segunda-feira, 25 de maio de 2015

Madeleine Peyroux - 20/05/2015

O bom de ter uma mulher com um gosto diferente do seu musicalmente (apesar das várias coisas em comum que gostamos), é que ela te apresenta oportunidades para se ver um show que você não considerava. Aí você vai, gosta e baba. Assim foi o show do Madeleine Peyroux na Sala São Paulo.

Série Música para Cura da TUCCA (informações
no link no texto ao lado)
Em primeiro lugar, vale citar que o show foi realizado dentro do projeto "Música pela Cura" da Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes do Câncer), que há mais de 10 anos produz este projeto como forma de sustentar a associação. A série de shows, financiadas através de patrocinadores pela Lei Rouanet, reverte toda a renda obtida em cada apresentação para o tratamento das crianças e adolescente com câncer.

Centro Cultural Júlio Prestes

Todas as apresentações desta série são feitas na Sala São Paulo, que fica no Centro Cultural Julio Prestes, no centro de São Paulo.

Antiga estação de trens da Estrada de Ferro Sorocabana, hoje aloja aquilo que dizem ser uma das salas com melhor acústica do mundo para concertos.

Pessoalmente, foi a primeira vez que fui ver uma apresentação nesta sala e além da beleza estética do local (para quem gosta de edifícios antigos e aprecia a beleza de um em bom estado de conservação, é simplesmente demais), a beleza acústica de uma apresentação ouvida neste espaço é especial, com uma claridade de sons muito definida.

Para mim, a acústica de salas assim sempre foi apreciada ouvindo sinfonias. Não que eu goste, mas meu pai me levou em algumas e passei a admirar a qualidade dos músicos e do som em locais assim. Ouvir essa mesma qualidade impressionante e uma apresentação de um estilo musical do qual gosto mais, foi de fato uma experiência única.

A estrela da noite, Madeleine Peyroux também foi uma novidade para mim. Confesso que não sabia o que escutar até ver o setlist do programa, quando fiquei realmente animado.


Blues, jazz, muitas boas músicas, diversos compositores sensacionais, incluindo Robert Johnson que gosto muito. Somando-se a isso as músicas próprias da cantora e algumas performances extras em francês, durante a parte solo do show e no bis, o que se pôde ouvir foi um trio (no contrabaixo Barak Mori e na guitarra Joe Herington) que sabe o que faz.

Madeleine Peyroux e sua banda acompanhante na
Sala São Paulo
A acústica, o silêncio do público e a concentração dos músicos criaram uma atmosfera de quase hipnose durante o show. O talento do trio era de cair o queixo. Madeleine encantava com a sua voz e sua mão leve nas cordas. Barak Mori faz uma base sólida no contrabaixo. Agora Joe Herington tocou um dos sons mais limpos e lindos que já ouvi, elevando a guitarra a um patamar clássico que eu nunca havia considerado. Cada nota podia ser ouvida claramente e a impressão é de que ele não errava nada (nenhuma nota, nenhuma corda sem querer)... Coisa linda de se ouvir.

Madeleine tem uma leveza na sua voz, na sua arte. Ao mesmo tempo, enquanto fala com o público em português, fala das suas composições de amor, sobre a tristeza e sobre o álcool e ri de alguma forma como a Ângela Rô Rô. Uma figura que mostra leveza e um certo peso na forma de levar a vida ao mesmo tempo. Figura curiosa! E lendo sobre sua história, o nome francês, a criação nos EUA, seu início de carreira, sua genialidade e medos, muita coisa fica mais clara.

Independente desta dualidade, seja ela uma coisa ou outra ou ainda este mix que eu vi, pôde presentear a todos que compraram ingressos para ajudar os jovens da TUCCA com sons lindos, leves, claros e até, porque não, emocionantes. Que delícia de música!

Abaixo um vídeo com uma das versões tocadas por ela mais conhecidas do grande público: 'Dance Me to the End of Love', de Leonard Cohen.


PS: não deixem de conferir as apresentações que ainda ocorrerão na série "Cura pela Música" da TUCCA, que ainda terão performances bem interessantes.

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