sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Como Ouvir Música Hoje - Hype Machine

A pergunta que faço constantemente para os meus amigos é a seguinte: Como você ouve música hoje em dia? As respostas são tão variadas quantos as opções que temos hoje em mãos. O salto de mídia e plataformas está tão rápido que quando criamos um padrão de comportamento logo ele é quebrado. Exemplo recente é a quebra do mito: Brasileiro não gosta de pagar por música! E para cada vez que ouço uma frase dessa eu adiciono um amigo do Facebook no Rdio (e pagando!). Aliás, o aplicativo Rdio já parece datado e o bacana mesmo é ouvir as playlists prontas do Spotify.

Olha que legal esse gráfico da Vox sobre a evolução da musica paga:


Repare que pela primeira vez na história não temos uma mídia dominante. Bandas e fãs estão navegando por novos mares e é inspirado nesse cenário pulverizado, que vamos todas terças-feiras mergulhar nesse universo sonoro. Vamos conhecer as diferentes maneiras de se ouvir música hoje e criar juntos um catálogo de referências, tentando filtrar um pouco esse barulho todo e se concentrar no que realmente importa: descobrir e curtir boa música.

Conhece o Hype Machine?

Onde: www.hypem.com
O que é: Agregador de blogs musicais.
Quanto custa: De graça na Web e $ 3,99 na Apple Store

Por que devo dar ouvidos a ele?

A tendência do momento é ouvir musica através de algum tipo de curadoria e os apps como o Rdio, Spotify, Deezer e Songza apostam forte neste segmento. O que difere o Hype Machine desta nova geração é que a curadoria não vem de algoritmos e sim, de gente que entende de música.

O site tem mais de 800 blogs de música (escolhidos a dedo) plugados na plataforma e você pode ouvir as músicas por streaming de cada blog como se fosse uma playlist. Como cada blog é independente, o serviço se mantém sempre atualizado (desde 2005) e você acaba com versões e mixtapes, que não acharia em aplicativos baseados em catálogo. Ótimo serviço para quem gosta de descobrir bandas antes delas estourarem.


Vale uma visita no site para você explorar um pouco, abre uma aba no seu browser e comece a navegar. Você pode ouvir apenas remixes, o que bomba no twitter, por gêneros ou Time Machine (meu destaque do serviço)!

Essa feature está perdida no menu, mas é uma das coisas mais divertidas do serviço. Você pode navegar pela linha do tempo e ouvir o que mais de interessante rolou nos blogs de música no período. Um certo retrato da época, mesmo o site sendo bem voltado a artistas e músicas novas. Vale perder uns 5 minutos ali.

Navegando pelo ano de 2009 no mês de Fevereiro eu achei essa pérola do The Roots. Vale ouvir!


O Hype Machine não tem o objetivo de ser a sua jukebox mas é um ótimo companheiro para os seus outros serviços de música. Encare-o ele como aquele seu amigo muito moderno que conhece todas as bandas “que vão estourar”. Bom para dar uma renovada nas suas playlists cansadas.

Já conhecia o Hype Machine?

Conhece algum serviço parecido? Escreve nos comentários e vamos trocar figurinhas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Sobre Covers&Originais: 16 Toneladas (Noriel Vilela, 1968; Funk como Le Gusta 1999) - Sixteen Tons (Ernie Ford, 1955 e Merle Travis, 1947)

O tema do post desta semana, veio de uma convers - etílica, óbvio, no Bourbon Street Festival em Brasília - com um grande amigo, carnavalesco, Capoeira e fã de sambas, Adriano Valente! Eis o Ôme!


Muitos desta geração - digo, o povo de uns 30 e poucos - vivenciaram um revival da música brasileira dos anos 60 e 70, particularmente do chamado Samba-Rock, nos fins do século passado. Esta encarnação da musicalidade brasileira - que possui grandes expoentes ‘das antigas’ como, Jorge Ben e o Trio Mocotó -, teve no paulista Funk como Le Gusta, grande promotor entre os jovens universitários.


