segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Thesaurus : Pop parte 1 - por Zeca Dom


Simon Frith nos apresenta um franco entendimento da música Pop e indústria do Entretenimento: “O Pop é um processo de constante roubo e imitação. Os músicos, compositores e produtores roubam suas idéias e frases misturando convenções e correndo para utilizar o último brinquedo de tecnologia. O Pop desenvolve-se não só pela criação de expressões, mas também por mantê-las no mesmo universo” (FRITH apud MARTIN: 2002, 05). Caracterizar o Pop tão somente como produção de músicas ‘comerciais’ é muito inocente. Existem vários exemplos de músicas e artistas tidos como comercialmente inviáveis, que por truque do destino, caem nas graças do grande público tornando-se Pop no Mainstream. 

Esta é a definição técnica da coisa.

Mas como ela funciona na prática? O Pop tem um apelo óbvio de popular. Mas qual é a ligação entre Elvis, Iron Maiden e Madonna? É o que vou tentar explicar para vocês em uma pequena sequência de artigos.

Hoje, vou falar brevemente do caso do Rock Clássico e de Elvis. Mas durante as próximas semanas, vou detalhar frase a frase desta definição acima. 


A distância de tempo e no espaço deixa mais ou menos um período razoável para entender o fenômeno pop de Elvis na década de 50, já equacionada por muitos autores. Tem uma coisa que muita gente não se pergunta, mas é meio óbvio: como Elvis se destaca no meio destes caras como Jerry Lee Lewis:


Ou outro pianista, Little Richards:


Ou mesmo Bill Halley:


Um outro autor, Paul Friedlander 'mata' a charada e nos dá uma dica de entender o que é música pop: Bill Halley era muito velho; Little Richards era 'negro demais, louco demais' e gay - em uma época na qual discos de negros eram vendidos com capas com pessoas brancas. Ah sim, e Jerry Lee me fez o favor de casar com a prima de 14 anos, no auge do sucesso.

O Elvis? Bem, a cara dele já diz tudo - além de seu imenso talento, sem dúvida: ele é um grande pacote pronto para ser vendido: bonito, branco, talentoso e claro, cantava e rebolava como um negro. Tanto era, que só podia ser filmado da cintura pra cima, em determinada época de sua carreira.


Agora, primeira grande sacada da música Pop: ela é antes de tudo, um produto a ser vendido. E como todo produto, o pacote deve ser bonito, agradável e dentro dos padrões vigentes. 

Falar de música Pop vai tomar algumas semanas. Até lá!

Sobre Covers&Originais: Hey Hey Helen (ABBA - 1975 / Lush - 1990)


Este é um caso interessante, que acontece com muita gente: quando você ouve uma música de uma banda e surpreende-se em saber que ela não só é um cover, um cover improvável e pior, o original é surpreendentemente legal.

Isto certamente aconteceu com fãs de diversas bandas que, em seu desejo de homenagear seus ídolos (ok, ok, as vezes para sacanear mesmo…) eles acabam alavancando as carreiras dos veteranos. Um caso engraçado, por exemplo, ocorreu com o US3 quando do lançamento de seu grande primeiro hit de um grande álbum, Cantaloop (Flip Fantasia - 1993). Pegando sons de uma gravadora que caiu no esquecimento, receberam uma ligação da Blue Note Records agradecendo pelo resgate propiciado pelo mega sucesso do Acid Jazz.


Voltando ao tema de nosso post, o Lush, uma bela banda de belas vozes, e belas guitarras, lança seu álbum, Gala em 1990. O som delas era bem antenado com o momento do Indie rock Inglês - guitarras estridentes, linhas de baixo e baterias em frequência media, não raro usando uma batida dobrada, roubada do funk. Era então a época das guitar bands, contrastando com o Grunge Norte-Americano.


Aí eles me lançam um som bastante divertido no fim do disco - este, no geral super etéreo - que destoava um pouquinho mas nem tanto.


Tal não foi minha surpresa: era ABBA!

