segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Arctic Monkeys - 14/11/2014

Quando soube que teríamos Arctic Monkeys novamente no Brasil, me animei, pois os dois primeiros shows que havia visto da banda foram muito bons. Também porque o último álbum é bem bom e finalmente pelo fato de que o The Hives iria abrir o show dos caras.

Eu sempre falo do quanto eu odeio shows no Anhembi e como eu nunca mais vou a shows lá, mas desta vez a raiva é tanta que deixarei para falar da estrutura deste evento em um post a parte. E no que depender de mim, sim: deixarei de ir a shows no Anhembi, a não ser que sejam imperdíveis e de pista premium e de taxi.

Após finalmente entrar no show e conseguir ver o Arctic Monkeys, o que vi foi uma banda madura, bastante produzida, com um show bem técnico e super curto, para a infelicidade de quem queria mais. A boa notícia ao meu ver, é que ao contrário de bandas como o Kings of Leon, que depois de serem produzidos, só tocam baladas, o Arctic Monkeys ainda toca bastante coisa do seus dois primeiros álbuns.

O setlist foi:

1. Do I Wanna Know? 
2. Snap Out of It 
3. Arabella 
4. Brianstorm 
5. Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair 
6. Dancing Shoes 
7. Teddy Picker 
8. Crying Lightning 
9. No. 1 Party Anthem 
10. Knee Socks 
11. My Propeller 
12. All My Own Stunts - tem vídeo
13. I Bet You Look Good on the Dance Floor 
14. Library Pictures 
15. Why'd You Only Call Me When You're High? 
16. Fluorescent Adolescent 
17. 505 - tem vídeo 
18. One for the Road (bis)
19. I Wanna Be Yours (bis) 
20. Mardy Bum (bis)
21. R U Mine? (bis) 

O show começou com uma das pedradas do novo disco 'Do I Wanna Know?' e já botou a galera para cantar junto. Quando a barulheira de 'Brainstorm' começou foi possível ver bem que era fã da banda desde o começo e quem conheceu a banda nesta fase produzida e com músicas mais calminhas. Enquanto uns pulavam que nem doidos, outros olhavam meio incrédulos sobre o que estava acontecendo no palco. A sessão dançante continuou com 'Dancing Shoes' e achei quase um absurdo não terem tocado 'When the Sun Goes Down', que ao meu ver, é onde tudo começou e nunca deveria ser deixada de fora do setlist da banda.

'I Bet You Look Good on the Dance Floor' e 'Why'd You Only Call Me When You High' fizeram outra sequência em que o povo dançou e cantou junto, sendo que a primeira música é para botar o esqueleto todo para mexer e a segunda é uma música brilhante e boa de seguir, enquanto a banda está no palco: é só cantar junto!

'Fluorescent Adolescent' pode ser o maior sucesso da banda, talvez não comparando com os novos sucessos do álbum AM (ainda estou e dúvida). Definitivamente esta foi uma das músicas mais cantadas da noite e devia ter encerrado o set principal de músicas. Mas aí eles resolveram encerrar com o '505', que nem de perto, no meu ponto de vista, é uma das melhores músicas dos caras. Então a pausa, antes do bis, terminou de maneira meio caída. Ao meu ver, péssima escolha.

O bis veio bem, mas só bombou mesmo com 'R U Mine?', que era a música mais esperada da noite e foi a mais cantada.

Um show com alguns hits, mesclando a antiga e nova fases da banda. Mas na maior parte, ao meu ver, meio caído. Não é um show que separa baladas de músicas mais animadas, mas sim que separa aquilo que é genuíno e forte, das músicas mais produzidas e lentas e consequentemente hoje, mais conhecidas. Mas um bom show, que mesmo com 21 músicas, é muito curto. Uma banda que vem com tamanha expectativa, tocar apenas 1 hora e 30 minutos, é muito pouco. Mais um ponto negativo para os produtores, de quem falarei em outro post.

E ficam os vídeos de muito longe e bem tremidos, com a câmera velha de guerra segurando ainda a onda.

- All My Own Stunts


- 505

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Thesaurus: Pop (Parte 2) - Por Zeca Dom

“O Pop é um processo de constante roubo e imitação. Os músicos, compositores e produtores roubam suas idéias e frases misturando convenções e correndo para utilizar o último brinquedo de tecnologia. O Pop desenvolve-se não só pela criação de expressões, mas também por mantê-las no mesmo universo” (FRITH apud MARTIN: 2002, 05).

Vamos, inicialmente na primeira frase da definição: O Pop é um processo de constante roubo e imitação.

