terça-feira, 7 de abril de 2015

Lollapalooza - 28/03/2015

Mais um ano e mais um Lollapalooza. Este ano fica a certeza de que o Autódromo de Interlagos não é o melhor lugar do mundo para o festival, mas está longe de ser o pior, ainda mais com as alterações feitas em relação a 2014, principalmente: a alteração da posição do 3o palco (o Axe), a melhora da sonorização do 1o palco (o Onix) e a remoção dos guard rails para melhor circulação do público. Isso com certeza impactou na aprovação do festival, que foi de 85,3%, de acordo com a Globo.com.

Lollapalooza Brasil
Fora isso, antes de começar a falar de música, algumas críticas ao festival. A primeira em relação ao palco principal, que precisa ter a sua sonorização melhorada ainda mais, uma vez que o som nas laterais e ao fundo são ruins e como são os shows que mais enchem, é preciso revisar este ponto. A segunda refere-se aos mangos (dinheiro fictício usado para adquirir tudo dentro do festival), uma vez que foi feita uma vasta divulgação para comprá-los pela internet e quem o fez e entrou pelo portão T/L teve de andar o autódromo inteiro para sacar as fichas, perdendo um tempo razoável de shows para isso. Os postos de coleta tem de estar em pelo menos 3 pontos do festival, perto de cada palco, se não em ainda mais locais. A terceira crítica refere-se ao staff de ambulantes contratado, que estava cobrando mangos a mais para vender na pista (eu me recusei a comprar, mas vi quem comprou). Deveria haver algum tipo de identificação para fazer algum tipo de reclamação formal e este tipo de comportamento ser evitado. E por último, no segundo dia, quem comprou o Lolla Pass com o MasterCard ShowPass, não conseguiu entrar e teve de entrar em uma fila gigante para conseguir validar o ingresso e como já disse no show do Foo Fighters, não faz sentido usar um método de compra para facilitar a vida e isso dificultar o acesso ao show. Fica a dica, mas vamos ao que interessa.

O Lollapalooza 2015, na minha opinião e deste blog, foi um ótimo festival, com shows bem diversificados em termos de estilos, mas sem nenhum headliner inesquecível ou banda que tenha feito um show inesquecível. Também foi interessante a observação feita pelo Zeca Dom, também colunista deste blog, sobre a falta de guitarras nas novas bandas indie. Uma guitarra distorcida faz falta e quando aparece, os shows tomam outra energia.

E por fim, o festival só foi tão bom, porque quando você curte um evento destes num grupo animado e na mesma pegada, fica muito mais divertido. E por isso, agradeço ao meu grupo, que estava animado e ainda me apresentou artistas novos que não tinha intenção de ver. Vamos aos shows!

Fitz and the Tantrums
Fiz and the Tanstrums
Este Lollapalooza teve um fator positivo, pelo menos para o público de São Paulo, que é o fato da rádio 89FM (a rádio rock) estar tocando pelo menos uma música de quase todas as bandas que tocariam no festival em sua programação. Foi assim que ouvi Fitz and the Tantrums pela primeira vez e curti, pois achei animado, com alguma coisa de B-52's e/ou talvez Erasure. Enfim, música para dançar...

E lá fomos nós, depois de pegar algum trânsito e chegar um pouco atrasados e perder metade do show, ver a primeira apresentação para nós do festival. E foi tiro certeiro: dançando do início (ou do meio) ao fim e eu que não conhecia muito da banda, gostei do que ouvi. O setlist foi:

1. Get Away 
2. Don't Gotta Work It Out 
3. Break the Walls 
4. Breakin' the Chains of Love 
5. Keepin Our Eyes Out 
6. Spark 
7. Sweet Dreams (Are Made Of This) (cover do Eurythmics)
8. Out of My League - tem vídeo
9. Fools Gold 
10. 6AM 
11. L.O.V.
12. The Walker

Os destaques ficaram para 'Spark', que foi bem a música que eles tocaram quando chegamos ao show e já descemos até o palco pulando; 'Sweet Dreams', numa ótima versão da música do Eurythmics; e claro, o maior hit deles, fechando tudo, 'The Walker', que botou TODO MUNDO para dançar.

Além dos dois vocalistas (principalmente a vocalista, super animados), chama atenção os tons do saxofone preenchendo a música dos caras. Show bom para rever em local menor (não fui aos Lolla Parties), pois seguramente vira uma balada completa.


