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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sobre Covers&Originais: Crash Course in Brain Surgery: Budgie (1974) e Metallica (1987) por Zeca Dom



Eeeee!

Hoje vamos fazer um pequeno especial sobre um álbum de covers do Metallica, lançado em 1987, o Garage Days Re-revisted – não confundir com o Garage INC. de lançado anos depois...

O álbum chegou no Brasil ainda na ressaca do falecimento do grande baixista Cliff Burton, e tinha um playlist meio estranho. Explico: algumas bandas não eram tão conhecidas do público brasileiro – no caso de Diamond Head ('Helpless') e Budgie ('Crash Course in Brain Surgery'); outras não eram exatamente bandas de metal como a 'GreenHell' do Mistfits ou 'The Wait' do post punk inglês do Killing Joke.

Para mim, a grande colaboração deste álbum foi abrir a cabeça de alguns headbangers que insistiam em um tipo ‘puro’ de heavy metal, sem misturas ou referências antigas. Basta você observar que esta mistureba (Crossover para alguns críticos: vide thesaurus no fim do post) já estava acontecendo no punk rock e suas variações mais rápidas e agressivas. Vide, por exemplo, English Dogs, que em 1982 lança um compacto que eu juro, mas juro mesmo, ter lido que o Metallica ouviu: 'To the Ends of the Earth', que é bem parecido – respeitada as óbvias limitações técnicas dos ingleses – com o andamento de 'Kill’em All' do grupo californiano.


Como se vê, só falar deste álbum de 87 daria seguramente o espaço de um mês. Eu decidi me concentrar em dois momentos: 'Crash...' e 'The Wait' (esta última na semana que vem!).

O som do Budgie, possivelmente nem seria conhecido do grande público: foi uma boa banda Galesa da década de 70 que sobreviveu a NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal: Thesaurus!!!!) e veio a ser conhecida por seu riff matador de 'Crash Course Brain in Brain Surgery', que abre esta matéria.

É possível perceber como a música é setentista: observe os agudos (‘gritinhos’, para leigos) do vocalista; os timbres, em especial do baixo.

O Metallica é uma banda dos anos 80 e por consequência, seus integrantes foram influenciados pela década anterior. O blend de influencias deste grupo não se restringiu aos grupos de metal, mas também no punk rock europeu e no hardcore californiano. Isto explica, em parte, como aquela música de anos 70 tornou-se muito mais pesada, mas com acentos mais ‘sujos’ de hardcore na linha do English Dogs:


Semana que vem tem mais, como já prometido!

Thesaurus:

Crossover: cruzamento de estilos: um grande exemplo, pode ser observado na composição 'Walk This Way', originalmente do grupo de Hard Rock setentista Aerosmith. A música fez um enorme sucesso em uma versão crossover de hard rock & rap, com o grupo RUN-DMC (Friedlander de 2002), na metade da década de 80. Considero esta composição um marco para o advento de novas tendências do rock, em especial nas variantes mais pesadas, na retomada das influências negras, que possibilitou a renovação de vários estilos na música pop nos últimos quinze anos. Para os adeptos do Heavy Metal, crossover correspondia na década de oitenta, especialmente o cruzamento de sons do heavy rock com o punk rock ou hardcore. Um bom exemplo seria o grupo californiano DRI que cruza elementos do Heavy Metal e do Hardcore


NWOBHM - New Wave of British Heavy Metal: termo da imprensa inglesa que referia-se a leva de grupos de heavy metal inglês que iriam redimensionar o estilo nos fins dos anos 70 e início dos 80. Dentre as bandas conhecidas no Brasil, destacam-se Iron Maiden, Def Leppard, Saxon e Samson. Esta última foi a banda que revelou o vocalista Bruce Dickson que integraria posteriormente o Iron Maiden.

Vale a pena ouvir. Muito cabeludo que se diz fã do Iron Maiden NUNCA ouviu falar de Samson...

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Lollapalooza - 29/03/2015

O segundo dia do Lollapalooza foi bastante divertido também. Como em São Paulo a gente não pode reclamar de chuva, a chuva foi somente um percalço (mas de fato, ficou só um chuvisco. Apenas na saída foi que a chuva caiu com força. Então poderia ter sido pior...).

No segundo dia, um pouco mais cansados, queimamos a largada nos dois primeiros shows, que foram muito bons. Um para nossa surpresa e outro nem tanto.

Molotov
Molotov
A banda mexicana Molotov é uma banda de rock clássico, com guitarra distorcida e rock como deve ser feito (com músicas em inglês e espanhol e bastante influência do país de origem da banda). Os caras quebraram tudo e assim como o Raimundos em 2014, apesar de terem tocado no palco principal, mereciam um horário de mais destaque.

O setlist foi:

1. Amateur (Rock Me Amadeus) (cover do Falco)
2. Chinga tu madre 
3. Changüich a la chichona (Sic) 
4. Gimme tha Power 
5. Marciano II (Punk Version - cover do Misfits) - tem vídeo
6. Dance and Dense Denso 
7. Puto

Setlist pequeno, mas que fez a platéia pular e cantar (quem conhecia a banda) direto. Engraçado ver a molecada ao lado curtindo muito. Várias rodinhas se abrindo. Apenas dó de um menino que tentava tirar uma selfie enquanto estava na roda. Onde esse mundo vai parar?

