segunda-feira, 6 de março de 2017

Ah o carnaval... de São Paulo

Já são alguns carnavais nas costas. Muitos como folião e alguns tocando. Escrevi nesse blog sobre meu primeiro dia de oficina de percussão, meu primeiro show tocando com o Banga e meu primeiro carnaval tocando também com o Banga.

Mas o carnaval de 2017 foi especial. Não me perguntem o porquê... Mas eu senti isso desde o início de janeiro. Talvez pela proporção que o carnaval tomou, talvez pelos laços que se criaram ou se fortaleceram, talvez pelo trabalho que deu. Talvez por outro motivo também, mas quem passou o carnaval em São Paulo sentiu. Conto um pouco do que eu vi, já que é para isso que este blog serve.

Kid Vinil no show do Chega Mais na Trash 80s
Dia 14/01 abrimos a maratona carnavalesca com um show do Chega Mais no Aurora. LOTADO. Sensação de dever cumprido com todo mundo cantando junto. Dia 24/01 o Chega Mais realizou um sonho de tocar na Trash 80's e com ilustre presença do Kid Vinil. Um marco para um projeto despretensioso, mas que estava tocando com um ícone da música nacional dos anos 80. Ao meu ver, mais um objetivo atingido com gente feliz, dançando e cantando junto do bloco.

Dia 25/01 tem a tradicional festa de pré-carnaval do Banga. Tão para cima e animada que me fez desistir de sair do bloco na temporada 2017/18 (sim, eu estava considerando!). Mais do que entregar a nossa missão de fazer gente feliz, eu fui muito feliz ali dançando junto com a minha fileira como poucas vezes (e olha que eu danço até em ensaio). Caiu a ficha de que o carnaval estava chegando.

Banga na festa pré-carnaval
Aí veio dia 11/02. O tradicional desfile do Banga, neste ano em um formato diferente. Em um local fechado, sem esperar pela prefeitura para fazer a coisa acontecer, já que no último ano a desorganização prejudicou o bloco. Deu certo: lotado, baita apresentação da bateria, muitos sorrisos e muita energia de batuqueiros e público. Deu errado: lotado, muita gente pulou a grade, não conseguiu entrar, lotou. Muita gente reclamou, principalmente nas redes sociais. Aí aconteceu a primeira mágica do carnaval e em uma mobilização de blocos, milhares de comentários lindos surgiram, atestando o que a gente já sabia, que a Oficina de Alegria, produtora do Banga, sempre faz tudo lindo e se algo não funcionou desta vez, foi tentando acertar. E foi aí, depois de alguns anos, que percebi de verdade, que no carnaval, somos todos um só.

Chega Mais na festa Javali
Dia 17/02 o Chega Mais tocou na festa Javali e pelo tamanho da festa esperávamos algo muito bom. Mas foi melhor que o esperado, com nosso primeiro show com bateria microfonada e técnico de som. Melhorando nossa qualidade técnica, ficamos ainda mais orgulhosos do resultado final, mais seguros e mais alegres. É indescritível a sensação de ver gente pulando de felicidade por causa daquilo que você faz parte. Nunca conseguirei descrever, eu acho.

E nesse meio tempo veio a segunda demonstração de que somos todos um. Uma brincadeira. Um baita movimento de tantos amigos para eleger a musa do carnaval. Para o Chega Mais uma divulgação enorme; para quem votou, um gesto de carinho e amizade. A Camila agradece. O bloco inteiro também.

Musa do Chega Mais. Musa do carnaval de rua de SP!
Com o primeiro fim de semana oficial de pré-carnaval teve bloco pequeno, bloco grande. Mas o principal é que teve tanto carinho ao chegar nos blocos, teve tanto abraço por conhecer tantos batuqueiros que estavam ali tocando e mestres e teve tanta gente na rua, que a sensação que me deu é de que todo bloco é uma extensão de outro. Onde um termina, começa outro...

Chegou o carnaval e teve show do Chega Mais no Pasquim dia 25/02, meu aniversário, com problemas de áudio e o nosso mestre e trio de metais mostrando que música é música. E na hora que acontece uma conexão entre público e "artista" (entre aspas, pois a gente só quer levar alegria e não ser artista) está pulsando, a única energia que falta é a elétrica. O resto compensa. Foi verdadeiramente épico!

Dia 26/02 o Chega Mais foi convidado para entrar na casa da Confraria do Pasmado e em 45 minutos, como numa corrida de 200m rasos, fizemos o nosso melhor. Foi a primeira vez que como bateria ficamos em cima do palco e assim presenciar daquela vista privilegiada a explosão de energia que somos capazes de causar.

