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terça-feira, 18 de março de 2014

Coala Festival - 15/03/2014

O Coala Festival é um festival novo que surgiu em São Paulo este ano. Eu vi muita divulgação dele no Facebook e cheguei a dar uma olhada no lineup, mas confesso que não me animei muito, por não ser muito meu estilo musical.


Na semana do festival recebi um convite para ir e como o Criolo ia tocar e a Marina, a namorada, curte ele bastante, perguntei se ela estava interessada e aceitamos o convite. Fomos também acompanhados da pessoa mais "xovem" que conhecemos, nossa amiga Karinna.

Apesar de uma agenda extensa, inclusive tendo Tom Zé no meio da tarde, só fomos capazes de chegar por volta das 18 horas no festival, que foi realizado no Memorial da América Latina. E a primeira boa surpresa, a chegada estava tranquila, com um estacionamento bem em frente e por apenas R$ 10,00. Considero a boa notícia, além da chegada tranquila, o fato do estacionamento não ter inflacionado seu preço por causa do festival.

Pegamos nossos ingressos e entramos pela entrada principal do memorial, passando por uma exposição (confesso que não sei se é algo permanente ou não), o que já torna a coisa bem mais interessante do que simplesmente um festival de música (vale comentar que na saída, mesmo com muitos saindo ao mesmo tempo, respeito total pelas obras que ali estavam).

Apesar das atrações musicais não serem do meu maior interesse e de me sentir um pouco fora da faixa etária dominante, curti bastante o festival. O local é interessante, quando comparado a locais onde se realizam shows em São Paulo normalmente, pode-se ver uma vista diferente da cidade, com obras de Niemeyer. Estava bastante confortável, isto é, tinha bastante gente, mas ao mesmo tempo, bastante espaço para circular, para ficar a uma distância confortável do palco e fácil para comprar bebida e comida (apesar de alguma fila nos caixas, que eram apenas três, se eu contei certo).

Apesar de ver alguns atendimentos de bombeiros por consumo excessivo de álcool e/ou outras coisinhas, o público estava numa vibe bem legal. Fiquei bastante bem impressionado por ver o público utilizando as lixeiras e vendo bem pouco lixo no chão. E finalmente, o festival possuía uma feirinha mix com alguns produtos e uma área para as pessoas relaxarem com grama sintética, dando um certo espaço para quem quisesse se desligar do festival um pouco, uma vez que a programação era meio longa.

Enfim, uma boa e confortável experiência para quem gosta de música, a um preço bem mais razoável do que aqueles praticados por aí. Começando R$ 80,00 a inteira e finalizando com R$ 140,00, sendo que qualquer um poderia compra meia entrada levando um quilo de alimento não perecível ou um livro. Diante da nossa legislação e da falta de controle das pessoas que podem comprar meia, acho bem justo dar acesso a meia entrada para todo o público.

Mas vamos ao que interessa: a música. Quando chegamos no festival, havia um DJ tocando e estava bem divertido. Na sequência entrou a banda chamada O Terno. Nunca tinha ouvido falar da banda e eles começaram muito bem. Trio, rock and roll, bons vocais e bons arranjos. Os caras terminaram muito bem também. Mas a energia que começa e termina lá no alto, cai um pouco durante o meio do show, fazendo com que ele fique meio chato. Mas achei a banda uma grata surpresa e poderia vê-los de novo.

Deixo os comentários para a versão de Vinícius de Moraes feita por eles (vídeo abaixo), que poderia até ser um pouco mais pesada, na minha humilde opinião (para descaracterizar um pouco mais a música, mas o objetivo deles poderia ser outro, certo?), e para o fato deles terem feito o público todo deitar no final do show. Mostra que eles conectaram bem a galera.


No intervalo acredito que quem estava nas pickups era o Davida Buscavida, que já vi em outros momentos. Mais uma vez, mandou uma sequência boa de músicas nacionais e suas versões tradicionais, como Beasty Boys com sampler do Bob Marley. Sempre bom para dançar.

Sobre a Trupe Chá de Boldo, não tenho muito o que dizer. Não gostei do som, não prestei atenção e aproveitei para dar uma volta pelo festival e comer durante a apresentação deles.

No intervalo, não importa que DJ tocou (chamava-se Shaka, btw), mas sim a materalização do Coala, que dá nome ao festival, e que aparecia constantemente nos telões em vídeos e imagens hilárias. O Coala dançou (vídeo abaixo), animou a galera e num material muito bem feito, fez o festival ter uma identidade muito forte, pronto para voltar em 2015.