Não teve uma música que não valesse a pena escutar. Tive o prazer de gravar a versão punk em espanhol de cover dos Misfits de 'Turn Into a Martian' ou 'Marciano' no caso deles, e pude ver pela primeira vez ao vivo 'Gimme tha Power' e 'Puto', os maiores clássicos da banda. Até o Pedro, filho de amigos de 6 (ou 7) anos que lá estava, falou que foi o melhor show do festival. PUTO!


Rudimental
Quando acabou o show do Molotov, a verdade é que ficamos sem saber para onde ir. E nossa enciclopédia de músicas atuais (leia-se indie e eletrônico), André Mertens, falou para irmos ver o show do Rudimental, no caso um DJ.

Fato é, o cara foi lá colocar um som. Não fez muita coisa. Acompanhado de um brother no trompete e uma cantora potente e gata, subiu no palco e botou uma boa quantidade de gente para dançar. Entre as suas músicas próprias, já devidamente baixadas pela minha quase futura esposa, e músicas dos outros, os caras quebraram tudo. O setlist foi:

1. Intro 
Rudimental
2. Give You Up 
3. Free 
4. More Than Anything 
5. Baby 
6. Not Giving In 
7. Jump Around (House of Pain)
8. Get Free (Major Lazer)
9. Right Here 
10. Hit The Road Jack (Ray Charles)
11. Make Me Feel Better 
12. Bad Boys VIP (Deekline, Wizard & Ed Solo)
13. Detroid (The 5th Dimension)
14. Waiting All Night 
15. Feelings (The 5th Dimension)
16. Feel the Love

Confesso que não estava dando muita bola pro show e fui comprar uma cerveja. Mas estava quase voltando e ouço a introdução de 'Jump Around' do House of Pain, voltei pulando e metade da minha cerveja ficou no caminho. Daí em diante, já dancei tudo, me empolguei e pulamos com drum 'n bass a valer. Bela descoberta e belo show. Agradecemos a André Mertens pela graça alcançada.

Interpol
O único show que já havia visto no Interpol tinha sido na Clash Club, para um grupo bem pequeno e num breu tão grande, que a gente mal via a banda (só suas sombras). Foi espetacular. Mas no Lollapalooza, nem tanto.

Interpol
O som da banda ficou deslocado também. Quem gosta, que nem eu, gostou. Que queria conhecer, com o palco principal lotado, ficou perdido. A maioria das pessoas a minha volta só batia papo.

O setlist foi:

1. Say Hello to the Angels 
2. Anywhere 
3. Leif Erikson 
4. Evil 
5. Narc 
6. Rest My Chemistry 
7. Everything Is Wrong 
8. The New - tem vídeo
9. PDA 
10. Not Even Jail 
11. NYC 
12. All the Rage Back Home 
13. Slow Hands

Eu achei um bom show, mas confesso que vê-los com a luz do dia não tem a mesma graça do que vê-los na escuridão. O som combina mais com algo dark e o visual dos caras também.

O show para platéia seguir morno e apenas em músicas um pouco mais conhecidas como 'PDA' e 'NYC', deu para ver alguns que não estavam lá na frente cantando junto. Como quase todo mundo no festival, o encerramento ficou com 'Slow Hands', música que mais bombou da banda, mas já quase sem público, que corria para o próximo show. E lá fomos nós também!


The Kooks
Mais uma banda que aprendi a ouvir por conta da rádio 89FM. Conhecia duas músicas dos caras e fomos conferir a performance. Aproveitando nosso conhecimento de Lollapalooza, ficamos em um local onde se via tudo e ouvia-se muito bem (não contarei meus segredos aqui, caso contrário ano que vem meu local secreto estará cheio). É muito indie, isto é, zero guitarra quase, mas o repertório é gostosinho e deu para dançar bem no show, mas nada que emocionasse. O setlist foi:

The Kooks
1. Around Town 
2. Ooh La 
3. It Was London 
4. Bad Habit 
5. Down 
6. She Moves in Her Own Way 
7. Eddie's Gun 
8. Seaside
9. Westside - tem vídeo 
10. Always Where I Need to Be 
11. Sway 
12. Forgive & Forget 
13. See Me Now 
14. Sofa Song 
15. Junk of the Heart (Happy) 
16. Naïve

O vocalista deixa a mulherada berrando o show inteiro e parece ser o ponto alto do show. Musicalmente falando parece que falta algo (guitarra, talvez?) e apesar de umas músicas bem legais de dançar e cantar junto, tipo 'Bad Habit' e 'Westside', o resto anda bem devagar e o show se perde.

Não arrisco a dizer que a banda precisa melhorar, pois acho que ela está mais para algo que eu não amo. Ouço, mas não me envolve. Deixo o vídeo para conclusão de cada um.