Bloco Não Serve Mestre
Dia 27/02 foi lindo ver a musa do Chega Mais, carimbando seu novo amor pelo Não Serve Mestre. Mas a vocalista tem dois blocos e ama os dois? Olha, não é só ela! A maioria de nós é promíscuo e tem vários amores. E mesmo debaixo da árvore, foi lindo o show deste bloco que a gente vê nos olhos do "Presida" que é forjado em amor e suor, como vários outros. E ainda teve o Me Lembra Que Eu Vou, com sua bateria colorida e sua mestre linda e sorridente (Sil você é foda!). Como a Confraria do Pasmado onipresente, o dia terminou ao som da bateria impermeável e mais sorrisos de vários, mas menção honrosa ao mestre DX. Olho no olho, sorriso sincero ali tem. É muito carinho recebido, mas também muito para distribuir.

Dia 28/02 foi o último dia oficial do carnaval. Um dia de aprender a receber carinho. Um dia de entender que cidades do interior gostam de se divertir e não tem vergonha de demonstrar emoções. Guaratinguetá, vocês mostraram ao Chega Mais que diversão não tem idade e que o carnaval do interior tem tanta ou mais energia do que o de qualquer outra cidade. E cada agradecimento e pedido de foto foi uma certeza de que a gente é que deveria agradecer vocês. Thaisa, a doida que nos convidou para essa aventura pela segunda vez, nos proporcionou um pouco da certeza de que a gente está fazendo algo certo. Obrigado!

Todo mundo junto e misturado. Te Amo...
Mas Só Como Amigo
Começou o último final de semana do carnaval ou o pós carnaval e dia 04/03 teve arte em forma de batucada do Batucalacatuca e nosso eterno mestre Dudu Fuentes mostrando a beleza do seu novo trabalho. Oficina Dudu? :) Depois teve a Orquestra Voadora num alto astral em forma de música, fantasias, performances e discursos, que eu acho que o paulista que viu, se não conhecia, foi hipnotizado. Que voltem ambos muitas vezes. 

E aí a Xuxa do Chega Mais, Gabi, e uns amigos montaram um bloco que para mim resumiu a energia desse carnaval. Todo mundo junto e misturado tocando, pulando, cantando, sorrindo, bebendo. Cada um tem o(s) seu(s) bloco(s) e todos juntos se amam (Te Amo)... Mas Só Como Amigo. Acho que o público gostou. Mas o pessoal dos blocos amou! rs

O Chega Mais foi o último gole de carnaval (pelo menos para mim). E foi lindo... Por que? Porque eu amo esse bloco e o seu repertório. Porque eu sei o trabalho que deu para chegar ali. Porque eu não só toco feliz, como eu vejo muita gente feliz ao meu redor. Porque eu vejo muita gente chorando emocionada. Porque eu vejo muitos amigos, de blocos ou não, divertindo-se do lado de fora. Porque foi nosso melhor show da temporada. Porque tivemos um bom som. Porque nossa harmonia estava redonda. Porque nosso mestre elevou a qualidade da bateria. Porque tivemos uma boa estrutura. Mas principalmente porque tivemos juntos o momento que justifica todos os ensaios, shows, conversas e esforço do ano. Sempre é legal. Mas este ano, foi especial... 2017!

Objetivo alcançado: felizes!
E não sei se isso já era claro para todo mundo, mas para mim só fez sentido agora. Não importa se você toca ou só vai ver o Chega Mais, o Banga, o Quizomba, o Monobloco, Os Capoeira, o Te Amo... Mas só Como Amigo, o Não Serve Mestre, a Confraria do Pasmado, o Urubó, o Besta É Tu, o Jegue Elétrico, o Me Lembra Que Eu Vou, o Casa Comigo, o Tarado Ni Você, o Bloco do Síndico, o FrancisKryshna ou qualquer outro bloco. O que importa é que estamos juntos nessa. Para mobilizar, para ajudar, para alegrar.

Há quem diga que carnaval em um país em crise não faz sentido. Eu acho que faz ainda mais! Ninguém vive só em crise. O carnaval gera renda. O carnaval de SP usa pouco ou quase nada de dinheiro público. Mas o mais importante, o carnaval leva alegria, felicidade e distribui carinho, coisas que talvez não sejam mensuráveis, mas que seguramente fazem toda a diferença na vida das pessoas.

Que venha 2018!

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