Criolo
E finalmente, o Criolo entrou para fechar a noite. Eu, que não sou fã, já vi três shows dele e este, seguramente foi o melhor.  Mais melodia e menos tons agressivos, o que me agrada mais. Apesar da bateria caindo as vezes (e deu para ver que a banda sentiu isso também), o som estava bom e a energia rolou bem legal com o público. Dançamos, cantamos e curtimos bastante. 

A Tulipa Ruiz, que estava no show, foi chamada para ficar no palco na última música. Apenas uma palhinha, bem inha, para botar aquela cereja no bolo. Mas tenho de bater palma, pois parece que o cara está melhorando, desde o setlist, passando pelo figurino e seguramente na forma de se comunicar e falar com o público (e o cara fala bem, viu? Sobre um monte de coisas durante a apresentação). Abaixo o vídeo de 'Samba Sambei' para mostrar que estava rolando legal.


Para completar, saída tranquila, num horário bem razoável e a sentimento de ter ficado feliz por não ter deixado de ir ao festival. O festival tem potencial para crescer, mas desejo não só longa vida a ele, mas que continue confortável e gostoso de aproveitar, como foi em 2014.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

E aí? E o SWU?



O blog vai ganhando seguidores e a pressão de alguns deles que curtem este meu hobby cresce para que os posts sobre os shows não demorem muito. Mas vamos combinar, o SWU teve um bocado de show. Impossível postar tudo hoje...

Para falar a verdade, impossível deveria ser escrever qualquer coisa hoje no estado em que eu estou. Dois dias de festival, dois dias de chuva na cabeça, sendo que o segundo foi especialmente cruel. Primeiro dia das 17 às 2 da manhã. O segundo das 14 às 3 da manhã. Depois no segundo dia dirigir até São Paulo, parar para comer, deixar os amigos em casa, tomar banho... Fui dormir 7 da manhã. Acordei quase 12 horas depois e acredite, tudo dói! Mas vamos escrever e ceder a pressão. E vou te falar: valeu MUITO a pena!

Alguns que leem isso aqui não conhecem, mas em primeiro lugar o SWU foi muito bom pela companhia: Keka (a prima), Henrique (namorado da prima e amigo, não necessariamente nessa ordem, se não ele fica ofendido), Flavia (amante de rock farofa e uma grande companheira de shows) e Andre Mertens (o ruivo companheiro de shows, que se juntou a nós no 2o dia). Algumas participações especiais como Marcio Flavio e Sandro ajudaram a fazer com que os dois dias fossem ainda mais legais. E os agradecimentos não só pela companhia, mas pela máquina que o Mertens emprestou para o blog (uma vez que fiquei sem memória na minha) e a todos por ajudarem a tirar as fotos, fazer os vídeos, etc. Enfim, todo mundo tão empolgado com blog quanto eu.

Mas e o festival em si? Ano passado fui para ver o Rage Against the Machine. O resto me interessava, mas pouca coisa ou o conjunto das atrações não me atraiu. Este ano, pelo contrário, achei algumas atrações muito boas e o conjunto dos dias (salvo algumas exceções) parecia mais interessante para me fazer ir até Paulínia. Nenhuma banda seria uma atração de fechamento em um grande festival, mas eram todas grandes bandas, com história e com público próprio. Logo, acho que para o que o festival se propõe, o festival não deixou nada a desejar em lineup.

Em relação a Paulínia, no começo achei que tinha sido um erro. Ano passado foram 3 dias em Itu e 3 dias de aprendizado. Mudar de cidade, poderia significar começar do zero e ter de aprender tudo de novo, mas acredito que a mudança foi boa. Mais espaço, mais dinheiro (Paulínia tem dinheiro da refinaria e do polo de cinema), mais estrutura e pensamento a longo prazo, uma vez que o convênio para o festival foi assinado por mais alguns anos.

Quando penso em festival deste porte, penso em um lugar grande, alguns locais onde a galera põe suas cangas e toalhas e descansa, pois um festival cansa. A disposição do SWU não permitia isso. Descansar, só nas arquibancadas, lotadas em alguns momentos. Banheiros eram relativamente longe das áreas de maior circulação e os poucos que estavam perto, lotados e sujos! Os locais e a limpeza dos mesmos tem de ser melhorada (tudo bem que na média é tudo assim, mas o Rock in Rio já deveria servir de exemplo).