Em 1999 o FCLG em seu álbum ‘Roda de Funk’ pôs de volta a baila aquele estilo musical, divulgando versão da música '16 Toneladas' de Noriel Vilela, 1968. Este último, grande cantor negro com vozeirão grave, lançou um belíssimo petardo em 1968. Disco de negão! para negros de todas as cores e religiões! Uma belíssima coletânea de composições com forte apelo a Umbanda. O título  já diz a que veio: 'Eis o Ôme'. Puta disco, puta astral. Lindo! Sugestão lógica de trilha sonora para este post, sem dúvida alguma.

Voltando ao 16 Toneladas, destaco: é, em minha opinião, um dos sambas mais com cara de samba da década de 60. E qual  não foi minha surpresa quando conheci o original: se a versão de Noriel Vilela, é composta de estrofes envolventes e supercariocas - com referências ao Flamengo inclusive - a composição é, em 1947 dedicada da lida dos mineiros de carvão no Kentucky! - interpretada por Merle Travis.


Mas ela alcança o sucesso na versão de Ernie Ford em 1955, em sua versão que nos é mais familiar:


Curtiu? Mais samba rock? Dá uma olhada neste site aqui, ó:  samba rock na veia! Semana que vem é nóis na fita, manô!!!!!!

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Inesquecível! Bruce Springsteen e a Socidade Alternativa

Em setembro de 2013, Bruce Springsteen voltou ao Brasil depois de muitos anos de ausência. Veio tocar no Rock in Rio no Rio de Janeiro, mas por ter ingressos esgotados para esta apresentação, marcou um show extra em São Paulo. Eu tive a felicidade de estar no show de São Paulo (foram 3 horas e 20 minutos de música) e acompanhei, por saber o quão sensacional seria, o show do Rock in Rio pela TV.

Bruce Springsteen e Jake Clemons
Bruce Springsteen veio acompanhado como sempre, da E Street Band para show da turnê Wrecking Ball World Tour, considerada a maior de 2012 e uma das três maiores do primeiro semestre de 2013. Foi a primeira turnê depois da morte de Clarence Clemons, conhecido como The Big Man, saxofonista e membro fundador da E Street Band. Para suprir sua ausência, um naipe de metais foi adicionado a banda, com Jake Clemons no saxofone, sobrinho de Clarence.

A turnê terminou no Brasil e teve seu último show no Rock in Rio. Ela voltaria em 2014, mas já com outro nome, promovendo o novo álbum, gravado nos intervalos da Wrecking Ball World Tour.

Em todos os shows, um ou o momento mais memorável da noite passava pelo cover da noite. Bruce Springsteen e sua banda faziam uma versão de uma música local, cantando inclusive na língua local. Algumas das músicas tocadas (todas com link para você poder curtir) foram 'Bad Moon Rising' do Creedance Clearwater Revival, 'I Fought the Law' popularizada pelo The Clash, 'Louei Louei' do Richard Berry, 'Twist and Shout' popularizada pelos Beatles, 'Highway to Hell' do AC/DC e para provar que não eram só clássicos, 'Royals' da Lorde, tocada na Nova Zelândia.


No Brasil o clássico escolhido e que deixou todos surpresos foi 'Sociedade Alternativa', do álbum Gita de Raul Seixas, composta por este e por Paulo Coelho. A surpresa se deu pela escolha da música, pelo fato de ter sido 100% interpretada em português e pelo arranjo, com um toque de música negra americana, com os metais bastante presentes. É uma versão rock, com toques de R&B, sem fugir da música brasileira.

Impossível não respeitar um artista que tem este tipo de carinho com seu público e este tipo de cuidado na qualidade musica do que apresenta. Eu que já gostava, fiquei fã de carteirinha do cara.

Vale a pena ver, rever, rever e rever. Inesquecível!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Thesaurus: Blues - Por Zeca Dom

Hoje, eu Zeca Dom, começo mais uma coluna no Shows, Música e Afins. No Thesaurus, por Zeca Dom, vamos explorar os conceitos e jargões da música, tendo como base alguns trabalhos acadêmicos e literaturas da música. Sejam bem-vindos!