Nem Liminha Ouviu
Já tinha visto a banda do Tatola da 89FM na abertura do show do Bad Religion e desta vez vi bem pouco, pois estava tendo de cruzar todo o autódromo para buscar meus mangos. Como os horários de todos os shows do palco Onix foram alterados no primeiro dia, calhou deles estarem tocando quando passei e com uma grata surpresa: o Clemente dos Inocentes.

Nem Liminha Ouviu
Eu acho bem divertido uma banda de covers do punk nacional e dancei nas poucas músicas que ouvi da Plebe Rude, Replicantes e Inocentes (talvez fosse interessante tocar mais coisas de outras bandas). O setlist foi:

1. A Face de Deus (Inocentes)
2. Luzes (Plebe Rude)
3. Outono 
4. Tão Perto 
5. Armadilha (Finis Africae com Luiza Possi)
6. Pátria Amada (Inocentes)
7. Este Ano (Plebe Rude)
8. Até Quando Esperar (Plebe Rude)
9. São Paulo (365)
10. Surfista Calhorda (Os Replicantes)
11. Nicotina (Os Replicantes)

Já o outro colunista do blog, acha que o espaço de um festival não deveria ser destinado a uma banda que toca versões e sim a alguma banda com trabalho autoral e que esteja precisando de espaço.

Não concordamos nesta, pois mesmo sendo de versões, acho o trabalho dos caras válido. Primeiro por ser divertido ouvir as músicas que você gosta, seja num show solo ou em um festival. Em segundo lugar, porque também resgata parte da memória do rock nacional. Mas numa coisa concordo com o Zeca Dom, precisamos de mais bandas nacionais em horários de maior expressão no Lollapalooza e uma triste constatação: temos hoje poucas bandas de expressão novas. Esperamos que a 89FM e as outras rádios rock do Brasil ajudem criando estes espaços também.

Alt-J
Esta é outra banda que conheci pela rádio 89FM e só conhecia uma música. Ao meu ver, o Alt-J tocou em um palco grande demais para eles, pois eles tem uma vibe muito particular e meio down, fazendo o show ser legal musicalmente, mas bem baixo em termos de energia.

Alt-J
O setlist foi:

1. Hunger of the Pine 
2. Fitzpleasure 
3. Something Good 
4. Left Hand Free 
5. Dissolve Me 
6. Matilda 
7. Bloodflood Pt. 2 
8. Tessellate 
9. Every Other Freckle 
10. Taro 
11. The Gospel of John Hurt 
12. Lovely Day (cover do Bill Withers) - tem vídeo
13. Nara 
14. Breezeblocks 

Perdi eles tocando a única música que conhecia deles, 'Left Hand Free', mas de fato esta música tem uma energia muito diferente do resto do repertório deles. Não foi um show chato, mas ficou meio deslocado no dia.


Kasabian
O Kasabian, para mim e para muitos, fez se não o melhor, um dos melhores shows do festival. Boas músicas, tecnicamente perfeitos, boa energia e mesmo mandando várias do último álbum, o público pulou e correspondeu o show todo.
Kasabian

O setlist foi:
1. Bumblebeee 
2. Shoot the Runner 
3. Underdog 
4. Days Are Forgotten 
5. I.D. 
6. Eez-eh 
7. Club Foot 
8. Treat - tem vídeo
9. Empire 
10. Fire 
11. Stevie 
12. Vlad the Impaler 
13. Praise You (cover do Fatboy Slim)
14. L.S.F. (Lost Souls Forever) 

O guitarrista é uma atração a parte, tocando além da guitarra, sintetizadores, cantando e/ou apenas dançando em cima do palco. Ele busca o público e coloca na mesma energia do show. É um som com mais pegada que as bandas indie, mas ainda com pouca guitarra em alguns momentos. E em outros momentos, fazendo um som mais pra New Order, como pode ser visto em 'Treat' no vídeo abaixo.

Aconselho que caso tenha a oportunidade, que vão ver este show. Vale muito a pena!


Robert Plant
Eu poderia dizer que o Robert Plant, assim como o Alt-J ficou deslocado, mas não é verdade. Apesar do som mais lento, se comparado a outras atrações, o ex-vocalista do Led Zeppelin e a banda que o acompanhava apresentaram um som altamente elaborado, refinado, de bom gosto e recheado de arranjos, riffs, trechos de músicas e músicas completas do próprio Led Zeppelin.