A música Pop é um produto como disse na semana passada. Todo produto tem seus consumidores. Mas o que nem todo mundo percebe, é que um produto tem rótulos, padrões diferentes, para diferentes gostos. A melhor comparação é a de um Supermercado:


Claro, que eu coloquei este vídeo do Radiohead pra provocar. As imagens de supermercado são assim: produtos iguais para consumidores iguais. O mais interessante é que muita gente se acha ‘única’ em seus gostos: tipo, alguns fãs do Radiohead. Mas esta grande banda acaba sendo mais um produto a ser copiado e imitado. Vide por exemplo, Coldplay:


Ou Keane:


Ora, em um supermercado, os produtos são organizados por seção e cada seção tem diversas marcas diferentes identificadas. Mas as  maioneses não são todas iguais? Fora o preço, porque escolhê-las? Este mistério ocorre com a música pop também. Pegue, por exemplo, o punk rock. Observe. O que difere: Offspring de Greenday? Estas duas bandas aliás, depois que acharam a receita de hits, se repetem. É o caso de 'Pretty Fly/Original Prankster'. As músicas são diferentes, mas os elementos são os mesmos, tanto da música como no clipe:



Quando se fala de roubo e imitação, ninguém disse que se rouba somente de outros grupos. Os artistas – não raro aliás – copiam a si mesmos. É o caso do Iron Maiden e de outros grupos ‘pegam a mão’ e se copiam por anos. Mas esta é a deixa pra semana que vem.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Circuito Banco do Brasil - 01/11/2014

No que dependesse de mim eu não teria ido ao Circuito Banco do Brasil deste ano em São Paulo. Já havia visto MGMT e achado terrível, não tinha vontade nenhuma de ver Paramore e já havia visto Kings of Leon duas vezes antes e o último show que tinha visto, não tinha curtido (ao contrário do primeiro, que gostei muito!). fazia algum tempo que minha noiva (de amiga, pra namorada, agora noiva) Marina queria ver o Kings of Leon e eu já estava a um tempo muito grande sem ir a algum show. Então lá fomos nós!

Para falar rapidamente sobre o dia, o Campo de Marte continua sendo um bom lugar para ver shows, apesar de achar um absurdo o aeroporto continuar aberto a pousos e decolagens durante o evento. Quando chegamos começou a chover bastante, coisa que não acontecia há tempos em São Paulo e tanto os orientadores da entrada, como os organizadores dos stands dos patrocinadores não tiveram nenhuma dó do público. Parou para se proteger da chuva? Eles te mandavam de volta para a chuva, pois ali não podia ficar.

Estrutura de banheiro pequena, caixas lentos e com sistemas de cartão que não funcionavam direito e filas imensas nos bares pelo fato de terem equipes muito pequenas trabalhando. Uma pena, pois tudo isso me fez perder várias músicas de quase todos os shows.

Skank
Não estava programado para chegar para este show, mas acabamos chegando do meio pro fim. O tempo nas filas para comprar ficha e cerveja me deixou ver apenas a última música. Mas ouvi e dancei nas filas. Como sempre o Skank faz bons shows e cheios de hits.

O setlist foi:
1. A noite 
2. É Uma Partida de Futebol 
3. Uma Canção É Pra Isso 
4. É Proibido Fumar (cover do Roberto Carlos)
5. Saideira (versão do Santana)
6. Canção Noturna 
7. Ainda Gosto Dela 
8. Ela me deixou 
9. Jackie Tequila 
10. Três Lados 
11. Vou Deixar 
12. Garota Nacional
13. Helter Skelter (cover dos Beatles com participação da Cachorro Grande) - tem vídeo

Como podem ver, só clássico. Mas perdemos quase tudo. Fica o vídeo da última música, com a Cachorro Grande, tocando Beatles, para aliviar a perda (máquina debaixo de chuva, ferrou o zoom e o áudio).


MGMT
Perdemos o início do show nas filas do banheiro e da cerveja. E de verdade, não perdemos nada. Tanto quanto no Lollapalooza, achei este show parado, chato, burocrático, enfim, insuportável. Prestamos atenção nas músicas mais conhecidas e pronto.

O que mais me marcou neste show foi que a minha câmera, que tira estas fotos lá longe e que faz estes filmes todos tremidos que posto aqui, começou a dar sinais de fim de carreira. O zoom travou, na hora que gravava uma música do MGMT, tive problemas com as lentes. E neste show, ela tomou bastante chuva. Em breve novidades da companheira de guerra.