==============

Vamos dar uma lida neste trecho de crítica musical de autoria de Hermano Viana: 

‘O pop negro contemporâneo, em raros e intensos momentos, cometeu o pecado mais temido por qualquer religião: destruir a fronteira existente entre o sagrado e o profano. Durante toda a primeira metade do século XX, as culturas afro-americanas pareciam distinguir claramente a música divina da música demoníaca. Tanto que vários cantores de blues, no final de suas vidas, se transformaram em reverendos protestantes e passaram a cantar spirituals. Nunca vice-versa.

O soul modifica esta situação. Ray Charles, Sam Cooke e James Brown uniram o gospel ao rhythm and blues, sem cerimônias. Na Jamaica, final dos anos 60, aparece outra combinação explosiva: os cânticos da religião rastafari se unem aos ritmos sedutores do ska e do rock-steady produzindo o reggae. Bob Marley foi o principal artífice e divulgador desta nova música. Devoção ou sacrilégio?' Fonte aqui!

Entendeu? Não? Normal...

A música pop possui o jargão próprio que, as vezes, deixa a gente meio tonto. Conhecer este vocabulário, não é uma condição essencial para se apreciar boa música. Pelo contrário, em música ou a gente gosta da composição ou não. E este é o melhor critério!

Mas os conceitos/rótulos podem tornar nossa apreciação mais divertida nas intermináveis discussões sobre música…

Neste sentido, temos que saber que rótulos em música tem limites muito tênues; é o caso de pop e rock, por exemplo. Agora, quão mais antigo é o rótulo, mais definidos tendem a ser seus limites e artistas. Vamos começar com um rótulo  beeemmm básico. A importância  deste termo  para a música pop hoje é tão vasta, e muita gente não percebe. Quando você pega qualquer composição os traços de Blues estão lá,  e durante nossos textos vou destacá-los para os interessados. Olha aí uma definição:

Blues: A variante rural norte-americana do termo consistia basicamente em composições em sua maioria, de 12 compassos e três acordes, com a repetição do primeiro verso da estrofe duas vezes antes de passar ao terceiro (estrutura A – A – B). A variante urbana iria manter a carga emotiva rural, mas com uma diversificação dos temas, mais urbanos.  

Em outras palavras: a música toda se repete a cada 12 vezes! Sempre!

Ótimo exemplo para começar a semana: 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Isso é Pop! Hammer Time

Quem não lembra e de repente, não canta até hoje: Can't Touch This?

Não tem erro, MC Hammer é pop! E de tão pop, em uma época (final dos anos 80 e início dos anos 90) em que o hip hop americano ainda era muito duro e cru, foi muito criticado pelos outros rappers americanos.

MC Hammer é considerado até hoje um dos maiores rappers da história. Além disso, um coreógrafo de mão cheia, empresário de capacidade duvidosa e sem dúvida, uma figura divertida.

Em 1990, amigo do Arsenio Hall, Stanley Kirk Burrell, verdadeiro nome do artista, é convidado para cantar em seu programa e canta 'U Can't Touch This', antes mesmo do lançamento oficial da música. Uma repercussão estrondosa, com suas coreografias cheias de energias e suas hammer pants (calças hammer) douradas. A verdade é que o bicho pegou! Pegou tanto que a música chegou a posição número 8 da Billboard, fez o artista vender milhões de cópias, ganhar diversos prêmios e ganhar notoriedade mundial. No Brasil a recém criada MTV, fez o artista bombar por aqui também.


Mais adiante, Rick James, compositor de 'Super Freak' processou Mc Hammer e ganhou o direito, em um acordo, de ser citado como co-autor da música, faturando alguns dos milhões de dólares que a música fatura até hoje.


Depois disso, as coisas nunca mais foram as mesmas. Seu segundo grande sucesso, '2 Legit 2 To Quit' de 1991, utilizava sampler de 'When the Doves Cry' do Prince e 'We Care a Lot' do Faith no More. Vendeu muito, tocou muito, mas não atingiu o sucesso de 'U Can't Touch This'.


