segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Thesaurus: Clássicos (do rock) - por Zeca Dom

Clássicos (do rock) – Diz-se de um ‘clássico’ do rock, acerca de bandas ou composições muito antigas, bastante emblemáticas ou que reúnem estas características, e influenciam outras bandas, tornando-se referências obrigatórias para os aficionados. O clássico do rock soa quase como se fosse um clichê de tão imitado, conhecido e reconhecido. Por exemplo, uma banda clássica: Led Zeppelin; composição clássica: 'Stairway to Heaven', do mesmo grupo.

O Heavy Metal é pródigo em clássicos. Especialmente as Baladas. Alguns exemplos.

Scorpions:


Nazareth:


Black Sabbath:

A influência dos clássicos nem sempre é tão óbvia. Por exemplo, tende-se a pesar que todas as bandas de Heavy Metal tem evidentes influência da triáde de clássicos: Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath. Ou que somente os grupos de Soul Music influenciam a música negra.

Mas o que dizer desta música do Rage Against the Machine?


Não percebeu nenhuma semelhança? Então ouça esta do Led Zeppelin:


A referência é óbvia. Mas tem algo nem todo mundo percebe: o RATM tem dezenas de elementos do Led.

Podemos passar a noite toda falando destas referências, mas aí teria de ser numa mesa de bar com um bom aparelho de som! Algumas bandas clássicas, para você ter um assunto a mais? Bem, além das que eu já citei - que você já deve ter ouvido pelo menos uma vez na vida: Beatles ( dã!!!!), Rolling Stones, Doors. Só pra citar algumas pra você ter uma idéia. Mas a lista é imensa. Agora uma dica: não existe clássico instantâneo, tipo, a banda lançou um disco e 'vira' clássico. A influência de um clássico só se percebe quando o tempo passa e a qualidade (as vezes nem tanto...) se impõe. Ocorre as vezes, que uma leva inteira de artistas se influencia por um grupo de bandas de outra época. É o que aconteceu no Grunge, por exemplo que tinha uma óbvia ligação com o Black Sabbath e Punk norte americano, especialmente o Black Flag. Ou estas bandas dos últimos cinco anos que se referendam claramente nos anos 80, como o Savages.

Semana que vem tem mais!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Sobre Covers&Originais: Faith (George Michael, 1987 - Limp Bizkit - 1995) - por Zeca Dom


George Michael é uma grande figura. Tem um grande histórico de grandes composições pop. Iniciou a sua carreira no duo New Wave, Wham!  junto com Andrew Ridgeley, (1981) fazendo-se conhecido pelo mundo com hits como 'Wake me up Before you  go go', 'Freedom' e 'Careless Whispers' - todos na mesma época. O grupo separou-se em 1986, e aí mr. Michael assume sua homessexualidade e manteve seu sex appeal em alta: lança o estrondoso sucesso, o albúm Faith em 1987 - rivalizando em dado momento o OUTRO Michael - o Jackson.


A música É quente. Com certeza. E o clipe também: um grande exemplo de produto bem - vendido: um cara bonitão, grande voz, extrema sensualidade nas letras e nas imagens. Aliás o George Michael apresentou muitos grandes sons com esta combinação bombástica. Como por exemplo, 'Freedom' - 1990 e 'I want your Sex' em 1987.


Alheio a New Wave, e  a geração MTV dos 80’s, novos modelos de música, particularmente a música pesada estavam sendo gestados à mesma época. Composições como 'Walk this Way' (regravada com o Aerosmith e RUN DMC - 1986) e o primeiro álbum do Faith no More - The Real Thing (1989), já anunciavam um novo estilo de música, relacionando Hip Hop, Rock e Heavy Metal.

Esta combinação iria resultar em gupos do quilate do Korn, Linkin Park dentre tantos. E claro, o Limp Bizkit.


Em seu primeiro álbum - Three dollar bill - 1997 - originalíssimo para época, em minha opinião - o grupo norte americano apresenta para o mundo as guitarras aparentemente cacofônicas de Wes Borland e o vocal desesperado do Fred Durst. E uma cozinha poderosísma apoiada pelo DJ Lethal. E claro, a total zoação sobre o trabalho de George Michael e seus modelos de sensualidade e estética da música pop mainstream: 'Faith', versão Limp Bizkit quebra qualquer show de rock: Guitarras Distorcidas - vinda de um músico que mais parece uma entidade - Peso, Scratchs, e a voz zombeteira de Durst, com total desprezo pela voz sensual de George Michael...


