segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Bruce Springsteen - 18/09/2013

The Boss
Sério, eu não queria ter de fazer este post. Alguma coisa de difícil serão as próximas linhas para descrever em palavras o que foi o show do Boss, Bruce Springsteen, que voltou ao Brasil pela primeira vez desde 1988, também dando uma paradinha em São Paulo antes de sua apresentação no Rock in Rio.

Tinha alguma expectativa de ver o cara pelo artista que ele é, mas confesso que eu não sou um fã que conhece muita coisa. Então a ansiedade estava controlada. Já meus companheiros de show, Fabio e Otavio, estes sim, estavam ansiosos.

Espaço das Américas com sua chegada caótica como sempre (com uma estação de metrô na porta que praticamente ninguém usa, principalmente, porque o metrô deixa de funcionar antes do show acabar. Uma pena!). Desta vez fui de taxi por conta da lei seca e agradeci, pois olha o preço do estacionamento. Perdemos ou não a noção das coisas? Mas passado o momento revolta pela falta de organização nos locais de shows (não é a primeira vez que escrevo sobre isso), vamos ao que interessa.


O Fabio nos explicava antes do show que é padrão no show do Bruce Springsteen ele cantar uma música do país, na língua nativa. Que na Argentina ele não se sentiu seguro para isso e por isso, postou o vídeo da música que deveria ter rolado no show em seu site. Finalizada esta conversa, batemos mais papo, tomamos uma cerveja e o show começa, assim!


Sim, 'Sociedade Alternativa' de Raul Seixas, cantada na íntegra, em português e vamos combinar, com um puta arranjo de metais. Era o prenúncio de uma noite longa, que durou exatas 3 horas e 18 minutos de show, praticamente sem nenhum intervalo.

O setlist foi:
10. The River
12. Because the Night (cover da Patti Smith)
The Boss, sendo levado ao palco pelo público
13. She's the One
21. We Are Alive (bis)
22. Born in the U.S.A. (bis)
23. Born to Run (bis)
24. Dancing in the Dark (bis) 
26. Shout (cover do The Isley Brothers) (bis)
28. This Hard Land (bis)

Durante as músicas seguintes, The Boss falou com a galera, foi dar beijos em algumas senhoras que estavam na grade da área premium e encantou todo mundo. Em 'Spirits in the Night', a primeira aparição em um palco que estava no meio da galera, bem pertinho. Como pode ser visto no vídeo abaixo e no susto, de tão perto que estava. A besteira foi que parei de filmar quando ele parou e depois a música voltou (já peço desculpas) e na hora de voltar ao palco, mais uma dele: se jogou na galera e deixou a multidão carregá-lo de volta até o palco (foto acima). Foi demais...


Aí em determinado momento os cartazes com pedidos de músicas começam a ser recolhidos por ele, indicando as próximas músicas que seriam tocadas. Acredito eu, que sabendo o setlist, ele recolheu os cartazes, prevendo aquilo que viria pela frente. E mostrava o cartaz pra banda e pro público indicando o que vinha pela frente. Show de simpatia! E alguns outros cartazes também foram lidos, como por exemplo em 'She's the One', um cartaz onde um rapaz gostaria de pedir a noiva em casamento no palco e o Bruce topou. O resultado? Clique aqui pra ver.

The Boss interagindo com o público
O show continuou num clima espetacular, pois o cara é um show man (o maior que eu já na vida), super carismático com a platéia e tem uma energia invejável. 63 anos e em 3 horas e 18 minutos o cara mal parou. Além disso, qualidade musical impecável! 16 pessoas no palco (ele, The Boss, 5 metais, 2 guitarras, 1 baixo, 2 pianos/teclados, 1 percussionista, 1 violão/violino, 3 backing vocals) e quase todos eles ainda fazem backing vocal numa perfeição. Quase uma big band!

Um 'Because the Night' para dar uma animada na galera (não pela música em si, mas pelo hit) e no bis, que nem parecia bis, porque ele mal saiu do palco, veio uma pedrada atrás da outra. 'Born is the USA', 'Born to Run', 'Dancing in the Dark'. O momento mais divertido do show, 'SHOUT', numa energia louca e de verdade, ele estava ok, mas a platéia apesar de feliz, estava morta. Eu mesmo já não sabia quanto tempo mais ele tocaria. Parecia que não ia acabar nunca e de verdade, seria divertido se nunca acabasse.