MGMT e muita chuva
Para quem quer saber, segue o setlist.
1. Flash Delirium 
2. Time to Pretend 
3. Cool Song No. 2 
4. It's Working 
5. The Youth 
6. Of Moons, Birds & Monsters 
7. Introspection (cover do Faine Jade)
8. Electric Feel 
9. Kids 
10. Alien Days

Como eu já tinha feito um vídeo de 'Electric Feel' no Lollapalooza, confesso que não me senti nada mal de não gravar nada deles.

Paramore
Sério? Baita banda adolescente, que saco! Mais uma vez perdemos o início do show nas filas do banheiro e do bar. Voltamos para ver um pouco da banda, afinal, ninguém conhecia muito. Só aquilo que a gente ouve na 89, A Rádio Rock.
Paramore liderado pela Hayley Williams

O setlist foi:
1. Still Into You 
2. That's What You Get 
3. For a Pessimist, I'm Pretty Optimistic 
4. Ignorance 
5. Pressure 
6. Decode 
7. The Only Exception 
8. Last Hope 
9. Brick by Boring Brick 
10. Misery Business (link desta música e participação do público abaixo) 
11. Let the Flames Begin 
12. ("Oh Father" outro)
13. Part II - tem vídeo (com áudio péssimo por causa da máquina molhada pela chuva)
14. Proof 
15. Ain't It Fun

Grata surpresa! Pelo som? Nem tanto. O som é de fato adolescente e não dá uma grande vontade de ficar ouvindo a banda (apesar de umas músicas mais rápidas até legais). Mas eles tocam muito bem e a vocalista, Hayley Williams, além de ser uma gata de apenas 25 anos, canta demais (na última música parecia até que eu estava ouvindo uma música dos anos 80 com a Mariah Carey e isso não é algo depreciativo)!!!! E não só isso, a mulher é carisma puro.

Bate cabeça, conversa com o público, tem um swing legal e faz a molecada ficar vidrada no show da banda. Em certo momento, chamou uma fã ao palco (o que parece acontecer sempre) para terminar a música 'Misery Business' com a banda. A fã, Aline, subiu e arrebentou: cantou no tempo certo, bateu cabeça, fez os mesmos passos da vocalista e deixou a banda em êxtase. Pena o microfone estar tão baixo. Olha aqui como foi animal! Baita dueto das duas meninas.

Mas é isso. Quando você vê algo assim no show, rola a certeza de que a banda e o público conectaram. E por isso, valeu ver o que deu tempo do show do Paramore. Se é esse tipo de educação rock and roll que a molecada vai ter, que bom!


Kings of Leon
Kings of Leon
Eu sou um grande fã do primeiro disco do Kings of Leon. Os discos que vieram após trouxeram uma pegada mais balada que não me agrada tanto, mas levou o grande público a gostar e lotar o show dos caras.

Vi o primeiro show da banda num TIM Festival quando só existia o primeiro disco e pirei. Vi o segundo num Planeta Terra e achei chato demais. Este terceiro show, na minha opinião, supera o último que eu havia visto e me faz chegar uma conclusão assustadora: poucas bandas atuais tem tantos hits para tocar em shows como estes caras. Talvez apenas o ColdPlay. É uma pedrada atrás da outra.

O setlist foi:
1. Supersoaker 
2. Taper Jean Girl 
3. Fans 
4. Family Tree 
5. Mary 
6. The Bucket 
7. Closer 
8. The Immortals 
9. Knocked Up 
10. Pyro 
11. Temple - tem vídeo 
12. Radioactive 
13. Molly's Chambers 
14. Don't Matter 
15. On Call 
16. Notion 
17. Cold Desert 
18. Use Somebody 
19. Crawl (bis) 
20. Black Thumbnail (bis) 
21. Sex on Fire (bis)

O show começa com uma pedrada atrás da outra e galera num êxtase difícil de explicar. Depois dá uma caída com algumas baladinhas, mas termina em alta com o maior hit da banda, 'Sex on Fire'. Uma pena que só tocam 'Molly's Chambers' do primeiro disco. Para mim, 'Family Tree' do novo disco é um baita som. Mas os caras tem moral, a banda é animal e confesso que sou fã da voz rouca do vocalista.

