quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sobre Covers&Originais: Lovebuzz

Agora toda 5a feira, dia de Covers&Originais no blog: coluna de Zeca D - historiador, DJ e baixista! Bem-vindos!

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O Shoking Blue faz parte daquelas bandas ilustres (des)conhecidas. Possivelmente quase todos amantes de música pop - no bom e no mal sentido - já devem ter ouvido o hit 'Venus' ou uma de suas diversas versões:


O hit bombou na Europa no início da década de 70, chegando a marca de 13 milhões de vendas! E a música voltou em outra versão, desta vez pelo Bananarama em 1986 obtendo resultados semelhantes.

Todavia, nem todo mundo ‘mais novo' conheceu ou ouviu a obra daquela banda Holandesa (!!) psicodélica. E é aí que entra o Kurt Cobain do Nirvana. Este, muito mais conhecido, fez parte do megasucesso do Grunge  nos inícios dos anos 90, com hits de rock cru. Nem todos que se dizem fãs do Nirvana sabem que o Kurt era um colecionador de discos e grande conhecedor de sons não tão óbvios; no encarte do Incesticide (1992) por exemplo, tem um texto muito agradável do vocalista do Nivarna falando de como ele conheceu a vocalista da banda Raincoats (wiki da banda aqui!), grande desconhecida, apesar bem legal.

Voltando ao assunto: o Nirvana, graças a pilha do marido da Courtney Love, tornou conhecida muita banda e muita música desconhecida de grandes artistas, como o David Bowie (em 'The Man Who Sold the World') e Vaselines ('Mothers Lips'). E este foi o caso do Shockin Blue. Olha só se vocês não conhecem esta: 


Não reconheceu? O Nirvana revisitou de forma magistral no seu primeiro LP, Bleach, a faixa Lovebuzz, aliás primeiro compacto daquele lançamento de 1989:


A original do Shocking Blue é psicodélica ao extremo, com aquele ar meio árabe, falando das tensões da vocalista; já a versão do Nirvana é nervosa ao extremo, com uma linha de baixo e bateria pesadíssimas e uma guitarra ligada emitindo um feedback constante antes de entrar num ataque agressivo de uma nota só (dê uma ouvida entre os 00:56 e 1:00: feedback é aquele zunido – buzz, literalmente antes da guitarra aparecer) e de um jovem rapaz desesperado: can you hear my love buzz? can you hear my love... buzzz!!! junto com uma guitarra igualmente tensa.

O grande lance do Nirvana - o que o  tornava genial aliás - é que, na crueza, no rock, eles conseguiram dar algumas boas aulas de como o pop e o rock são bem próximos e se confundem facilmente  com uma roupagem adequada e um público idem.

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