei Seca

Ontem, terça-feira, tomei 4 latas de cerveja. No meu entender, nada demais: nem naquilo que eu entendo que seja ficar embriagado e nem naquilo que é a cultura do Brasil, onde beber e dirigir pode ser um crime perante a lei. Mas não em nossas consciências e costumes.


Desde que a fiscalização da Lei Seca aumentou, venho tomando cuidado por onde dirijo: Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza e São Paulo. Mas em Brasília normalmente estou de carona e muitas vezes com um grande amigo que não bebe e saio tão pouco por lá, que usar taxi não é algo que doa. No Rio de Janeiro quando sei que vou beber, saio logo de taxi, pois lá dificilmente uma corrida sai por mais de R$ 20,00 e normalmente tenho companhia para dividir o mesmo.

Em Fortaleza saio pouco dirijindo para beber, logo nunca chegou a ser uma preocupação real. Mas na cidade onde eu moro, São Paulo, sair para beber é muito comum. E ir de carro também. Tenho voltado sempre pelas ruas menores ou pelas grandes avenidas, imaginando com uma certeza quase absoluta que ali não verei nenhuma blitz.

Dentro da minha moral, me recuso a seguir a conta do Twitter daqueles que delatam os locais de blitz na cidade. Também não compartilho em nada da opinião dos amigos advogados e aqueles conhecedores da lei, que dizem que não se deve soprar o bafômetro, pois não somos obrigados a produzir provas contra nós mesmos. Meu argumento é de que sempre ficamos (nós brasileiros) felizes quando a lei é para ferrar aquele político corrupto. Mas quando ela nos tira algum tipo de privilégio ou nos tira da zona de conforto, nós arrumamos alguma forma de burlar. Não é lei? Todos nós não sabemos que não pode? Então por que diabos a gente insiste em dirigir depois de beber? Não importa se a lei foi mal escrita e dá tal brecha. Mais uma vez, minha opinião.

Mas ok! Eu nunca havia passado pelo dilema de estar na blitz e ter de escolher entre: salvar minha pele, minha carteira e o meu bolso versus ser correto (dentro daquilo que eu acredito), soprar o bafômetro e sofrer as consequências. E na verdade ainda não passei. Mas ontem, depois das minhas 4 cervejas, passei por uma blitz na esquina da minha rua que eu sei que costuma existir. E na autoconfiança de que não aconteceria nada, simplesmente entrei na rua e dei de cara com a blitz.

Quando eu vi a blitz, eu pensei: FODEU!!! Vacilei! Tentei desviar a rota, mas já não havia para onde ir. Pensei: eles me viram vacilar. Já era! Perdi minha carteira e vai começar aqui minha dor de cabeça. Estava disposto a soprar o bafômetro, por mais que isso fosse me custar. E nessa vacilada, um carro me passou.

Havia um policial prestando atenção na blitz e ele parou o carro da minha frente. Nos segundos seguintes não acreditei na minha sorte (ajuda espiritual, divina, anjo da guarda ou qualquer outra entidade maior que exista e que eu acredito), pois fui passando pela blitz e nenhum policial nem olhou pra minha cara e eu simplesmente passei, entrei na minha rua e minutos depois estava em casa, ainda tentando entender o tamanho da sorte.

Ainda antes de dormir, mas principalmente depois que acordei, me vi numa ressaca moral daquelas sem fim! Eu estive a triz de me causar um problema enorme. Por não obedecer a uma lei que eu sei que existe! Talvez para outra pessoa, apenas mais uma situação de sorte. Não para a minha pessoa...

Eu há algum tempo, principalmente motivado por conversas com meu pai sobre a correção do brasileiro e com meus amigos, sobre como o Brasil é uma merda e nada funciona, decidi ser um cidadão melhor. Parei de comprar produtos piratas e sem nota fiscal, parei de trazer produtos de outros países sem declarar imposto, reforcei minha crença em não ter carteirinha de estudante falsa para pagar menos e uma série de outras coisas práticas. Acredito mesmo que para termos o direito de reclamar, temos de ser os primeiros a sermos corretos.

E ontem, na situação de quase ser pego burlando a lei e sabendo que sofreria consequências fortes (deixaria de poder dirigir, seria processado, pagaria uma multa grande), essa consciência moral de tentar ser um melhor cidadão pesou!

Queria deixar claro que não concordo com uma lei tão severa. Acredito piamente que a fiscalização só aumentou pelo fato da multa aplicada ter subido de valor. Com a lei anterior, apenas precisávamos de mais fiscalização, como a que há hoje. Mas talvez não fosse interessante. Também acredito que deva haver um limite mínimo do que se pode beber e depois graduações (aquela quantidade em que você leva advertência, depois multa, depois tem a carteira suspensa, cassada, até o nível em que você de fato é preso). Não poder tomar uma ou duas cerveja depois do trabalho para relaxar, pois estou de carro também é demais, eu acho. Mas lei é lei!

Também acredito que o estado que exige isso, deveria oferecer um transporte público eficiente e com preço justo. Não acontece nem um, nem outro. Eu acho as linhas ônibus de São Paulo, extremamente confusos, o metrô serve parte da cidade apenas e o taxi é caro.

Não prometo que deixarei de beber quando estiver de carro! Nem que isso acontecerá a partir de já. Mas pretendo, de verdade, evitar ao máximo bebida enquanto estiver com meu carro durante a semana. E aos finais de semana, tentar organizar um motorista da vez, carona ou até mesmo ir de taxi. Minha vontade de ser um cidadão melhor pede por isso.

E não quero aqui convencer ninguém e sei que muita gente discorda em gênero, número e grau comigo. Mas se os poucos que lerem este texto refletirem e causarem algum debate, está bom. Não deve ser nada agradável descobrir que beber e dirigir não vale a pena por causa de uma multa altíssima, pelo envolvimento em um acidente grave (envolvendo ou não outras pessoas) ou por ver alguém que se gosta machucado por causa da imprudência alheia. Aproveitemos para aprender pelo susto...