E alguém que cantava e nos apresenta com alguns dos maiores clássicos da história da música, pode tudo. O setlist foi:

Robert Plant
1. Babe, I'm Gonna Leave You (cover da Joan Baez)
2. Rainbow 
3. Black Dog / Arbaden (Maggie's Baby) (Led Zeppelin)
4. Turn It Up 
5. Going to California (Led Zeppelin)
6. Spoonful (cover do Willie Dixon)
7. The Lemon Song (Led Zeppelin)
8. Little Maggie 
9. What Is and What Should Never Be (Led Zeppelin)
10. Fixin' to Die (cover do Bukka White)
11. Whole Lotta Love (Led Zeppelin) - tem vídeo
12. Rock and Roll (Led Zeppelin - bis)

Muito do público que lá estava, foi para ver o artista mais velho do festival, em busca dos clássicos. E quem foi em busca disso, viu o que queria. A banda muito azeitada, deixou por seis vezes a platéia toda em êxtase. E se não se via grandes comoções, air guitar tinha para tudo que era lado.

Robert Plant é um artista que merece ser prestigiado enquanto estiver em atividade, pois sua voz continua inigualável. Uma tunrê com quem sobrou do Led, por favor Mr. Plant?


Skrillex
No Lollapalooza de 2012, indo ver o Jane's Addiction, passei ao lado da tenda eletrônica e vi pela primeira vez na vida o DJ Skrillex e achei de uma energia louca. Por isso, resolvi dar uma olhada na sua performance nesta edição do festival, que desta vez foi em um palco.

A verdade é que via uma multidão dançando efusivamente na frente do palco e não entendia, pois o som do cara ou é complexo demais ou é para outra geração ou é só ruim mesmo. A intensidade e a energia continuam a mesma, mas o som em si não dá para digerir. Se alguém entende o que ele faz nas pickups, por favor me explica.

Para ter uma ideia, olha a quantidade de coisa que ele tocou:

1. Take Ü There (Jack Ü)
2. Airborne (Zomboy)
3. Collard Greens (ScHoolboy Q)
4. Legends (Yellow Claw)
5. All Is Fair in Love and Brostep 
6. Club Action (Yö)
7. Burial (Yogi)
8. Work (A$AP Ferg)
Skrillex
9. Febreze (Jack Ü)
10. Wild (MUST DIE! Remix - Snails)
11. Ragga Bomb 
12. Badman Sound (Doctor P)
13. 7/11 (Beyoncé)
14. Prison Riot (Flosstradamus)
15. First of the Year (Equinox) 
16. Recess 
17. Black Horse 
18. Fat Lip (Sum 41)
19. Turn Down for What (DJ Snake & Lil Jon)
20. Get Low (Dillon Francis)
21. Animals (Martin Garrix)
22. The Crowd (GTA)
23. All I Ask of You 
24. Internet Friends (Knife Party)
25. Recess (Valentino Khan Remix)
26. Spooks 
27. Try It Out 
28. Wild For the Night 
29. Make It Bun Dem (Skrillex & Damian "Jr. Gong" Marley)
30. Blender (Bar 9)
31. On Your Mark (Wiwek)
32. The Devil's Den 
33. Push It (Salt‐N‐Pepa)
34. Harder, Better, Faster, Stronger (Daft Punk)
35. No Type (Rae Sremmurd)
36. CoCo (O.T. Genasis)
37. Circle Of Life (Carmen Twillie and Lebo M)
38. King Of Africa (Douster)
39. Chambacu (Schlachthofbronx)
40. Heads Will Roll (Yeah Yeah Yeahs)
41. We Are Your Friends (Justice)
42. Gonna Make You Sweat (C+C Music Factory)
43. Breakn' a Sweat 
44. Summer (Calvin Harris)
45. Scary Monsters and Nice Sprites 
46. Promises (NERO)
47. Scary Bolly Dub 
48. Ease My Mind 
49. All I Do Is Win (DJ Khaled)
50. Dirty Vibe 
51. Peanut Butter Jelly Time 
52. Guappa (Boaz van de Beatz)
53. Wild For the Night 
54. This Is Why I'm Hot (Mims)
55. Hot N*gga (Bobby Shmurda)
56. Boss Mode (Knife Party)
57. Kyoto 
58. Aerodynamic (Daft Punk)
59. Salt Shaker (Ultimate Saltshaker - Ying Yang Twins)
60. Express Yourself (Diplo)
61. Bangarang 
62. Cinema (Benny Benassi)
63. Clarity (Zedd)
64. Stay The Night (Zedd)
65. Gem Shards (MUST DIE!)
66. Levels (Avicii)

Kongos
Depois de não entender o que o Skrillex fazia, fui ver o Kongos, onde parte da turma estava. E confesso, que mais uma banda que conheci pela rádio 89FM e não tinha gostado muito, fez um show interessante, ainda mais depois de entender que eram todos britânicos criados na África do Sul, colocando um contexto na sanfona.

