quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Saga das Duas Palhetas

Caros, me permitam postar aqui o texto escrito no Facebook pelo amigo Francisco Chaves sobre a saga para conseguir duas palhetas do Metallica! Espero que curtam o texto como eu curti!

A Saga das Duas Palhetas
Por Francisco Chaves

Abaixo o relato de um apaixonado por Heavy Metal, que esperou mais de 12 horas para cumprir um objetivo que começou em Janeiro de 2010.

Alguns discordam, mas eu não conheço fã de um estilo musical mais apaixonado por sua música do que o metaleiro. Podem falar o que for: música muito pesada, barulhenta, do mal, sem sentido, e até: musica do demo. E é por causa desse tipo de música que eu, certas vezes, faço coisas que mais parece um ato ‘adolescentico’ sem sentido, mas que no fundo, me alimenta desde que eu me entendo por gente.

Esta história começa em 2010, quando eu havia me prometido que: vou ver um dos dois shows do Metallica na grade e vou pegar uma palheta! O show de sábado eu não consegui comprar para pista VIP, então, deixei para domingo, consegui chegar na grade, ao fim do show uma ‘chuva’ de
palhetas passava por cima de mim, e eu não consegui pegar nenhuma. Ok, todos sabem que aquele domingo foi especial, eu não posso reclamar! (abaixo o porquê)


25 de setembro, 2011

Eu e um casal de amigos nos encontramos na praia do flamengo para caminharmos até o castelo e pegar o bendito ônibus especial que nos levaria até a cidade do rock. No papo dentro do ônibus, chegamos a mesma conclusão: que estamos ficando velhos e ficando sem paciência para aturar grandes multidões. Então combinamos: vamos achar um local legal para assistir aos shows, vamos descansar durante o show das bandas que não nos interessavam e estar prontos para as grandes
bandas, sem pressão, empurra-empurra ou qualquer outro tipo de confusão.

Chegando a cidade do rock, fomos nos habituando ao local, eu fui atrás de comida. Nos surpreendemos com a grande e organizada estrutura, nem parecia que aquilo era Brasil. Meia hora dentro da cidade do rock, já havíamos combinado tudo que conversamos no ônibus: NADA DE CONFUSÃO! Fomos assistir ao show do Korzus no palco sunset, sempre naquele esquema, tranqüilidade. Show aliás que me surpreendeu muito, pesado, empolgante, BOM (mas não vim fazer resenha de show).

Depois do show do Korzus, falei para esse casal que ia dar uma volta, e eles iriam descansar no show do Angra, primeira vez que descumpro o que havia combinado. Encontrei mais dois amigos (CP e Marcio) e caminhamos um pouco (lembram que eu deveria estar descansando?). Encontrei mais 3 amigos, e fomos atrás de comida, fiquei uns bons 40 minutos na fila da pizza (lembram que eu deveria estar descansando?). Comemos e fomos para o palco mundo. Chegando lá, decidimos ficar
parados num local bom para ver os principais shows. Caminhamos um pouco para frente, sempre aquela dificuldade, muita gente sentada enquanto rolava o show da tal banda Gloria, e eu posso dizer a vocês: pessoas sentadas no meio de uma multidão, não ajuda! É mais difícil de se locomover. Eu pensava em vários momentos: "Eu deveria fazer o mesmo, usar um show menos atrativo e as trocas de bandas para sentar"! Meus pés já doíam bastante, as pernas também. Um dos meus amigos, João, ficou com vontade de ir ao banheiro, e eu disse a ele que não iria acompanhá-lo. Demoramos para chegar onde estávamos (bem ao lado da mesa de som): ‘João, me encontra aqui depois’.

Foi neste momento que olhei para o palco e pensei: “eu acho que da pra chegar lá, eu quero uma palheta do Metallica, e vai ser hoje!”. Durante o show do Gloria, era muito difícil a locomoção! muitas pessoas sentadas, paradas, batendo papo e isso dificulta demais na hora de ir se espremendo. Acho que durante o Gloria consegui avançar no máximo uns 5 metros e nada mais. Entre Gloria e Coheed and Cambria, consegui avançar mais um pouco. Olhava para trás e via a mesa de som (onde comecei) muito perto, as costas doíam demais (lembre-se que em momento nenhum eu sentei, nem por um misero minuto).

