sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sobre Covers&Originais: Head On (Jesus and the Mary Chain – 1989 / Pixies - 1991)

Mudando um pouco o foco de sons pesados, mas mantendo a agressividade, esta semana iremos falar de duas bandas/referência na virada dos 80 para os 90 e o seu inusitado encontro.

A primeira, Jesus and the Mary Chain (JAMC). Particularmente esta é uma das minhas preferidas, de longe. Eles chegam aqui no Brasil lá por 86, mas esta banda escocesa data de 1981. As referências deles eram bastante interesantes: Velvet Underground, Beach Boys e o pop dos anos 60 de Phil Spector (este produtor merece um Thesaurus... dá uma olhada lá no final!). E combinação ficou bombástica: melodias extremamente simples, bonitas... e ladeadas com MUITO, mas MUITO barulho.


E a performance deles não ficava por menos: eles tocavam pouco mais de 20 minutos, parte dele de costas para a plateia. Sem dúvida, eram estilosos. E curiosamente os seus shows eram tido como violentos, a ponto de serem comparados pela imprensa britânca aos Sex Pistols.

O primeiro álbum deles - Psychocandy (1985) era bastante barulhento; o segundo, Darklands – 1987 manteve-se as melodias, limpou-se o barulho e as batidas tribais (ver thesaurus), inserindo-se drumachines (olha lá embaixo!). Já no terceiro, tomaram a forma que muitos vieram a conhecer a banda: Automatic, 1989.


Neste disco, eles pegam a mão de compor e produzir, deixando evidente a paixão deles por belas melodias de voz do pop e blues (como pode se perceber em 'Blues from a Gun'). A mesma obra possui um tesouro escondido no lado B, 'Head On'.


A música tem um andamento acelerado – aliás meio que uma cara de todo o Automatic – e um pré refrão pegajoso:

Makes you want to feel makes you want to try
Makes you want to blow the stars from the Sky

Estes detalhes fazem uma música bombar. Mas as vezes as pessoas não percebem, e então a música não pega; e aí que entram os Pixies.

Os Pixies são uma banda de Boston, Massachussetts de 1986. Enquanto o Reino Unido nos brindava com a sua profícua safra pós–punk e todos os seus subgêneros – com bandas do naipe de Sisters of Mercy, The Cult, The Smiths, Echo and the Bunnymen, dentre  dezenas de clássicos – os Estados Unidos possui um circuito de rock alternativo baseado nas rádios de universidades – as college radios – que ajudavam a cena a se manter e lançar petardos do naipe do REM e Sonic Youth, por exemplo. Existiam muitas outras bandas que muita gente no Brasil só iria escutar lá por 95, graças ao boom de Seattle: Nirvana, Alice in Chains e aquela turma iria chamar a atenção daquele momento extremamente criativo do som alternativo estadunidense. Este cenário propiciou a existência de uma banda do naipe do Pixies: eles tinham umas composições estranhas, com um andamento estranho, misturando espanhol, inglês e um humor ácido das letras do Black Francis.


Depois de dois álbuns absolutamente obrigatórios para qualquer ser humano que se diz apreciador de rock alternativo – Surfer Rosa, 1988 e Doo Little, 1989 - sua consagração como grande banda no Bossanova em 1990, eles lançam um disco mais ‘regular’, o Trompe Le Monde. Regular MUITO entre aspas. Basta você ouvir 'U-mass' pra sacar que os caras estavam longe de serem domados...

Existe uma situação irônica acerca da versão dos Pixies: eles simplesmente não queriam, de jeito nenhum, gravar videoclipes. Só foram convencidos com duas condições: que fosse a música do JAMC e que o clipe todo – áudio, takes etc – fosse gravado ao vivo. Tanto é que o clipe é feito em um take só, sem overdubs (já sabe onde você vai tirar esta dúvida, né?). Um clássico instantâneo, revivendo uma música que já era legal.


Me recordo, a época do lançamento desta versão dos Pixies, a galera da nossa rádio alternativa de Brasília – a Cultura FM - informando que o pessoal do Jesus teria afirmado que a versão dos Pixies ‘era exatamente como a música deveria ter sido feita’. Verdade? Mentira? Ouve aí, ó!

Semana que vem TAMO JUNTO!

Thesaurus:

Batidas Tribais: refere-se a linhas de baterias com predominância de tons graves, associados a ritmos africanos ou indígenas. Entendeu? Não? Pensa então numa linha de bateria tipo do Oludum (sério) ou mais adequado a esta coluna, ouça a linha de tambores de maracatu do Nação Zumbi. Tipo isso. Ocorre que muitas bandas do Pós Punk inglês tinham baterias neste padrão, tais como Comsat Angels ou mesmo o U2.

Drummachines: Baterias eletrônicas. A grande diferença é que você não tem um cara tocando a bateria, mas sim uma programação que faz os sons de baterias. Elas podem parecer com bateria ‘de verdade’ ou serem realmente artificiais. Muitas bandas usam drumachines em suas composições. Aliás merecia um post só sobre elas, pois a lista é grande. O link abaixo é sobre o Le Tigre, onde Johana Fateman mostra como a música 'Deceptacon' é feita com uma Alesis HR18 de 1987.


Overdubs: é uma gravação feita ‘por cima' de outra gravação. No clipe do Pixies todos os sons na gravação ficaram e não foram adicionados mais overdubs, ou seja, gravações posteriores.

Phil Spector: Este aí tem que ter biografia. Nascido em 1939, Phil Spector é conhecido como um grande produtor. Este tipo de sujeito é o cara que ‘lapida’ o som de um grupo ou artista tornando o som dele mais acessível ou vendável. Muita gente acha que somente o talento faz uma banda bombar: é um equívoco. O som de um artista, por si, precisa ter alguns elementos para conectá-lo ao público. Por exemplo: por que as músicas não tem 10 minutos de duração? Isto ocorre por que existe um padrão de tempo para a música ser consumida. E este padrão é estabelecido pelo público e recebe uma mãozinha do produtor. Phil Spector tinha a manha: ele produziu entre 1960 a 65, vinte e cinco hits no top 40 americano. Só que ele não tinha nem 25 anos na época! Criou uma sonoridade. É o caso de 'Be my Baby' das Ronettes. Este padrão o JAMC tentava desesperadamente se inspirar.


Agora este link aqui embaixo possuir TODAS as 75 composições de sucesso do Phil Spector:


Este é o link da semana. Vamo ouvir ae!!!!!!!!!!!!! Abração!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diz aí...