Valeu!!!!!!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Thesaurus: Ska por Zeca Dom


Ska: Corrente musical de procedência jamaicana, assimilado e bastante difundido pelos ingleses e os filhos de imigrantes na Inglaterra, que consiste basicamente numa versão acelerada da música jamaicana, podendo ter com uma seção de metais (trombones, trompetes, saxofones).

Este processo tem alguns momentos muito interessantes. O Ska é conhecido por ser música de Skinheads. Esta tradição vem, segundo alguns da década de 60, criando uma situação curiosíssima. Vide um dos hits daquele momento, Desmond Dekker e seu som 'Iraelites'. 


Como se vê, o Ska dos anos 60 estava bem próximo do Reggae e do Dub - outros dois estilos musicais eminentemente Jamaicanos.

As temáticas, de suas letras, apesar de algo divertidas, passaram a ter  um fundo contestatório de conotação anti-racista, no movimento conhecido nos fins dos anos 70, de forte influência punk, o Two Tone. Ótimos, e obrigatórios  exemplos:  

Selecter:

  
Specials:

Já nos anos  90 temos grupos de Ska espalhados no mundo em parte de influência inglesa no Pós Punk (pódexá que eu apresento este termo mais com calma nos próximos meses: post- punk!). Muita gente conheceu este estilo musical através de grupos como Migthy Mighty Bosstones, Goldfinger, Operation Ivy ou mesmo o Sublime.


Na virada do Século temos muitos grupos de Ska bastante legais. Ouvi por estes dias uma banda japonesa, a Oreskaband. As vezes ouvimos Ska sem saber que é: uma das divulgadoras do estilo musical  foi Ms. Amy Winehouse com sua versão de 'Monkey Man' – dos Specials

Sempre lembrando: o Thesaurus apresenta ideias beeemmm básicas sobre estilos musicais. Se você curtiu algum dos meus verbetes, dê uma olhada em outros links sobre o assunto!

Fica ae a Dica: Oreskaband!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Sobre Covers&Originais - Blue Suede Shoes (Carl Perkins, 1955; Elvis Presley, 1956; Toy Dolls, 1983) - por Zeca Dom


Originalmente gravada por Carl Perkins, regravada por grandes nomes do Rockabilly, tais como Buddy Holly, Eddie Cochran e, lógico, Elvis Presley, 'Blue Suede Shoes' é considerado o primeiro Rock n Roll gravado. Em termos práticos, a composição mantém ligação clara com sua origem no Blues rural dos fins XIX.

Mas claro, não é IGUAL a Blues: é Rock. Apesar de manter a sequência de notas, a mesma melodia, o padrão de Chamado - e - Resposta é, ainda assim, diferente: é mais rápido, utiliza outros instrumentos, outra temática e é dançante; é Rock, em última instância.

A música original de Perkins teve, seguramente, dezenas de versões. Algumas destas são mais conhecidas que outras: os clássicos do Rockabilly executaram ou gravaram; possivelmente, a versão de Elvis - 1956 -  é a mais conhecida.


Dentre tantas versões, destaco a versão do Toy Dolls. Esta, uma divertidíssima banda punk inglesa, usualmente faz versões em seus discos; em Dig that Groove - 1983, apresenta-se a versão do Clássico de Perkins.

O grande lance é que a versão dos Dolls possui algumas das características do Punk Rock: velocidade, simplicidade e a total crítica ao status quo, as tradições. No caso do Toy Dolls, esta "crítica" vem por meio do deboche a versão de Elvis e de Perkins. Por este motivo,  o vocalista - Olga - tenta cantar a versão original, sendo vaiado várias vezes pelo público e pela banda. Até que finalmente entra uma versão iconoclasta.


Semana que vem, estamos aí!!!!!!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Inesquecível! Johnny Marr e There Is A Light That Never Goes Out

Johnny Marr fez um show no Lollapalooza Brasil 2014 surpreendente. Foi tenso...

O cara mandou, além do seu som solo, que eu descobri ser muito bom, vários sons do Smiths. Era a expectativa que todos tinham do show do Morrissey, mas aconteceu em bem menor quantidade.

