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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Valeu Pumpa!

Eu comecei este blog para dividir minhas experiências em shows, incentivado pelo meu professor de bateria, Sandro Grineberg. O nome do blog veio da vontade de escrever não só sobre shows, mas de música em geral e outros temas que eu ache relevante (política, por exemplo, como já foi o caso). Hoje vou aproveitar os "afins" do blog para escrever sobre a minha vida.

Tem sido um exercício constante me expor desde que criei este blog. Difícil, assim como pra mim é muito difícil chorar na frente dos outros. Mas tem momentos em que não há como segurar, como por exemplo no velório e na cerimônia de cremação da minha tia Helena (Pumpa, para os íntimos) este final de semana.

A Pumpa não foi só uma tia! Foi quase uma mãe! Quando era pequeno, ao chegar no Rio, queria ir logo dormir na casa dela. Minha tia que deixava tudo (na casa dela tinha piscina, sauna e a gente podia comer o que a gente queria). Depois do meu avô falecer, ela era quem me levava para a praia. E isso não era só comigo. Eu, meus irmãos e primos aproveitávamos aqueles momentos sempre juntos! Como era bom...

Lembro de aproveitar cada segundo com ela. Era viver minha infância intensamente na companhia dela, com tudo aquilo que nem sempre podia ter em casa. Naqueles tempos, colecionadora de discos de vinil. E lembro de músicas que marcaram essa época: 'Vem Chegando o Verão' com a Marina, 'Save a Prayer' com Duran Duran, muito Leo Jaime e rock nacional.

Anos depois, Pumpa, junto com a minha mãe e meu tio Carlos, levou todos os primos (na média com 10 anos de idade) para o Rock in Rio 2. 'All Around the World' com a Lisa Stansfield, 'Groove is in the Heart com Dee-Lite e 'Freedom 90' com George Michael eram as músicas que queríamos ouvir naquela noite. Quem mandava nesta época eram Guns n' Roses e Faith no More. Sim, Pumpa me levou nos meus primeiros shows.

Anos depois, a Pumpa me deu meu primeiro emprego em 1999. Organizando o arquivo morto da empresa onde ela trabalhava, montando estantes e dando ordem em um bocado de papel. Durante um destes dias de trabalho, ao lado dela, soube que havia passado no vestibular. Ela foi a primeira pessoa a comemorar comigo.

O dinheiro ganho neste trabalho, me permitiu comprar os meus primeiros CD's frutos do meu próprio esforço: Smash Mouth, Korn e Jamiroquai. Dias depois, Pumpa foi a primeira pessoa que me emprestou um carro para que eu saísse por aí sem supervisão e lá fomos eu e meus primos para o show do Jamiroquai (meu primeiro show que fui dono do meu próprio nariz desde o momento em que saí de casa, até o momento em que voltei pra dormir).

Comecei a faculdade, comecei meus estágios, morei nos EUA, me mudei pra São Paulo, troquei de emprego. Em todos estes momentos ela me deu força. Foi minha consultora nos momentos de dúvida sobre que decisão tomar, juntamente com meu pai. E SEMPRE ACREDITOU EM MIM! Sempre que eu tinha dúvidas sobre meu futuro profissional, começava a me apresentar como um grande profissional aos contatos dela, que renderam diversas entrevistas.

E essa confiança e apoio durou até os dias em que ela estava internada, já lutando contra o câncer que a levou na última quinta. Uma pessoa muito querida, que recebeu muitas visitas e mesmo eu estando longe, ela não deixava de falar de mim e volta e meia eu recebia um SMS dela falando para que eu enviasse meu CV para fulano ou ciclano, pois estavam esperando.

Por todo o carinho, confiança e suporte, receber a notícia da morte dela não foi fácil. Mas ao mesmo tempo, um alívio, pois esse tal de câncer, como bem disse uma amiga, não só mata, mas tira a dignidade da pessoa. E eu não queria mais vê-la sofrer ou ouvir relatos do sofrimento dela.

Vai ser difícil? Vai ser muito! Mas a vida segue e por causa de muitas coisas que narrei acima (e muitas outras coisas), que confesso que só lembrei por causa deste texto, quando lembrar dela, vou sempre sorrir! E as lágrimas que caíram e que por acaso vierem a cair ainda, serão sempre de felicidade pelo privilégio de ter tido a Pumpa como minha tia! Ou quase uma mãe!