Um show simples, de uma banda que precisa melhorar ainda, pois o som tem alguns buracos. Mas que tem um repertório interessante, que é capaz de fazer um público razoável pular bastante. O setlist foi:
Kongos

1. Hey I Don't Know 
2. Sex on the Radio 
3. Kids These Days 
4. I Don't Mind 
5. It's a Good Life 
6. Come With Me Now 
7. Come Together (cover dos Beatles)
8. I Want to Know - tem vídeo
9. Take It from Me 
10. I'm Only Joking 
11. Blue Monday (cover do New Order)

Além das músicas já mais conhecidas, 'Come With Me Now' e 'I Want To Know', duas versões marcaram o show. 'Come Together' dos Beatles deixou o público lá em cima entre os dois hits. O show continuou bem, mas terminou em êxtase com 'Blue Monday' do New Order, arrebatando alguns novos (mas não tão jovens) fãs para a banda.

Estes caras ainda tem um bom caminho pela frente, mas o futuro parece ser interessante para eles. E digo, no palco, eles me lembram algo do Kings of Leon, quando os vi pela primeira vez.


Bastille
Outra banda conhecida pela rádio 89FM e com algumas músicas interessantes. O resultado do show já nem foi tão interessante assim.

O setlist foi:
Bastille

1. Bad Blood 
2. Weight of Living, Pt. II 
3. Laura Palmer - tem vídeo
4. Overjoyed 
5. Poet 
6. Things We Lost in the Fire 
7. The Driver 
8. No Angels 
9. These Streets 
10. The Silence 
11. Oblivion 
12. Laughter Lines 
13. Icarus 
14. The Draw 
15. Flaws 
16. Of the Night 
17. Pompeii 

Só vi as quatro primeiras músicas do show e perdi o principal hit, 'Pompeii', que como já esperado ficaria pro final. Sobre a banda, o vocalista tem uma voz bastante interessante, mas o som deles é um pop e achei bem ruim o que ouvi. Sem muita originalidade e meio chato. Bem farofa para dizer a verdade. Não deve merecer uma presença minha em outra apresentação da banda. Quem sabe em outro festival.


Jack White
Jack White seria o Skrillex do rock and roll neste festival, guardada as devidas proporções e importância musical. O que quero dizer com isso é que o som dele também é um tanto complexo. Rock and roll na veia, que assim como o Neil Young, não precisa de um super palco para fazer um grande show. Meio palco da principal plataforma do festival, luz com uma única cor, muita distorção na guitarra, telão preto e branco, muita complexidade nos arranjos e um setlist com clássicos das bandas dele e da carreira solo:

1. Icky Thump (The White Stripes)
2. High Ball Stepper 
3. Lazaretto 
Jack White e banda
4. Hotel Yorba (The White Stripes)
5. Temporary Ground 
6. Weep Themselves to Sleep 
7. Cannon/Dead Leaves and the Dirty Ground/Screwdriver (The White Stripes)
8. Just One Drink 
9. Steady, As She Goes (The Raconteurs)
10. Love Interruption 
11. We're Going to Be Friends (The White Stripes)
12. Fell in Love With a Girl (The White Stripes)
13. Black Math (The White Stripes)
14. Three Women 
15. Missing Pieces 
16. Top Yourself (The Raconteurs)
17. I'm Slowly Turning Into You (The White Stripes - bis) - tem vídeo
18. Would You Fight for My Love? (bis)
19. That Black Bat Licorice (bis)
20. Ball and Biscuit (The White Stripes - bis)
21. Seven Nation Army (The White Stripes - bis)

O que chama mais atenção no show é a quantidade de arranjos, de notas, tocadas não só pelo próprio Jack White, mas toda a banda. A backing vocal, tocando também violino é uma bela adição ao show e dá um tempero especial ao som. O resto da banda, igualmente foda como o Jack White.

A melhor apresentação (ou uma das melhores) para terminar o primeiro dia do festival e mostrar que o rock and roll clássico ainda tem representantes, mostrando que ainda há guitarra no que é feito de novo e nos ajudando a entender o que faltou nas outras apresentações: GUITARRA!!!!!

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