Johnny Marr
Rolou 'Stop Me If You Think You've Heard This One Before', 'Bigmouth Strikes Again', 'How Soon is Now' e finalizou com o momento inesquecível do post, 'There is a Light That Never Goes Out' (que o Morrissey mandou no show dele, mas por incrível que pareça, sem tanta propriedade).

Johnny Marr foi um dos fundadores do The Smiths e era o guitarrista da banda. Apesar de não ser o nome mais expoente do grupo, é citado com frequência como grande influência do rock britânico. Além disso, foi considerado o 51o melhor guitarrista de todos os tempos pela revista Rolling Stone e 21o pela marca de guitarras Gibson. Tá bom?

Além do The Smiths, que acabou em 1987, Johnny Marr tocou com outras bandas como o The The, fazendo parte da formação que lançou dois discos, em 1989 e 1993. Junto com Bernard Sumner (vocalista do New Order), fundou o Electronic, que esteve atuando de 1988 até 1999. Além disso, integrou a banda de indie rock americana Modest Mouse, criada em 1993 e que está por aí até hoje.

Resumindo, o cara não é qualquer um. E não é qualquer um que consegue causar tamanha comoção no público com apenas alguns acordes. Sente os gritos no início da música, no refrão e na galera cantando junto. Por sorte, eu era uma dessas pessoas.

Arrepiante e inesquecível.



segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Thesaurus: Heavy Metal - por Zeca Dom


Heavy metal: grande termo agregador do chamado ‘rock pesado’, que na verdade passou a conter um grande número de variantes como o speed metal, o trash metal, o black metal e tantos outros: todos são metal. Alguns elementos visuais e sonoros se repetem - a temática masculinizada, couro preto, motos, temas esotéricos, guitarras distorcidas e vocais poderosos. Vejamos alguns exemplos.

Saxon:

Motley Crue:

AC/DC:

Iron Maiden:

Todos dos anos 80, com diferenças gritantes entre eles até aos ouvidos não treinados. 

Nos últimos 30 anos dezenas de estilos variados são associados ao metal: grupos como Limp Bizkt, Kyuss, Meshuggah ou Tool. Díspares até, e todos metal. Observe, a título de exemplo, este som do Limp Bizkt de seu primeiro album, Counterfeit:

 

Alguns fãs insistem que a base do Heavy metal está na tríade de bandas inglesas dos anos 60: Black SabbathDeep Purple e Led Zeppelin. Esta idéia não é compartilhada por autores como Ian Christie (Heavy Metal: A História Completa), ou completada pelo The Rough Guide to Heavy Metal by Essi Berelian. Estes apontam elementos do estilo no riff agressivo dos Kinks em 'You Really Got Me' (mais tarde ‘recuperada’ pelo Van Halen) e no Stepenwolf em 'Born to be Wild' (‘heavy metal thuder’!).

Existe diferença? Na dúvida ouça todos em volume 10! 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Sobre Covers&Originais: Fuel My Fire (L7 - 1994; Prodigy - 1997) - por Zeca Dom


Um dos meus desafios como DJ é conseguir mostrar para o público o quanto as bandas são boas e vão além de hits óbvios. E é muito complicado: todo mundo gosta de ouvir o grande hit de uma banda, numa balada, naquela ‘grande hora’. Mas ao mesmo tempo perde-se muito do que o grandes artistas tem a oferecer.

É este o caso do Prodigy e, para os amantes de rock básico, o L7. Deixe eu falar um pouco pra vocês sobre estas duas bandas aparentemente desvinculadas.

O Prodigy é bastante conhecido nas pistas. Eles lançaram composições matadoras nos anos 90 e, possivelmente, ainda mantém as melhores perfomances ao vivo. É o caso de 'Firestarter', 'Breathe' e, lógico, 'Smack my Bitch Up', com o seu clipe e sons definitivos. E todos estes hits são do mesmo album, The Fat of The Land (1997) .