Aquele grupo nórdico, para muitos redimensionou o conceito de música pop (vide verbete!) - para desespero dos Beatlemaníacos. Faziam pop do mais puro que se tem notícia. Muitos os conhecem por exemplo, por 'Dancing Queen', mas eles fizeram muito mais. Curiosamente, nem todo ouvinte médio de ABBA conhece 'Hey Hey Helen'. Mas o grupo era tão pop  e ao mesmo tempo tão bem equilibrado, que conseguiram fazer o que muita gente rala pra fazer até hoje: rock n roll básico com guitarras distorcidas. E esta que é a Helen original:


Desnecessário dizer que o ABBA é, para muitos, sinônimo de cafonice. Mas de boa, eles tinham uma pose que nem dava de perceber isso. Aliás, muita gente nos 70s se vestia assim...

Gente, até semana que vem!!!!!!!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Thesaurus: Rock Industrial - por Zeca Dom


Rock Industrial: termo supostamente cunhado pela imprensa norte americana - acusação esta atribuída ao alemão Einstuarzende Neubaten - para designar um tipo especifico de som que preza pela alta tecnologia aliada a instrumentos inusitados; tem vários expoentes de peso, como o próprio Neubauten, Nine Inch Nails, e no caso brasileiro, Vzyadoq Moe.

Em minha opinião, os grupos de referência são:

Einstuerzende Neubauten:


E, necessáriamente, o seu antípoda, Nine Inch Nails:


O Industrial, apesar de ser algo alternativo em termos de sonoridade, fora do mainstream musical, agrega diversos tipos de grupos.

Em casos extremos, o Industrial usa guitarras e peso, como no caso do Filter e o Ministry.

Filter:


Ministry:



Ou de maneira mais espetacular: Ramstein, que deu início a esta matéria.

Alguns grupos tem possuem elementos do som Industrial - samplers, sintetizadores, triggers de bateria e guitarras sintetizadas. Vide Fear Factory:


Ou mesmo o White Zombie:


É nóis! Semana que vem tem mais!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sobre Covers&Originais: Mule Skinner Blues (Jimmie Rodgers and George Vaughan, 1930; The Cramps, 1989) + um Bônus?????


O blues, o country e o Bluegrass fazem parte da receita de um bom Rock. O grande lance desta é a sua longevidade: existem dezenas de versões de 'Muler Skiner Blues' há mais de oitenta anos!

Cada versão destaca mais um dos elementos. A Versão da Dolly Parton por exemplo é um country básico com longas frases agudas.


Eis que então, entra em cena os Câimbras como uma boa banda de psycho, sua versão é mais enlouquecida e bastante divertida. Ao invés dos’ ôôlêiiiriiii!!!!’ clássico do country/bluegrass, Lux Interior escolhe gargalhar à rôdo o destino do trabalhador... Tornando o resultado divertissimo: uma divertida música de bar regada a bourbon...


hahahahahahahahaah!!!!!!!!!!!!!!

Senhores, segue um bônus: 10 Cover Songs Better Than the Originals, um link com um artigo interessante sobre covers que, supostamente, são melhores que os originais.

Fora duas músicas que já foram comentadas nesta nossa coluna, uma menção vergonhosa: 'Bizzarre Love Triangle', versão do Frente! estar como melhor que o original do New Order é um insulto. É uma ótima versão, sem dúvida, mas desconheço versões do New Order melhores do que aquela banda de Manchester. 

Tô doido? Ouve aí então e me conta:


A lista tem outros pontos que eu não gosto, mas este é o grande lance das listas: criar polêmica. Eu também tenho a minha lista dos covers melhores (ou tão bons quanto) os originais. Vou prepara algo para vocês futuramente. 

Abraço!

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Thesaurus: Hardcore – por Zeca Dom


Hardcore: variante californiana do punk rock, dos fins dos anos 70 mas de sonoridade mais agressiva e com o andamento rítmico muito mais acelerado: vide grupos como Dead Kennedys, Bad Brains, Circle Jerks, entre outras. Olha aí o Bad Brains. Vale a pena ver todo o início do show, a galera frequentadora e os incomparáveis negões adoradores de Jah:

O verbete é curto e grosso como o estilo musical: o HC – como é chamado pelos aficcionados, consiste na transmissão da mensagem imediata, urgente. É claro que o estilo adaptou-se aos novos tempos: ouça por exemplo All For Nothing ou IWrestaBearonce. Vamos ver?

Olha aí a holandesa All for Nothing:


E o clipe 'fofo'  do americano IWrestABearonce:


O fato de ser rápido, sujo, agressivo, não significa que eles não tenham senso de humor...

Semana que vem tem mais!