Os locais de comida também não tinham a melhor localização. Sobre os palcos, todos bem localizados. A exceção era a tenda eletrônica que estava vazando o som para um dos palcos principais, mas sem grandes problemas.

A falta de informação sobre a programação foi um problema. Mais placas com a informação, um guia dado a todos que entravam ou informações no telão entre os shows teriam resolvido isso.

Bebida estava fácil de comprar. Um pouco caro, mas normal. Problemas só no segundo dia, quando os vendedores ambulantes resolveram aumentar o preço em um real e tivemos de discutir com todos eles (a organização não pode permitir isso). A cerveja a 7 reais, com o preço na camiseta deles e eles querendo vender a 8. Pagávamos 7 e pronto! E o vendedor que reclamasse.

Problema sério foi o lixo. Para um festival sustentável, poucas lixeira e toneladas de lixo no chão. Mesmo estimular que o material reciclável fosse colocado numa lixeira a parte, não foi feito. Em um festival na Bélgica que fui, a cada 25 copos de cerveja retornados no bar, dava direito a uma cerveja grátis. Ações assim poderiam ser estimuladas aqui usando toda a questão sustentável por trás. Para o ano que vem mais lixeiras e ações sustentáveis precisam entrar na agenda do festival.

O estacionamento, que só usamos no segundo dia, era perto e organizado (tinha mais de um). Caro, mas como tudo em São Paulo e se você vai com 4 ou 5 pessoas no carro, não é nada de outro mundo para se dividir. Problema foi a saída com a chuva toda e vários carros atolando. Mas acho que ninguém contava com tanta chuva e é aprendizado para o próximo ano (já li em entrevista que de fato vão melhorar no próximo ano e tentar mudar o mês do evento para fugir das chuvas).

Este é o último ponto negativo (e o que mais me deu raiva também). A estrutura da cidade parece ser legal para um festival assim. Vários hóteis, camping (não tenho como opinar sobre isso), restaurantes, supermercados, etc. Mas na noite do 1o dia resolvemos deixar o carro no hotel (que reservamos na semana do festival e foi bastante confortável até) e ir de taxi. A ida foi ok, mas na volta apesar de vários taxis, foi complicado conseguir um. A maioria dos taxis eram de São Paulo ou Campinas, isto é, uma corrida na cidade de 6 reais, eles não faziam por menos de 30 ou 40 reais (eles podem operar em outra cidade?). Conseguimos dois taxis de Paulínia, que só queriam nos cobrar 20 reais pelo trajeto e esquecer o taxímetro (no segundo concordamos, por falta de opção). Mas o pior foi que um dos taxistas me disse: tá achando ruim, reclama ali naquela tenda da Secretaria de Transporte. Então lá fui eu e ouvi do responsável que os taxistas fazem o que querem e quando perguntei se ele não deveria fiscalizar, ouvi: faz o seguinte, volta na quarta e faz uma reclamação formal na prefeitura. Uma pena, pois assim como os vendedores de cerveja que resolveram aumentar o preço, o que vejo é que em vez de deixar uma boa impressão de longo prazo e aproveitar o festival na cidade, o objetivo é de ganho rápido e pouco trabalho no caso do cara da Secretaria de Transporte. No caso dos taxis, acho que a organização do festival não pode se meter diretamente, mas deveria tratar deste tema no convênio que tem com a prefeitura de Paulínia.

Pontos positivos foram: a retirada de ingresso na bilheteria de forma muito fácil. Entrada sem nenhum problema em ambos os dias. Os shows começando muito rapidamente após o fim do show anterior, sem aquela espera agonizante (na verdade, quem queria ver todos os shows, como nós, era quase uma maratona a rotina de pular de um palco pra outro, mas gostamos muito do esquema). Ficamos muito confortáveis em todos os shows! Vi zero de violência (exceção do show do Ultraje a Rigor, mas a violência ficou em cima do palco), apesar de terem dito que no primeiro dia houve assaltos, etc. O público muito diversificado (jovens, coroas, metaleiros, tatuados - inclusive esse da foto que mesmo depois de 12 sessões não terminou o desenho do Kiss, gente que foi lá só pra pegar gente, playboys, gente que só gosta de música), todos se divertindo e com a chance de escolher entre pelo menos 3 atrações simultâneas acontecendo.