A útlima grande aparição musical de Mc Hammer foi com 'Pray', uma simpática música, mas que não voou muito alto. Mas de qualquer forma, a música já demonstrava o futuro do artista que virou pastor.


Em 1996 Mc Hammer declarou falência. Super produções, luxos, equipe enorme de apoio e prioridades erradas. Já no final dos anos 90, o artista se recuperou e hoje, além de pastor, continua como empresário com relativo sucesso, tendo aparecido recentemente até com Psy.

Hammer time! Isso é pop!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Sobre Covers&Originais: Higher Ground, Stevie Wonder, 1973. Red Hot and Chilli Peppers, 1989.




Para nós, brasileiros, as vezes é complicado entender a noção norte-americana de música ‘negra' e de seus outros estilos musicais. E, em minha opinião, esta distinção é fundamental para entender as implicações envolvidas na composição Higher Ground, em suas duas encarnações: o original de Stevie Wonder - 1973 - e a versão do Red Hot and Chilli Peppers de 1989.

Na época em que foi produzida, a Higher Ground original estava em um conjunto de álbuns de Stevie Wonder considerados como clássicos; a influência da obra daquele compositor multinstrumentista tornou-se tão intensa na música negra norte americana que, ao receber um prêmio, neste início de século, o compositor Kanye West disse com todas as letras que ele buscava superar o Stevie Wonder na década de 70.*
* Havia uma forte conotação política em algumas músicas. A composição em questão tem algo a ver com o crítica social, mas daquele jeito super pra cima de ritmo pulsante. Mas, além da inovação nas composições, das diversas implicações de cunho social, Mr. Wonder ainda inova no uso de sintetizadores, grande novidade dos anos 70 e linha principal da melodia de Higher Ground.

Já o RHCP, tem um histórico ‘um pouco’ diferente…
Os californianos hoje bem-sucedidos do rock alternativo norte americano, estavam em uma situação complicada em 89: até então não haviam emplacado um grande álbum e nem um grande hit (tipo, já tinham conseguido algo com Fight Like a Brave, mas nada que se comparasse com o que viria depois). E, a despeito do alto consumo de drogas, entraram no mainstream de fato com o Mothers Milk (1989). E dois foram os carros chefes daquele álbum: Knock me down  e Higher Ground.

Knock Me Down:

A versão de Higher Ground dos Peppers, enfureceu os puristas fãs de Wonder: em comparação a riqueza dos arranjos do cantor cego, o som da banda californiana parece minimalista. E, de fato, pensando em música negra, faz sentido. Só que o RHCP não é, nunca foi e nunca pretendeu ser uma banda de R&B. E aí que está o grande 'tchã‘ da versão: no lugar dos sintetizadores, uma linha de baixo em slap furioso; nas linhas harmônicas, a guitarra de Frusciante, com um insistente WhaWha   funkeado a la Chilli Peppers. E para encerrar e dessacralizar de vez a obra de SW, a versão dos californianos libera o cacête nos últimos 15 segundos - afinal de contas, é uma banda de rock e não de R&B. 

Em uma só versão, todas as principais características do RHCP: releituras de funk, peso de metal, velocidade do HardCore: trilha sonora ideal na hora em que uma festa perde o controle!


PS.: Apesar de muita gente falar de SW, nem todo mundo o ouve de fato; por este motivo nem todo fã de música consegue entender o tamanho de sua influência na música pop e negra norte americana. 

Fica aí uma dica para ouvir enquanto você lê o site Shows Músicas e Afins: Stevie Wonder - Innervisions - Full Album.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Inesquecível! Daft Punk, Pharrel Williams e Stevie Wonder

Momentos inesquecíveis de shows são muitos, mas hoje acordei cantando Stevie Wonder, de repente me vi cantando Daft Punk e depois estava quase pulando com o hit 'Happy' do Pharrell Williams. E me lembrei dos três juntos performando a música 'Get Lucky' e como isso me arrepiou. Foi inesquecível (pela TV, imagina ao vivo)!