Começa o show do Motorhead, a galera se empolga. E como uma onda me levando para frente, consigo avançar uns bons metros. Perfeito, eu pensava... A galera dá uma esfriada, e eu vou tentando avançar aos poucos. Eu sabia que a música Ace of Spades faria com que o pessoal se empolgasse novamente, e seria uma nova oportunidade para avançar mais. A tática é simples, quando as rodas se abrem, muitos se afastam andando para atrás, basta vc ir para frente, passar da roda, e você
ganhou muitos metros. No meio do caminho vc toma uns trancos fortes, faz parte. A música não vinha, eu sabia que eles iam tocá-la, mas ia ficar para o fim do show.

Um detalhe importante sobre ir chegando perto da grade é que, pessoas cada vez mais vão tomando conta de seus lugares com mais força, como se fossem pássaros guardando seus ninhos cheios de filhotes. A bendita música começa a ser tocada e a galera se empolga mais uma vez, BINGO! Eu ganho mais alguns metros, nesse momento eu paro, pois era impossível avançar. Penso: “assim que acabar esse show, vou sentar, não agüento mais!” O Show acaba e como num piscar de olhos, todos a minha volta estão sentados, e eu em pé, sem espaço para sentar. Olho para trás e vejo a mesa de som mais distante, mas ainda não tenho muita noção se estou de fato perto da grade ou não. Olho para cima e vejo que ainda não cruzei as 3 linhas da tirolesa que havia na frente do palco: o caminho era longo.

A montagem de palco do Slipknot demora mais do que o esperado. Eu começo a mexer meus pés, mudá-los de posição, tentava encontrar uma maneira que os fizesse doer menos e para piorar, a banda entra sem musica. Faz um clima, demora a se soltar e aí já estavam todos em pé, mas para chegar onde eu queria, eu precisava do agito da galera. Era impossível ganhar espaço no: "licença, licença". Você pede para passar, o cara nem se mexe, você força, ele força contra, e quando você
vê, você não saiu do lugar. Eles enfim iniciam a primeira música. Mais uma vez aquela onda, eu nem preciso fazer força, vou andando para frente, ganho muitos metros, a galera acalma, eu consigo avançar mais um pouco. Nesse momento me deparo com um grupo de amigos onde havia uma menina morrendo de sede, cansada, quase desistindo de ficar ali. Ela implorava por água e num instante de distração, deu um passo para trás, e eu, meio que na diagonal, tomei o lugar dela. Acreditem, cada lugar ganho era uma vitória. Foi nesse momento em que percebi que já estava perto da grade, pois um fotógrafo levantou a câmera em direção a galera e se eu tava vendo a câmera bem, é porque faltava pouco. O Slipknot agitava bem a galera, e num certo momento, pediu para que todos se abaixassem, aí eu pensei: “Vou abaixar, na hora de pular e eu saio correndo para frente”. Não deu outra, ganhei mais alguns bons metros. Fiquei ali, o show acabou, e consegui, mais ou menos contar quantas pessoas faltavam para a grade. Apenas 9 pessoas.

Passei a montagem do show do Metallica inteiro ali, sabendo que quando a primeira nota fosse tocada, mais agito viria, e eu conseguiria ganhar mais alguns metros. O problema de estar a 9 pessoas da grade, é que aquelas ondas que te levam para frente, onde você ganha alguns metros, nesse caso, te levam para o lado ou para trás, então, a partir desse momento, era pessoa a pessoa.

Começa a montagem do palco do Metallica. As pessoas estavam exaustas! Eu estava morto! Tudo doía! Ali onde estava era bem apertado, muito quente, sem água. Eu sabia que na primeira música do Metallica, a galera ia se mexer. Apagam-se as luzes, Ectasy of Gold começa, e a banda sobe ao palco. Consigo avançar pouco. Mas estava mais perto e fiquei mais umas 6 músicas no mesmo lugar. Aí, na Master of Puppets, o povo se agitou mais uma vez, e eu consigo avançar. Estava a 3 pessoas da grade e ali fiquei até a ultima música. Eu sabia que quando Seek and Destroy começasse, eu teria alguma chance. Ela mal começou e eu consegui avançar mais dois lugares: estava uma pessoa da grade.