Um dos grandes lances do Prodigy, é a aproximação  da música eletrônica com o Rock: eles utilizam guitarras elétricas e baterias ao vivo em suas performances. Esta energia única fez deles um grupo extremamente singular, extrapolando os limites a música eletrônica, e não sendo uma banda de um único album. Dá uma olhada neste link aí, aliás, sugestão de trilha sonora para nosso post semanal:


O L7, por sua vez, é uma banda feminina dos fins dos anos 80, de rock básico (baixo, guitarra e bateria) associadas a cena Grunge. Elas vão alcançar a notoriedade no Brasil em seu belíssimo Bricks Are Heavy em 1992. Este álbum, produzido por Butch Vig - o cara que produziu o Nevermind do Nirvana no ano anterior - tem um som rápido, pesado, guitarras de quem sabe o que faz. Possui grandes momentos: 'Everglade', 'Pretend We're Dead' e a  música que faz trilha sonora no filme Natural Born Killers (1994), na sequência inicial, protagonizado por Julliette Lewis: 'Shitlist'.


O encontro destas duas forças musicais - Prodigy e L7, ocorre na música 'Fuel My Fire'. Esta, um petardo do album Hungry for Stink das meninas, é bem 90: bateria rápida, e um riff pesado e um refrão de pura energia: ‘People like You Just Fuel My Fireeeee!!!!’

O Prodigy nos brinda então com a versão, que passou batido pra muitos, na última faixa do Fat of The Land. O Resultado foi este:


Coisa rara: duas versões ótimas, feitas na mesma época, a cara dos anos 90: a tensão entre a música eletrônica e o a volta do Rock Básico do Grunge.

Semana que vem estamos aí!!!!!!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Inesquecível! Michael Jackson e The Jacksons

Quando se trata de Michael Jackson, quase tudo é inesquecível, mas em 2001 houve uma apresentação televisionada que entraria para a história.

Dias 07 e 10 de setembro foram realizados dois shows em homenagem aos 30 anos de carreira solo de Michael Jackson. Estas apresentações foram transmitidos em novembro (eu tinha na minha mente que era em outra data, mas parece que não) do mesmo ano, de forma editada, em um especial de 2 horas pela CBS nos Estados Unidos.


A apresentação toda e as homenagens foram memoráveis. Mas houve pouco mais 10 minutos muito especiais, quando anunciados por Elizabeth Taylor, Michael entra para fazer um medley com o The Jacksons.

Inicialmente como Jackson 5, os 5 irmãos começaram a banda em 1964 e fizeram muito sucesso, contratados pela gravadora Motown. Em 1975, reclamando da falta de liberdade de criação na Motown, assinaram um contrato com a Epic Records. Deste momento em diante, passaram a chamar-se The Jacksons, pois a antiga gravadora ficaria com os direitos sobre o nome e o logo original da banda. Dos 5 irmãos, apenas Jermaine, casado com a filha do dono da Motown, mudaram de gravadora. Para continuar como um grupo de 5, o irmão mais novo Randy, substituiu Jermaine.

E o que fez da apresentação de 2001 histórica? O fato de ter sido a primeira reunião do grupo desde o seu fim. Além disso, foi uma apresentação que contou com os 6 irmãos Jackson. E claro, foi uma das aparições de Michael Jackson, que sempre levavam o público ao delírio.

'Can You Feel It', 'ABC', 'The Love You Save', 'I Want You Back', 'I'll Be There' e 'Shake Your Body (Down To The Ground)' foram as músicas escolhidas e que você pode ver nos vídeos abaixo. Eles também tocaram 'Dancing Machine', com o N'Sync, banda do então muito jovem Justin Timberlake, considerado por muitos, o substituto do rei do pop, mas claro sem toda a sua majestade.

Aproveitem a nostalgia. Pois muita gente que ama estes caras, nunca tiveram a oportunidade de vê-los ao vivo, nem pela TV. Inesquecível!





segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Thesaurus: Psychoabilly e Rockabilly - por Zeca Dom

Psychoabilly: Literalmente, ‘rockabilly psicótico’, seria uma leitura punk do som clássico dos anos 50. Tem como seu grande expoente, o grupo The Cramps


Rockabilly: chamado também de ‘Rock básico’ ou mesmo de Rock Clássico’, refere-se particularmente aos primeiros grandes sucessos do rock norte americano dos anos 50.