Nile Rodgers, Pharrell Williams, a dupla Daft Punk e Stevie Wonder

Talvez tenha cantado estes três artistas (ou 4 já que o Daft Punk é uma dupla) na sequência pelo sua proximidade de estilo musical. Claro que no que se refere aos DJ's, esta proximidade acontece apenas neste último álbum, Randon Access Memories, que traz forte influência dos anos 70 e passagens de discos como Off The Wall do Michael Jackson e Songs in the Key of Life, do Stevie Wonder.

Pharrell Williams, cantor, compositor, rapper, produtor e baterista (e estilista, pasmem!), é um dos artistas norte-americanos mais bem sucedidos da atualidade, com fortes influências R&B, também tem os anos 70 como forte influência em parte dos seus trabalhos. Além desta faixa, Pharrell Williams também canta 'Lose Yourself to Dance' no mesmo último álbum da dupla de DJ's e em seu novo disco, Girl, repete a parceria com o Daft Punk na faixa 'Gust of Winds', seguindo a mesma linha de guitarra swingada.

A apresentação que rolou no Grammy de 2014, colocou estes artistas no mesmo palco mandando ver 'Get Lucky', primeiro single do quarto álbum do Daft Punk. Já emendando mandaram também parte de 'Another Star' cantada pelo próprio Stevie Wonder, música do disco Songs in the Key Life, que sim, é um dos álbuns que inspirou a dupla de DJ's em seu último trabalho. Faz sentido, não?

A nata da música atual e dos anos 70 no mesmo palco, mostrando como se faz música.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Al Jarreau - 14/08/2014

Um cara que você em vídeo desde que se deu por gente e nunca viu ao vivo. Fica sabendo de um show dele na sua cidade, resolve comprar ingressos, mas acaba ganhando um par de uma amiga. Motivo para celebrar.

Al Jarreau é um artista completo. Desde que vejo (ou via) as fitas em VHS que tínhamos em casa com todos os shows do Rock in Rio I, em 1985, tinha vontade de vê-lo ao vivo. Para mim, todo mundo que tocou naquele festival é um ícone e claro, com ele, não seria diferente.


O show realizado no HSBC Brasil, em São Paulo, foi delicioso. A começar pelo local. Nunca tinha visto uma apresentação sentado nesta casa de shows e de longe é a mais confortável de todas de São Paulo (o antigo e o atual Citibank Hall trabalham com as mesas muito próximas, apertadas e todas ferradas), pois as mesas ficam a uma distância razoável entre elas, é possível trafegar com bastante comodidade. O público, um pouco mais velho, fazia também da noite um momento tranquilo, o que construiu um bom ambiente pro show.

Al Jarreau
Pouco depois das 22 horas a banda entrou no palco e anunciou Al Jarreau. Estranho, pois por mais que tenha visto ele em diversas ocasiões pela TV nos últimos anos, a imagem que tenho dele ainda é a de 1985. E quem entrou no palco foi um senhor, o que num primeiro momento, me deixou meio chocado.

A idade pode ter tirado um pouco do vigor físico, pode ter alterado um pouco a voz (ou a forma de cantar), mas só agregou ao artista. Al Jarreau é um ser musical. Fala cantando, canta tocando. Um apaixonado pela música, brasileira inclusive, deixando isso claro quando tocou 'Só Danço Samba' de Tom Jobim e 'Mas Que Nada' de Sergio Mendes. Amigo de Ivan Lins, tocou com ele em duas edições do Rock in Rio.

Gosta de experimentar sons, que saem dos instrumentos e os que produz com a boca. Vale tudo! Contar histórias no palco também. Cativar o público. Valorizar os professores da platéia. Rir muito! Bater palma. Vale tudo mesmo.

Al Jarreau e Banda
Acompanhado de uma banda espetacular composta por Joe Turano (teclados, sax e voz, além de ser o diretor musical), John Calderon (guitarra), Chris Walker (baixo, voz e que voz!), Larry Williams (teclados, que já tocou com Quincy Jones y Michael Jackson) e Rodney Holmes (bateria), só não fez chover dentro do HSBC Brasil.