Quando a produção do show começou a jogar as bolas, eu pensei: 'a galera vai tentar tocar na bola, é a minha chance'. O cara que tava na minha frente, tentou dar uma de goleiro. Sei lá porque ele tentou agarrar a bola: era enorme, não tinha como agarra-lá sem perder o equilíbrio. Ele se jogou, e se inclinou para o lado, eu vi a grade ali praticamente vazia, estiquei o braço, segurei nela e em seguida abracei: tava eu lá! Esperei a música acabar, aí era só esperar a chuva de palhetas.

A primeira onda passou, na hora eu pensei, vai acontecer de novo, não vou conseguir pegar. Kirk Hammet enche a mão, vem na minha frente e joga um monte de palhetas, eu salto de mão aberta, e fecho a mão assim que sinto a primeira palheta bater. Tava lá! Dentro da minha mão! Em seguida vieram mais e mais palhetas. Uso a mesma tática e dá certo outra vez. Estou satisfeito, era hora de ir embora. Olho pro lado, um cara me pergunta: você pegou duas? Sim, porque? Pô cara, me dá uma aí! Eu não consegui, é o meu sonho... Não cara, sinto muito, mas eu lutei um dia todo por isso, da próxima você irá conseguir, acredite, boa sorte...

Indo em direção a saída, eu percebi que mal podia andar. Estava com muitas dores, mas eu tava tão feliz e realizado que eu só pensava em mostrar para todo mundo as minhas palhetas!

Obrigado a Uplay, que me presentiou no fim do ano passado com o ingresso do Rock In Rio. :)

E o recompensa...

5 comentários:

  1. Eduardo, permita-me colocar o "mode mãe orgulhosa" em ON.
    Procurei transmitir aos filhos o amor pela música e parece que consegui.
    Confesso que custei um pouco a me render à qualidade do Metallica.....rsrsrs
    Seu blog é excelente e a coluna da esquerda me diz que vc tem muitos shows excelentes para assistir!
    Abraço e parabéns pelo blog!

    Rita Caetano (a mãe do metallicamaníaco)

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  2. Opa! Aqui mãe pode tudo! A minha própria já andou corujando este blog! E o texto do seu filho está simplesmente sensacional!

    A paixão pela música aqui é de família também! :) E que bom que gostou do blog! Show é algo que me dá energia e faço questão de ir a tantos quanto posso!

    O blog é de todos! Passe e comente quando quiser! :)

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  3. Perdigão, o relato do Francisco foi parecido com o que passei :-)) não queria as palhetas, mas sim ver o metálica na grade! Foi o show de uma vida!! Ta lá: legião no metropolitan, Guns no RIR 2, U2 360 em tampa e Metallica no RIR 2011

    Dica para chegar perto da grade (20 a 30 fileiras atras): siga o vendedor de água, ele sempre chegara em lugares impossíveis! Depois é só travando uma luta corpo a corpo como o Francisco fez....

    Parabéns pelo sonho conquistado Francisco ! Parabéns Perdiga pelo Blog!!!

    Abs Facchinetti

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  4. Engraçado é, eu ( o tal amigo Márcio) estava depois das tirolesas antes mesmo do show do MotorHead, mas como tinham 3 meninas no grupo, como eu era o maior, ficava protegendo. E com isso fui cansando (sou mais velho que ele) e ficando irritado com os palhaços que vão para arrumar confusão em vez de curtir o show. Como a minha amiga do grupo começou a passar mal, resolvi sair de lá e ir curtir o show do Metallica com calma, lá da lateral, nem tão longe nem tão perto. Tenho uma certa inveja das palhetas, mas sei que curti o show melhor que o Kiko porque não tinha empurrão e nem ninguém na frente.

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  5. Caraca Kiko! Acho que agora voce mostrou que é o SUUUUUUUUPER VELHO! ahahahaha, só com super poderes voce pegaria as palhetas. Pegou taí! valeu a experiência. Ótimo texto! Abração!

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