Sobre os shows, a partir de amanhã começo a soltar os posts. São muitas fotos, textos e vídeos (que precisam ser editados e carregados no YouTube). Mas sairão todos nos próximos dias. E eu? Gostei? Aguentei? SIM! E faria tudo de novo! Mesmo com toda chuva e cansaço (parece que não estou tão velho assim, afinal). E neste momento estou morrendo de tédio. Tem algum show para ir hoje?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

2005 - Capítulo IV: Meu Primeiro Festival na Europa

Demorei, escrevi sobre "afins", mas estou de volta com os shows de 2005 e muito empolgado depois de ter ganho o ingresso para o show do 'Gotan Project' e ter comprado o do 'Tears for Fears'. Hoje, conto a saga do primeiro festival na Europa e deixarei para um capítulo 5 todos os shows avulsos de 2005 (que foram alguns...).

(Já peço desculpas pelo tamanho do post, mas é tudo uma coisa só! Não dá para dividir este post...)

- Capítulo IV: Meu Primeiro Festival na Europa
Já fazia pelo menos 1 ano e meio que meu sobrenome em São Paulo era trabalho! Fiquei 7 meses trabalhando de casa, onde não havia hora para começar e nem para terminar. Depois começamos no escritório, mas com uma equipe ainda reduzida. Meu primo, amigo, irmão, Marcelo chegou no início de 2005 para dar uma mão e recebi a notícia que era chegada a hora de ir para Portugal conhecer os chefes todos! E olha que convite simpático: vem uma semana antes, tira uma semana de férias, a gente paga o hotel e banca as despesas como se você estivesse aqui a trabalho como recompensa pelo seu esforço no último ano!

PQP, primeira viagem para a Europa, bancada? Partiu Lisboa! Menino deslumbrado com a vida de empresa multinacional tava engraçado! Mas empacotei minhas coisas e parti de VARIG para o velho continente.

Cheguei lá no sábado cedo e parti com todo o guia da cidade de Lisboa preparado para mim pelo ex-morador temporário da cidade, Rafael Ramos. No mesmo sábado de noite saí para jantar com o primeiro chefe que conheci: Ivo Conde (excelente gosto musical e também viciado por shows). Saímos, jantamos, tomamos uma, vimos um jogo de futebol e tudo certo! Deixamos já marcado um almoço na segunda com todos os chefes juntos.

Passei meu domingo passeando também e segunda lá fui eu almoçar com os chefes na Expo (bairro com arquitetura moderna de Lisboa). Estavam lá Ricardo Carvalho, Antonio Santos Silva, Paulo Salgado e novamente Ivo Conde. (Soube semana passada que o que veio a seguir foi planejado por eles pela falta de tempo para me dedicar alguma atenção).

Durante o almoço surge uma conversa sobre o meu gosto por concertos (ou shows no português brasileiro). Comentei sobre um festival que aconteceria enquanto estivesse por lá e que o Jamiroquai tocaria, mas que cairia nos dias em que deveria estar trabalhando. Alguém solta na mesa: e o festival de Paredes de Coura, conheces? Respondi que não e decidimos ver o line up do negócio. Então começam a brotar os nomes: Foo Fighters, Bravery, Kaiser Chiefs, Pixies, Queens of the Stone Age, The Roots, Arcade Fire, Hot Hot Heat, Futurehead, Nick Cave, Juliette Lewis, The National e mais alguns outros... PIREI!!! E olha que maravilha: o festival rolava de 3a a 5a da semana que eu estava de folga! Ok, PARTIU PAREDES DE COURA! Mas, como se chega lá mesmo?

Meus chefes, na adrenalina de se livrar do brasileiro para o qual não tinham tempo resolvem o seguinte: almoço no dia seguinte, Paulo Salgado te empresta uma tenda (ou barraca no português brasileiro) e um saco de dormir (esqueci como eles chamam isso, mas acho que usam outra expressão) e (atenção a este E) vamos alugar um carro para você ir dirigindo e mais confortável até lá. PAUSA: menino deslumbrado com a vida trabalhando numa multinacional, primeira viagem para a Europa, festival cheio de nomes internacionais e mais uma vez vou pagando de gatinho com carro alugado! BRING IT ON!