Vou abrir um parágrafo só do baterista, Rodney Holmes, pois ele parecia um moleque tocando no palco no meio de umas feras. Lendo sua biografia hoje, vejo que ele de moleque não tem nada. Mas é de encher os olhos e os ouvidos vê-lo tocar. Swing impecável, precisão, técnica e sem aquela coisa de chamar atenção. Faz o dele apenas, mas de uma maneira irreparável. Para quem admira um bom músico tocando, é de emocionar.

Foi uma noite daquelas para ficar não só na memória, mas sim no coração. Al Jarreau, já um senhor, emanando musicalidade, muitíssimo bem acompanhado, numa noite pra lá de agradável. Ah, se todos os shows fossem assim...

Para finalizar um vídeo longo do baixista Chris Walker cantando sua música 'How Do You Heal a Broken Heart', com a Al Jarreau mandando na sequência 'Random Act of Love'. Volte sempre Mr. Al!

Isso é Pop - Glad You Came

Durante os meses de junho e julho de 2014 foi disputada a Copa do Mundo de Futebol no Brasil. E durante todo este tempo a torcida brasileira se perguntou qual era a música da Copa?

A torcida não engrenou nenhuma. O banco Itaú desceu uma música goela abaixo durante todo o evento e no final alguns até cantavam, mas ninguém decorou a letra e hoje ninguém se lembra como era. Algumas outras tentaram, mas não engataram...

Mas houve uma música que já era conhecida antes por tocar em algumas rádios pop e nas pistas de dança e que começou a ser usada em suas campanhas no início de 2014 pelo McDonald's e foi catapultada neste mundial pela mesma empresa: 'Glad You Came', da boy band britânica The Wanted.

A campanha lançada na primeira semana de janeiro de 2014 para toda América Latina já começou a preparar a marca para o evento do meio do ano, com o McDonald's mostrando que recebe seus clientes como se fosse a sua casa, dizendo "que bom que você veio".



Como trilha da campanha, a música 'Glad You Came' que foi lançada 10 de julho de 2011, como segundo single do álbum Battleground da banda The Wanted. A música chegou ao TOP100 da Bilboard. Bombando nas pistas de dança, a música caiu nas graças dos brasileiros já algum tempo depois de lançada com a campanha do McDonald's, que para a Copa, deu um tratamento mais brasileiro no som.


O vídeo original mostra a banda se divertindo por aí. Meio clichê, mas tudo bem, é boy band. Pode cantar e dançar sem vergonha, pois é daquelas músicas chicletinho que não deixa a cabeça por dias (pelo menos o refrão). Isso é pop!

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sobre Covers&Originais: Lovebuzz

Agora toda 5a feira, dia de Covers&Originais no blog: coluna de Zeca D - historiador, DJ e baixista! Bem-vindos!

====

O Shoking Blue faz parte daquelas bandas ilustres (des)conhecidas. Possivelmente quase todos amantes de música pop - no bom e no mal sentido - já devem ter ouvido o hit 'Venus' ou uma de suas diversas versões:


O hit bombou na Europa no início da década de 70, chegando a marca de 13 milhões de vendas! E a música voltou em outra versão, desta vez pelo Bananarama em 1986 obtendo resultados semelhantes.

Todavia, nem todo mundo ‘mais novo' conheceu ou ouviu a obra daquela banda Holandesa (!!) psicodélica. E é aí que entra o Kurt Cobain do Nirvana. Este, muito mais conhecido, fez parte do megasucesso do Grunge  nos inícios dos anos 90, com hits de rock cru. Nem todos que se dizem fãs do Nirvana sabem que o Kurt era um colecionador de discos e grande conhecedor de sons não tão óbvios; no encarte do Incesticide (1992) por exemplo, tem um texto muito agradável do vocalista do Nivarna falando de como ele conheceu a vocalista da banda Raincoats (wiki da banda aqui!), grande desconhecida, apesar bem legal.