A menina convidada a subir ao palco, ganhou uma rosa
e depois de abandonar a timidez, cantou
De repente uma piada ou outra sobre estar cansado e o cara estava ensopado. E a saideira! Uma das senhoras lá do início foi chamada de namorada brasileira do Boss e abriu um sorrisão. Ufa, acabou! Ufa mesmo? Não, que pena! E de repente, ele volta para mais uma. Só ele e o violão. Uma forma de agradecimento, depois de um discurso aparentemente sincero.

Eu já falei que sempre desconfio dessas falas de que o Brasil é a melhor platéia do mundo, que somos fodas e etc. Desde que começou o Rock in Rio tenho sentido alguns artistas de fato emocionados. Conversei com algumas pessoas que vêem show fora daqui e parece que a coisa por lá é mais fria mesmo. No caso do Bruce Springsteen, tendo sido a última visita em 1988, ele pediu desculpas pela demora e que estava bastante surpreso com a recepção do show, pois depois de tanto tempo, ele não sabia se as pessoas ainda acompanhavam o trabalho dele. E de verdade, se ele se emocionou com 7 mil pessoas, acho que ele arrebentou no Rock in Rio. Aí sim rolou a saideira e o show acabou...

Galera convidada pra cantar no palco
Descrever o show não é tarefa fácil. Pra quem vive a vida impulsionado por música, aspirar toda aquela atmosfera e ainda ter o exemplo de uma pessoa que faz o que ama e aos 63 anos está em melhor forma e com muito mais energia que eu, foi daquelas coisas que você só explica com um MUITO FODA!

Não foi só um show. Foi uma experiência de vida. Uma demonstração do porquê a música é tão importante para tanta gente. E uma noite que fatalmente ficará marcada na minha vida: a noite que vi um show FODA, o dia que vi Bruce Springsteen e entendi porque ele é chamado de THE BOSS.

Um vídeo como é de praxe para finalizar, com Bruce cantando The River:

6 comentários:

  1. Doca, é isto o que você escreveu e mais um pouco (ou muito), que é impossivel de colocar em palavras. O que tenho percebido com as pessoas que foram a este show é a necessidade de prolongar a experiência ao maximo: lendo todas as criticas, vendo todos os videos, seguindo o que estava rolando no Rio e, claro, sentar cedo no sofá para guardar lugar para assitir à transmissão do show no Rock'n Rio para tirar a prova: é sempre assim, ou aqui foi mesmo especial? O cara é muito FODA mesmo, como vc disse. Livros e filmes muito bons já tinham me feiito pensar na vida depois que sai deles. Mas nunca um show tinha me feito isto. Até este. U-A-U.

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    1. Pois é, a música me faz pensar na vida com frequência! :) Longa vida ao Boss!

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  2. Tarefa dura, Doca. De fato!
    Principalmente tendo em conta que a grande magia dos autênticos roqueiros parece ficar cada vez mais fora de moda.
    As composições honestas e performances de entrega absoluta da alma no palco começam a perder espaço para apresentações cada vez mais programadas.
    Não foi preciso ver muito para concluir e realmente acreditar que Bruce Springsteen respeita seu público. Com bem disse meu irmão, para ele, fazer um show é tão empolgante quanto ir a um show.
    O show foi fantástico! Em São Paulo e no Rio de Janeiro.
    Ao seu texto, acresço alguns pontos de vista distintos, vindos de fãs que o acompanham mais de perto, como meu irmão.
    Bruce não necessariamente recolhe apenas as placas que correspondem ao setlist. Segundo informações colhidas em entrevistas com membros da banda, eles ensaiam cerca de 200 músicas e, de fato, não sabem o que vai acontecer! (assim disse meu irmão).
    O público brasileiro pode não ser o melhor do mundo.
    Mas quando toca por aqui, todo artista vê que a coisa é diferente.
    Há explicação científica para isso, mas dessas que só se compreende numa mesa de bar, após a terceira dose.
    Abraço!!!
    Tavico Pimentel

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    1. Bom saber que a recolha de placas é mais uma improvisação de quem respeita o público. E de fato o público brasileiro pode não ser o melhor do mundo, mas cada vez mais me convenço de que ele é de fato foda.

      Quanto ao bar, quando?
      Abs

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    2. Rapaz, achei uma coisa interessante. A revista Rolling Stone elegeu os melhores artistas/bandas ao vivo em atividade em 2013, que fizeram turnês nos últimos 05 anos e sem anúncio de aposentadoria. Adivinha quem está na frente.
      http://www.rollingstone.com/music/news/50-greatest-live-acts-right-now-20130731

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