Foster the People
Deve ter sido um dos shows mais cheios que fui na minha vida. E como, assim como o Kooks, é uma banda de música bobinha, ficou tudo meio bobinho. Ainda mais no meio de uma multidão, com som baixo e muita gente conversando, o show ficou sem clima de show.

O ápice da apresentação para nós foi quando tentaram roubar o celular do oráculo André Mertens, o que prontamente foi evitado pela produção, também conhecida como Karinna. Evitamos o nosso, mas quase na mesma hora pessoas do nosso lado começaram a dar falta de seus celulares. Resumo, uma galera aproveitou a multidão e resolveu faturar. Algo inadmissível em um festival fechado. Mas como controlar quem entra com boa ou má fé?

Voltando a falar de música, o setlist foi:
Foster the People

1. Pseudologia Fantastica 
2. Houdini 
3. Helena Beat 
4. Best Friend 
5. Waste - tem vídeo
6. Coming of Age 
7. Are You What You Want to Be? 
8. A Beginner's Guide to Destroying the Moon 
9. Life on the Nickel 
10. Call It What You Want 
11. Miss You 
12. The Truth 
13. Pumped Up Kicks 
14. Don't Stop (Color on the Walls)

O som do show estava tão ruim, que nem as músicas conhecidas como 'Houdini', 'Waste' e 'Coming of Age' animaram o público como esperado. A impressão é que todo mundo estava esperando só 'Pumped Up Kicks'. Se eles tivessem tocado só essa, acho que o efeito no público seria o mesmo. Ao acabar esta música, o palco esvaziou de tal forma, que eu, que nem sou fã, dancei em 'Don't Stop', como se fosse a banda que eu mais gostasse no mundo. Na verdade, foi a única música que consegui aproveitar com som alto e espaço para me divertir.

A verdade é que quem estava ali, queria mesmo era ver o Calvin Harris e talvez o Pharrell. E antes de acabar, o palco Skol estava vazio!


Pharrell
Pharrell
A verdade é que a gente também queria ver o Calvin Harris depois do Foster the People, mas relatos nos diziam que a multidão que seguia de ambos os palcos para lá fazia com que a tentativa de ver o show de forma confortável fosse quase impossível. E é tão verdade que no palco onde o Pharrell se apresentaria (onde o Foster the People havia acabado de tocar), você podia caminhar tranquilamente até a grade.

Então decidimos não ver o Calvin Harris e ouví-lo de longe (o que fizemos de onde estávamos e depois de perto de banheiro, quando tocou a única música que queríamos ouvir). Olhamos para um lado, para outro, vimos a grade, pensamos no Smashing Pumpkins e resolvemos ver o Pharrell de pertinho e fazer valer.

Alguns desistiram em cima da hora e foram para o Smashing Pumpkins, mas como eu já tinha visto, fiquei tranquilo e apostei em um show novo. Não me arrependi, pois o setlist do cara foi bem diversificado.

1. Come Get It Bae 
2. Frontin' (The Neptunes)
3. Hunter 
4. Marilyn Monroe 
5. Brand New 
6. Hot in Herre / I Just Wanna Love U (Give It 2 Me) / Pass the Courvoisier, Part II 
7. Gush 
8. Rock Star (N*E*R*D)
9. Lapdance (N*E*R*D)
10. She Wants to Move (N*E*R*D)
11. Beautiful (Snoop Dogg)
12. Drop It Like It's Hot (Snoop Dogg) - tem vídeo
13. It Girl 
14. Hollaback Girl (Gwen Stefani)
14. Blurred Lines (Robin Thicke)
15. Get Lucky (Daft Punk)
16. Get Lucky (Daft Punk - de novo)
17. Lose Yourself to Dance (Daft Punk)
18. Gust of Wind 
19. Happy - tem vídeo

Ele cantou as músicas dele, deixou tocar ou cantou músicas que ele produziu, que ele faz participação especial no vocal e músicas da banda dele. No final, foi um apanhado geral de hip hop e pop em um show só.

Os pontos altos da apresentação foram a sequência de músicas do Snoop Dogg 'Beautiful' e 'Drop Like It's Hot' e depois para a sequência matadora de festa 'Blurred Lines", 'Get Lucky' e 'Lose Yourself to Dance'. Como não podia deixar de ser, o show terminou com o hit 'Happy', com várias crianças no palco (estranho, depois de ver um bando de homem nerd sem saber o que fazer lá em cima dançando com ele e um bando de mulher rebolando e pagando de cachorra). De fato, era um show para todos!

Vale pela experiência, pois tenho aprendido a respeitar muito o cara pelos trabalhos dele como produtor. Assumo, assisto o The Voice gringo (sobre o qual ainda vou escrever por aqui) e ver o cara trabalhando é uma aula. Vê-lo ao vivo, mesmo com muita gente achando que foi playback (não foi. O que rolou lá é outra coisa...), foi sensacional!

Deixo os vídeos finais do Pharrell e a certeza de que em 2016 estaremos no Lollapalooza. E ah, quem foi no Smashing Pumpkins, falou que foi um puta show também.