E na terça-feira, depois do almoço, 16 de agosto de 2005, verão português, saí eu dirigindo pelas estradas muito bem pavimentadas em direção norte para Paredes de Coura! Comecei tranquilo, pois tinha uma tarde toda e estava aproveitando para observar tudo, mas de repente me lembrei que os shows começavam cedo e eu tinha um objetivo! Comecei a acelerar mais e no final da tarde, depois de alguns vacilos ao sair da estrada principal, estava em Paredes de Coura. O lugar é uma vila (será que tudo isso?) no meio do nada e a sensação é que sempre estava na estrada errada, pois não parecia estar indo a um local onde aconteceria um festival daquele porte.

Bom, ali estava eu e a Espanha a menos de 50km de mim! UAU! E aqui começamos uma série de coisas no mínimo engraçadas!

1) Buscar estacionamento para o carro: fiquei passeando e achando que as coisas tinham negociação! Negão, paga, larga o carro e fica feliz! Então achei um que fui com a cara mais ou menos e o Peugeot 206 estava seguro.

2) Comprar ingresso: cheguei na hora e comprei logo um passaporte para os 3 dias por 80 euros! DE GRAÇA se comparado aos preços de shows no Brasil. Fiquei todo feliz e coloquei minha pulseirinha (que tirei somente semanas depois que voltei de viagem achando mesmo que tava abafando com aquilo) que garantia meu livre acesso aos shows e ao camping.

3) Montar a barraca: então é isso, eu nunca tinha acampado na vida! Cheguei tarde e já quase não havia espaço. Um português que chegou sozinho junto comigo achou um espaço para a sua barraca gigante e eu descolei um espaço ali perto também e comecei os trabalhos. Mas tipo, como monta esta merda? Pagando de quem manjava muito, comecei a observar o português ao meu lado e a medida que ele ia montando seu castelo em forma de tenda, eu ia copiando e entendendo como cada peça daquela se encaixava. Depois de alguns minutos, meu quarto estava pronto! Tudo bem que algumas peças da montagem sobraram, mas o importante foi que a barraca ficou em pé e funcionando perfeitamente dali em diante.

4) Cerveja e show: fui ao espaço reservado aos shows e era um anfiteatro natural com o palco lá embaixo. SENSACIONAL! Os baixinhos como eu agradecem!

Para mim o festival começou com Kaiser Chiefs! No primeiro pulo o vocalista torce o pé! Passa o resto do show mancando e eu só conhecia uma música. Saí dali conhecendo várias que baixei depois. Bom show! Era só o começo! (só escrevendo me toco de como uso tão repetidamente o ponto de exclamação e as reticências)

Segundo show da noite: The Bravery. The Strokes "wanna be"! Tem um meio brasileiro na banda e uma música meio conhecida. Show ok, mas mais pra chato! Vamos ao que interessa: Foo Fighters! Já tinha visto eles no Rock in Rio e mais uma apresentação de gala! Coisa boa que é ver o show deles!

Ao final da noite uma surpresa: o MxPx que não conseguiu tocar por problemas no equipamento de som, fez um show num palco menor já de madrugada! A galera gastou as últimas energias e depois bora botar caldo verde pra dentro porque tá frio! (você em Lisboa, 40 graus, passando mal de calor e chega em Paredes de Coura e tá frio...minha sorte é que tinha levado um casaco) Fui pra minha barraca e tudo estava lá (calma lá, nego aqui não sai roubando tudo, é Europa! To nem aí, sou brasileiro, e o que é meu ninguém toca). Deitei e chapei!

Dia seguinte acordei com o tradicional forno dentro da barraca! Esse dia vai ser incrível! Ah se eu soubesse... Acordei, peguei minhas coisas e fui tomar banho GELAAAAAAAAAAAAAADO! Então bora se arrumar e dar um rolé! Aí você volta de banho tomado no meio do mato e chega na barraca todo cagado de novo! Muito mirim...

Saí para comer algo e mandei um pão qualquer lá e pedi um suco (na verdade um sumo) de laranja e ganhei algo que tava mais pra Fanta! Fui dar um rolé pela cidade e em 15 minutos já conhecia tudo! E agora, o que eu vou fazer no resto do dia? Deitei na praça e lá fiquei uns minutos! Uma caminhada até o carro pra ver se está tudo bem e volto para a praça! Um hamburguer pra almoçar... Opa, a programação diz que tem jazz na relva (ou na grama, para os brasileiros). Voltei pro camping, comprei uma garrafa de água, deitei na beira do rio e fiquei ouvindo o jazz. Depois de duas horas estava com vontade de dar um tiro na minha cabeça! Eu não aguentava mais estar comigo mesmo! Volta pra barraca, dorme um pouco! Ouço o primeiro barulho de bumbo no palco e saio correndo! Chega de tédio!!!!