O mesmo termo também foi utilizado para referir-se ao grande revival desta sonoridade no início dos anos 80, como foi o caso dos Stray Cats:

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Sobre Covers&Originais: Are You Experienced? (Jimi Hendrix, 1967; DEVO, 1984) por Zeca Dom


Posso afirmar com certa tranquilidade que, qualquer ser humano que se diga apreciador de Rock, ainda que eventual, deve ter visto ou ouvido algo de Jimi Hendrix. Seu trabalho musical, sua imagem e sua época tornou-se um dos ícones relacionados ao rock: psicodelia, rock, guitarrras, sexo, drogas, excessos. Estas imagens confusas possuem quase sempre, um guitarrista negro, vestido como cigano, comandando os trabalhos com sons e solos alucinantes com luzes estroboscópicas e caleidoscópicas.



O trabalho de Hendrix - e das grandes bandas da década de 60 - tem um viés criativo explícito, e também um aspecto tecnológico não tão evidente: a inovação do uso da guitarra elétrica e das técnicas de produção fonográfica. A música e o album homônimo de 1967 possuia aqueles três elementos. Na produção, trechos de guitarra e bateria foram gravados e executados ao contrário, por exemplo, causando uma sensação de vertigem; o uso, relativamente recente, da captação eletromagnética nas guitarras, foi explorada com maestria por Hendrix tirando sons e ruídos. Recorde, por exemplo, a clássica interpretação do hino americano intercalado por sons de bombas caindo - clara referência a guerra do Vietnã, em pleno curso em 1967.

  
As inovações tecnológicas tem influência determinante na qualidade e no potencial criativo dos artistas. Isto ocorreu nos anos 60 e também na década de 80. Nos anos posteriores a Jimi Hendrix, desenvolveram-se novos tipos de artefatos que alteraram ainda mais a produção musical: computadores e sintetizadores, a base da chamada música eletrônica contemporânea.

Uma tendência musical fortemente orientada nestes equipamentos, típica do chamado Primeiro Mundo era chamada nas décadas de 70 e 80 de tecnopop  ou synth  pop (bastante distinta do Techno das décadas mais recentes!). Os grupos de musica pop foram fortemente influenciados por esta tendência ou mesmo aboliram totalmente o uso de guitarras, tais como o Depeche Mode e o DEVO.

Estes últimos, formado por colegas nerds de faculdade em Ohio, 1974, foram uma das bandas que mais inovaram no uso de sintetizadores e exploraram outros limites da música pop. Veio a ser conhecido pelo grande público no Brasil em diversas composições. Eu chamo a atenção de 'Beautiful World' (1981) popularizado na coletânea New Wave Mamão com Açúcar (1985), bastante saudosa para os quarentões.

Mas eles gostavam também de fazer versões, releituras de clássicos. É o caso por exemplo, de 'Satisfaction' (dos Stones) e 'Are You Experienced'. Nesta última, oriunda do grande fracasso comercial Shout, do mesmo ano, Jimi Hendrix é revisitado com sintetizadores em um clipe e música a cara do DEVO - referências kitch, clichês associados ao psicodelismo e o próprio cadáver de Hendrix fazendo o solo de 'Third Stone from the Sun' meio que invertido. E, se isso não bastasse, eles juntaram aí referências ao break dance (!!!)  e diversos samplers.

Por último, este trabalho foi feito com uma tecnologia inovadora para a época, o The Fairlight CMI (computer musical instrument). O resultado, como toda versão, tem seus fãs e seus desafetos. Eu mesmo gosto MUITO da versão do DEVO: muito engraçada e com um loop fantástico que dá a impressão de que a música está indo e voltando, assim como a composição original de 67.


Covers: como uma época 'relê' outra, acrescentando novos significados: este é o caso de 'Are you Experienced'. Semana que vem tem mais!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Inesquecível! Rage Against the Machine no SWU

O Rage Against the Machine tocou no Brasil uma única vez, sendo a principal atração de uma das noites da primeira edição do finado SWU.

O SWU (Start With Us) foi um festival que surgiu depois de muitas especulações sobre a realização de uma edição de Woodstock no Brasil. A semelhança entre os dois festivais fica por conta da realização em grandes espaços no interior do país (um no Brasil e outros nos EUA), mas param por aí. O SWU buscou alinhar o conceito da música com a sustentabilidade, promovendo diversas atividades dentro do evento.