Voltando ao assunto: o Nirvana, graças a pilha do marido da Courtney Love, tornou conhecida muita banda e muita música desconhecida de grandes artistas, como o David Bowie (em 'The Man Who Sold the World') e Vaselines ('Mothers Lips'). E este foi o caso do Shockin Blue. Olha só se vocês não conhecem esta: 


Não reconheceu? O Nirvana revisitou de forma magistral no seu primeiro LP, Bleach, a faixa Lovebuzz, aliás primeiro compacto daquele lançamento de 1989:


A original do Shocking Blue é psicodélica ao extremo, com aquele ar meio árabe, falando das tensões da vocalista; já a versão do Nirvana é nervosa ao extremo, com uma linha de baixo e bateria pesadíssimas e uma guitarra ligada emitindo um feedback constante antes de entrar num ataque agressivo de uma nota só (dê uma ouvida entre os 00:56 e 1:00: feedback é aquele zunido – buzz, literalmente antes da guitarra aparecer) e de um jovem rapaz desesperado: can you hear my love buzz? can you hear my love... buzzz!!! junto com uma guitarra igualmente tensa.

O grande lance do Nirvana - o que o  tornava genial aliás - é que, na crueza, no rock, eles conseguiram dar algumas boas aulas de como o pop e o rock são bem próximos e se confundem facilmente  com uma roupagem adequada e um público idem.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Shows - Vale a Pena Ver de Novo... Queen

Não sei vocês, mas eu sempre revejo os vídeos de algumas apresentações que filmei aqui para o blog, outras no YouTube ou em vídeos que acho por aí. Algumas revejo várias vezes!

Apresentações ao vivo sempre possuem potencial para serem memoráveis e acho que os momentos que atingiram este status são muitos. Por isso, agora toda 4a vou aproveitar este espaço que me faz tão bem para dividir com quem se dá o trabalho de ler este blog, os momentos mais marcantes de shows que vi ao vivo ou vi pela internet. Espero que concordem comigo, independente do gênero musical (apesar do rock comandar por aqui). Então vamos começar o "Vale a Pena Ver de Novo"...

================

1985 é o ano do maior festival da história brasileira. O Rock in Rio chegou e deixou uma marca que continua forte até hoje. A primeira versão do festival ocorreu no Rio de Janeiro, na cidade do Rock e teve 10 dias, com público total de 1 milhão e 380 mil pessoas. E um lineup de bandas em seu auge, que nenhum outro festival repetiu na história.

Atenção para algumas das bandas/artistas: Queen, Iron Maiden, Whitesnake, George Benson, James Taylor, Al Jarreau, Rod Stewart, The Go Go's, Nina Hagen, AC/DC, Scorpions, Ozzy Osbourne, YES, The B-52's para citar os internacionais. Entre muitas apresentações nacionais, misturando vários estilos, cito os shows históricos dos Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho. Pena não fazermos lineups como estes mais.

Freddie Mercury e seu coral
Na sua primeira noite (a banda tocou duas vezes), o Queen tocou na noite mais cheia do festival com 470 mil pessoas. Resolvi começar o momento "Vale a Pena Ver de Novo" por esta apresentação, pois apesar de ser muito novo, o primeiro Rock in Rio, visto e revisto em VHS em casa, é a primeira memória que me emociona envolvendo música ao vivo.

Freddie Mercury comandou o público todo o show, mas cantou 'Love of My Life' comandando um coral de uma multidão inspirada e emocionada. Ele para, agradece em português, adapta. Um verdadeiro show man! É de arrepiar do início ao fim. A delicadeza da música, a voz do líder do Queen e o público participando a plenos pulmões. Histórico! Me emociono quando o público se envolve com a banda desta forma.

Para muitos, esta versão passou a ser a mais importante de 'Love of My Life'. A forma como ela foi cantada naquele momento, serviu de inspiração para cada um que interpretou esta música ao vivo dali em diante.

Abaixo o vídeo deste momento histórico. E para quem quiser, o show completo também.

Longa vida ao Queen! Freedie Mercury gênio para sempre!

Love of My Life


Show Completo

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Cantigas de Roda - Raimundos

Hoje caiu na minha mão o vídeo abaixo do YouTube, que na verdade não é um vídeo, mas sim o aúdio completo do novo álbum do Raimundos: Cantigas de Roda. O primeiro em muito tempo.