Futurehead abre. Hot Hot Heat vem na sequência! To animado! Depois Arcade Fire (já falei no blog sobre o show deles que vi no TIM Festival, mas o primeiro foi aqui e achei MUITO BOM mesmo sem conhecer muita coisa). Entra The Roots e aí o bicho pega! SOM DE NEGÃO!!!! Aí tava na pilha, fazendo amigos portugueses e espanhóis!

Queens of the Stone Age entra e quebra tudo, mesmo com o vocalista sem praticamente poder mexer uma perna! Já tinha visto no Rock in Rio e valeu de novo! Aí entra Pixies, o show que me levou até aquele lugar! Algo clássico, parecendo meio jurássico, que não se tem a chance de ouvir todo dia! Todo mundo na banda bem tiozinho, mas o som bom demais e pesado! QUE SHOW! Sinto uma pena enorme por nunca ter tido a oportunidade de vê-los novamente em um ambiente em que eu estivesse um pouco mais tranquilo, num lugar não tão estranho pra mim.
Acabou, bora pra barraca de novo, pois amanhã tem mais e eu já pensando que diabos eu faria no dia seguinte! Aí vem o fato que tornou o FODA-SE português o palavrão mais divertido de todos os tempos pra mim! (Explicação rápida: a primeira vez que ouvi um português dizendo foda-se, fiquei meio sem graça, pois a impressão que tive é que tinham ensinado o cara a usar o palavrão de forma errada. Depois descobri que era daquela forma mesmo, mas neste festival ainda era tudo recente e eu achava graça de tudo. Exemplo de aplicação do foda-se português: Hoje tá muito quente! Foda-se! / Exemplo de aplicação do foda-se brasileiro: Ele não vem? Foda-se!) Estou deitado e ouço alguém gritar FODA-SE! E começo a ouvir repetições daquilo vindo de vários pontos do camping. Até que aquilo culima num FODA-SE coletivo com todos berrando ao mesmo tempo! Sim, eu ri muito antes de dormir (um dia peça para eu reproduzir isso ao vivo, pois lendo aqui de fato não parece ser tão engraçado).

No dia seguinte acordo, olho pra um lado, pro outro e penso: Nick Cave e Juliette Lewis que me perdoem, mas vou tocar o foda-se (brasileiro) e vou partir! To imundo, não vou tomar outro banho gelado e não tem nada para fazer aqui e não conheço ninguém! Decisão tomada, levantei barraca e mesmo sem comer nada, joguei tudo no carro e parti para o Porto.

(Me desculpem, mas preciso terminar a história toda, mesmo já não existindo shows) Já de volta para a estrada principal vejo placas indicando o Porto. Me meti numa delas, andei por algumas ruas, vi um estacionamento público e joguei o carro. Saí, comprei um mapa e surpresa: estava no centro da cidade! RÁ! Tinha idéia do que gostaria de fazer e então fui direto na catedral. Lindíssima, gostei de conhecer o local! Na saída vejo um trenzinho destes de turistas e quando fui ver o roteiro ia para exatamente todos os lugares que eu queria! RÁ! Comprei o ticket e fui!

A única parada relevante e viva na minha memória foi nas cavas de vinho do porto. Mandei uma degustação sem ter comido nada ainda e saí de lá trilili, depois de ter comprado algumas garrafas. Agarrei um McDonald's porque o homem não tinha comido e estava bêbado. Cidade conhecida mesmo que de maneira express, peguei o carro e parti para Lisboa.

Deixei o carro na locadora e apesar dele estar pago até o dia seguinte, quis logo deixá-lo de volta. Peguei o metrô de volta pro hotel com barraca, saco de dormir, mochila, sujo! Mendigo total! Olhares tortos vinham de todos os lados pra mim! Cheguei no hotel sonhando com um banho de banheira, mas ainda não. Eu larguei tudo no hotel e eles acharam que eu tinha abandonado o barco! Tive de resolver tudo, pegar as minhas coisas de volta e pagar todas as diárias até ali para evitar maiores suspeitas! Aí sim, subi pro quarto e tomei um baita banho.

Lições finais desta aventura:
- Eu não gosto de acampar;
- Eu não suporto ficar sozinho;
- Meus chefes são gente boa demais;
- Faria tudo de novo para ver shows que quero muito ver!