É uma energia diferente no show dos caras. Apresentação animada, mas sem aquelas músicas rápidas. Talvez seja eu que não entenda a proposta deles direito. Mas a Marina adorou. Então missão cumprida. E fica o vídeo do show dos caras, para que cada um tire sua conclusão.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Thesaurus : Pop parte 1 - por Zeca Dom


Simon Frith nos apresenta um franco entendimento da música Pop e indústria do Entretenimento: “O Pop é um processo de constante roubo e imitação. Os músicos, compositores e produtores roubam suas idéias e frases misturando convenções e correndo para utilizar o último brinquedo de tecnologia. O Pop desenvolve-se não só pela criação de expressões, mas também por mantê-las no mesmo universo” (FRITH apud MARTIN: 2002, 05). Caracterizar o Pop tão somente como produção de músicas ‘comerciais’ é muito inocente. Existem vários exemplos de músicas e artistas tidos como comercialmente inviáveis, que por truque do destino, caem nas graças do grande público tornando-se Pop no Mainstream. 

Esta é a definição técnica da coisa.

Mas como ela funciona na prática? O Pop tem um apelo óbvio de popular. Mas qual é a ligação entre Elvis, Iron Maiden e Madonna? É o que vou tentar explicar para vocês em uma pequena sequência de artigos.

Hoje, vou falar brevemente do caso do Rock Clássico e de Elvis. Mas durante as próximas semanas, vou detalhar frase a frase desta definição acima. 


A distância de tempo e no espaço deixa mais ou menos um período razoável para entender o fenômeno pop de Elvis na década de 50, já equacionada por muitos autores. Tem uma coisa que muita gente não se pergunta, mas é meio óbvio: como Elvis se destaca no meio destes caras como Jerry Lee Lewis:


Ou outro pianista, Little Richards:


Ou mesmo Bill Halley:


Um outro autor, Paul Friedlander 'mata' a charada e nos dá uma dica de entender o que é música pop: Bill Halley era muito velho; Little Richards era 'negro demais, louco demais' e gay - em uma época na qual discos de negros eram vendidos com capas com pessoas brancas. Ah sim, e Jerry Lee me fez o favor de casar com a prima de 14 anos, no auge do sucesso.

O Elvis? Bem, a cara dele já diz tudo - além de seu imenso talento, sem dúvida: ele é um grande pacote pronto para ser vendido: bonito, branco, talentoso e claro, cantava e rebolava como um negro. Tanto era, que só podia ser filmado da cintura pra cima, em determinada época de sua carreira.


Agora, primeira grande sacada da música Pop: ela é antes de tudo, um produto a ser vendido. E como todo produto, o pacote deve ser bonito, agradável e dentro dos padrões vigentes. 

Falar de música Pop vai tomar algumas semanas. Até lá!

Sobre Covers&Originais: Hey Hey Helen (ABBA - 1975 / Lush - 1990)


Este é um caso interessante, que acontece com muita gente: quando você ouve uma música de uma banda e surpreende-se em saber que ela não só é um cover, um cover improvável e pior, o original é surpreendentemente legal.

Isto certamente aconteceu com fãs de diversas bandas que, em seu desejo de homenagear seus ídolos (ok, ok, as vezes para sacanear mesmo…) eles acabam alavancando as carreiras dos veteranos. Um caso engraçado, por exemplo, ocorreu com o US3 quando do lançamento de seu grande primeiro hit de um grande álbum, Cantaloop (Flip Fantasia - 1993). Pegando sons de uma gravadora que caiu no esquecimento, receberam uma ligação da Blue Note Records agradecendo pelo resgate propiciado pelo mega sucesso do Acid Jazz.


Voltando ao tema de nosso post, o Lush, uma bela banda de belas vozes, e belas guitarras, lança seu álbum, Gala em 1990. O som delas era bem antenado com o momento do Indie rock Inglês - guitarras estridentes, linhas de baixo e baterias em frequência media, não raro usando uma batida dobrada, roubada do funk. Era então a época das guitar bands, contrastando com o Grunge Norte-Americano.


Aí eles me lançam um som bastante divertido no fim do disco - este, no geral super etéreo - que destoava um pouquinho mas nem tanto.


Tal não foi minha surpresa: era ABBA!

Aquele grupo nórdico, para muitos redimensionou o conceito de música pop (vide verbete!) - para desespero dos Beatlemaníacos. Faziam pop do mais puro que se tem notícia. Muitos os conhecem por exemplo, por 'Dancing Queen', mas eles fizeram muito mais. Curiosamente, nem todo ouvinte médio de ABBA conhece 'Hey Hey Helen'. Mas o grupo era tão pop  e ao mesmo tempo tão bem equilibrado, que conseguiram fazer o que muita gente rala pra fazer até hoje: rock n roll básico com guitarras distorcidas. E esta que é a Helen original:


Desnecessário dizer que o ABBA é, para muitos, sinônimo de cafonice. Mas de boa, eles tinham uma pose que nem dava de perceber isso. Aliás, muita gente nos 70s se vestia assim...

Gente, até semana que vem!!!!!!!