Duas edições foram realizadas, ambas no estado de São Paulo. Em 2010, em Itu, tendo Rage Against the Machine, Linkin Park, Queens of the Stone Age, Dave Matthews Band, Joss Stone, Incubus, Sublime e Kings of Leon como os grandes nomes. Em 2011, desta vez em Paulínia, as principais atrações foram The Black Eyed Peas, Kanye West, Duran Duran, Lynyrd Skynyrd, Chris Cornell, Peter Gabriel, Stone Temple Pilots, Faith no More, Megadeth e Alice in Chains.

Em 2012 apesar de rumores de que a edição seria realizada na capital São Paulo, o festival não chegou a acontecer e desapareceu. Uma pena, pois era um evento com um perfil diferente de todos os atuais.

O Rage Against the Machine, banda de Los Angeles, começou em 1991 e lançou seu primeiro álbum em 1992. Em outubro de 2000, o vocalista Zack de la Rocha confirmou que estava de saída da banda e a mesma acabou. Em dezembro do mesmo ano ainda foi lançado o álbum de covers da banda, com versões pra lá de incríveis. A banda retornou em 2007 para uma série de apresentações. Neste meio tempo, os outros três membros da banda se uniram a Chris Cornell, ex-vocalista do Soundgarden e criaram a também bem sucedida Audioslave, mas que não durou muito.

A RATM fechou o primeiro dia da primeira edição do festival, realizando sua única apresentação no Brasil até aqui. Foi uma apresentação cheia de energia e eu tive a sorte de estar lá. Creio que nunca presenciei um início de show tão forte quanto o dos caras.

Mas mais forte que estar lá foi depois rever o show pela televisão (o que faço com frequência) e verificar a multidão pulando no início da primeira música. Inesquecível e chocante. Reparem no clima criado antes da banda entrar no palco com a sirene e a estrela, símbolo da banda, subindo no telão. Depois da criação do clima inicial, uma introdução forte e seca e o início de 'Testify', que começa baixo e aumenta o volume, levando a uma explosão de energia do público.

O show inteiro foi tão intenso que a a grade de proteção do público, de frente ao palco, caiu e a apresentação teve de ser interrompida para que fosse consertada (minuto 19 do vídeo abaixo).

Mas escrever sobre isso não adianta de nada. O importante é sentir! Por isso, vejam o vídeo abaixo. De lambuja, vai o show inteiro. Inesquecível mesmo, o início.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Thesaurus: Hip Hop e Samplers - por Zeca Dom


Hip hop: Variação da música negra urbana do inicio dos anos 80, que trabalha com vocais rápidos e falados (raps) e samplers, com batidas pesadas e sincopadas. Cabe lembrar que o hip hop agrega uma grande variedade de estilos e temáticas. Havia, por exemplo na década de 90 um estilo que enaltecia a violência, o gangsta rap de grupos como o NWA (sigla para Niggaz with Attitude) ou artistas solo como Ice T ou Snoop Doggy Dogg.

Ice T:

Existem também grupos que lidam com o questionamento da condição do negro americano na sociedade a exemplo de grupos como Public Enemy e Naughty by Nature, como o clássico 'Fight the Power' do PE:


Este mesmo estilo entrou em voga na metade dos anos oitenta com a sua combinação com o rock – um Crossover - feita inicialmente pelo grupo RUN DMC e o grupo de hard rock Aerosmith com a música ‘Walk this Way’:


O hip hop se internacionaliza e passa a ter sotaque: vide Control Machete ou Orishas - espanhol; Mc Solaar - veterano francês; Racionais, Gog, Marcelo D2 no caso brasileiro. E a internacionalização trouxe também temáticas  e adaptações variadas.


Sampler: literalmente, ‘amostra’. Os samplers tornaram-se muito populares no fim dos anos 80 e a sua utilização sugeriu repensar as idéia de autoria de músicas. O princípio é bastante simples: um artista ao ouvir uma determinada música, ‘pega emprestado’ um trecho da mesma composição e a utiliza em outra, tudo isso sendo feito com o auxílio das novas tecnologias dos últimos trinta anos. Algumas músicas com samplers são bastante fáceis de serem identificadas, outras não; os gêneros musicais que trabalham mais com DJ's tendem a usar e abusar deste recurso – hip hop e musica eletrônica.

Neste som do Gog - artista do DF - um dos samplers é do Jorge Ben Jor. O interessante é que você identifica o sampler, mas é outra música.

Semana que vem é nóis na fita mano!!!!