Gostei! Lembra o velho Raimundos. Digão finalmente se encontra nos vocais e o quarteto que já vem tocando junto há algum tempo, está bem azeitado.

O álbum foi gravado no esquema de crowdfunding e feito em Los Angeles, produzido por Billy Graziadei, vocalista do Biohazard, que também faz uma participação no disco. Assim como Sen Dog, do Cypress Hill e de outros artistas brasileiros.

Tem a porradaria, tem o triângulo, alguma gritaria e as letras mais sacanas. Tudo que o Raimundos sempre fez. Os novos elementos ficam por conta de uns metais, trazendo uma referência ska pro trabalho dos caras, e uma letra em inglês.

Curti e desejo vida longa aos caras. Vem correndo por fora faz tempo, reconstruindo o nome da banda e pelo que vi no último Lollapalooza, são um belo representante do rock de Brasília atualmente.

Viva o Rock! Viva o Rock de Brasília! Viva o Raimundos!



sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A Música Pop - O Início / Michael Jackson

A Música Pop, agora, toda 6a, aqui no Shows, Música e Afins.


Faz tempo que queria escrever uma coluna no blog. Finalmente o tema veio até mim: a música pop! Mas num sentido um pouco mais amplo da coisa.

Pop, genericamente, é algo relacionado a cultura do povo, popular.

A Música Pop, no sentido literal é definida como aquela produzida para fins comerciais, geralmente direcionada a um público jovem e que tem suas composições mais simples em relação a outros estilos.

Mas aqui, com a Música Pop, quero falar não só daquilo que é feito para povo, não só do que é comercial e não só do que é simples. Quero falar daquilo que virou pop, que caiu nas graças das multidões e que marcou época. Que está ou esteve na boca de todos. Que se tocar, você vai se lembrar!

São artistas (muito populares ou aqueles que só produziram um ou dois hits), músicas (hits, divertidas, pesadas, entre tantas) e performances memoráveis... Diversas situações que gostaria aqui de escrever sobre... Claro, por preferências pessoais, imagino que devo acabar caindo mais para a música internacional, para o rock pop e provavelmente para os anos 80 e 90. Mas... vamos ver para onde isso caminha!

Eu particularmente sou um fã do pop, no sentido amplo da coisa. Não sou o tipo que baixa álbuns inteiros. Gosto daquela música que faz sucesso. E as vezes, gosto da música antes dela fazer sucesso, mas ela cai nas graças do povo. Meu ouvido gosta do que todo mundo gosta. Mas, sempre com limites, claro!

Isso de fato decola semana que vem... E para marcar este começo, O Rei do Pop!

Michael foi um dos maiores artistas negros da história até aqui (existem tantos artistas negros brilhantes, que mesmo sabendo que ele pode ter sido o maior expoente, não tenho a segurança para afirmar que de fato ele foi o maior)! Tornou-se o maior artista pop da história não só pela sua música, mas também pelo carisma (que depois de velho passou a ser mais excentricidade) e principalmente pela sua interpretação e dança. Tudo junto.

Putz! Sério que eu vou escrever o que todo mundo já sabe? Provavelmente sim, mas estou escrevendo sobre o Michael Jackson para poder lembrar sobre o passo de dança mais pop da história: o moonwalk.

Ele foi apresentado pela primeira vez dia 25 de março de 1983 no show especial para a TV, Motown, Yesterday, Today, Forever. Não poderia concordar mais com o título do show. Os Jacksons, contratados pela Motown quando ainda eram uma banda, se apresentaram na comemoração dos 25 anos da gravadora e Michael depois fez a performance solo de Billie Jean, composta por ele mesmo e gravada já pela Epic.

Segundo Michael Jackson, o passo foi inventado junto com as crianças com quem brincava em Indiana, onde nasceu. Mal sabia ele que este passo o sacramentaria como o artista como o maior nome da época em que foi apresentado e o estabeleceu como o artista pop mais importante da história, até aqui.

Então foi assim... Direto do túnel do tempo!


Até as próximas sextas!